Confessions
(Kokohaku, 2010)Drama/Suspense - 106 min.
Direção: Tetsuya Nakashima
Roteiro: Tetsuya Nakashima
Com: Takako Matsu, Masaki Okada e Yoshino Kimura
Pretensioso e brega, Confessions é um dos piores filmes do ano. Recheado de imagens que tentam emular poesia e com uma trilha sonora absurdamente infeliz, o filme de Tetsuya Nakashima é um enorme abacaxi. Mais incrível é que um país de cinematografia tão interessante como o Japão, indique essa bobagem para concorrer a uma vaga ao Oscar, fazendo crer que para o pessoal de lá esse filme é verdadeiramente bom.
Nakashima é pretensioso desde a saída, mais isso só começa a incomodar de verdade quando as múltiplas histórias "confessionais" são misturadas.
Acompanhamos a história de Moriguchi, uma professora que no último dia de aula reúne seus alunos para um discurso final que revela ser muito mais importante do que o trivial: "tchau e boas férias".
O primeiro ato, um falatório da professora e personagem principal Yuko Moriguchi, é até interessante, mais pelas idéias do que pela forma aborrecida e cansativa que o filme foi montado. Outra questão - e um incomodo pessoal de anos - é a falta de amor próprio e constatação de que os japoneses se enxergam como eternos sofredores. Invariavelmente muitos de seus personagens encaixam-se no binômio: gente revoltada e frustrada ou excessivamente alegre, reverente e abobalhada.
O mestre Ozu não seguia essa cartilha, assim como Kurosawa, Nishima, Mizoguchi entre outros. A idéia era mostrar a melancolia japonesa inserindo-a em contextos mais amplos e inteligentes, sem apelar para esse clichê de mangá.
O que vemos em Confessions são uma série de personagens idiotizados e prepotentes. A personagem principal Moriguchi é a única que vale a pena prestarmos atenção. Depois do falatório interminável - que deveria ter sido limitado a uns bons minutos a menos - ela revela que a morte de sua filha (conhecida dos personagens, mas não do público, revelando-se como uma surpresa) não fora acidental e que a culpa é de alunos da classe para qual ela vinha fazendo esse monólogo.
Na esquizofrenia que segue, Nakashima mistura filme de vingança pura e simples com "estudo" de personagem. Quer explicar os motivos para uma geração de japoneses serem tão recalcados e apresentarem tantos problemas emocionais, embalado em um contexto kitsch, trilha sonora americanizada (e que não faz o menor sentido) e uma edição que só atrapalha.
Tomemos como exemplo, o mais gritante deles: um determinado personagem chocado com uma revelação se transforma em um "quase bicho", e no momento de sua confissão, o filme mostra o cuidado de seus entes queridos para tentar entender suas atitudes radicais. Uma delas é limpa-lo enquanto dorme, para cuidar de sua saúde, possivelmente prejudicada pela atitude anti-higiênica. Quando o personagem percebe essa situação, enlouquece e o filme transforma o surto em pastiche. Câmera que entra em zoom extremo, trilha engraçadinha, efeitos de fast foward. Um exagero só.
Triste é constatar que a idéia por trás dessa bobagem não é todo ruim. Uma vingança cruelmente orquestrada por uma mulher destroçada pela morte de sua filha. O problema é a forma obtusa que é conduzida. A idéia de vermos as confissões de cada um dos personagens mais importantes além de não funcionar, quebra o ritmo da narrativa. As histórias se misturam e isso não acontece de forma orgânica, outra falha da montagem e da direção.
Confessions é uma idéia batida, mas que funciona se bem realizada, que no caso de Nakashima foi submetida a uma estética exagerada e sem razão de existir. Na tentativa de criar poesia com imagem e misturá-las a história de perturbação de seus personagens, não conseguiu nem uma coisa nem outra.
De poesia não se encontra nada, e a possível perturbação dos personagens ficou diluída na bobagem visual apresentada.
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