Frankie & Alice
(Frankie & Alice, 2010)Drama - 101 min.
Direção: Geoffrey Sax
Roteiro: Cheryl Edwards, Marko King, Mary King, Jonathan Watters, Joe Shrapnel e Anna Waterhouse
Com: Halle Berry e Stellan Skarsgard
Halle Berry levou um careca dourado há alguns anos por A Última Ceia, um filme forte onde a atriz ficava nua tanto física quanto mentalmente (principalmente). Sua entrega foi responsável pela premiação e depois disso (como parece ser uma praga para as ganhadoras do prêmio) passou anos entre produções b e filmes medianos.
Então, ano passado, ela estrela Frankie & Alice, num papel com cara de "Academy Award nomination". A história talhada para uma interpretação grandioquente é uma escolha sempre óbvia para a premiação.
Ela vive Frankie, uma sexy stripper na Los Angeles dos anos setenta. Ela usa - e não tem traumas com isso - seu corpo como arma de sedução e como profissão.
Frankie tem súbitos "apagões" e num desses acorda num hospital, onde é examinada pelo doutor Oswald (Stellan Skarsgard), um professor universitário que há anos não clinica. Oswald é psiquiatra e percebe que Frankie talvez tenha algum distúrbio e força uma situação que faz de Frankie sua paciente e começa a tratá-la.
Descobre-se (e isso não é segredo, pois o trailer entrega) que Frankie sofre de múltiplas personalidades, dando espaço a interpretação de Berry que tem que criar diferentes personas para amparar sua personagem.
O problema é que Berry mostra-se aqui, uma atriz esforçada e só. Uma das personalidades emuladas nos causa risos graças à inflexão exagerada criada pela atriz. Em outra Berry modifica o sotaque (de forma razoavelmente convincente), mas apela para um "truque da sobrancelha" que, apesar de identificar a personagem de imediato, também causa risos, pois Berry exagera nas caras e bocas mantendo a mesma feição a cada vez que sua nova personagem surge.
O roteiro é esquemático (e escrito por um colegiado, o que geralmente não é bom sinal) e apela para a sequência: médico engajado+paciente que dá pena+tratamento+revelação+ “renascimento". Claro que o filme é baseado em fatos reais, outra marca das indicações a prêmios, um dos motivos para que um filme assim seja produzido (e que obviamente serão violentamente negadas por Berry e equipe caso forem perguntados a respeito).
Fica claro que essa foi a idéia, saiu pela culatra sendo lembrada apenas pelo - hoje - decadente Globo de Ouro, que indica até O Turista como melhor filme. Todos os clichês inodoros e indolores do filme baseado em fatos reais estão presentes e isso só prejudica a idéia de Berry e a história sofrida (impossível negar) da stripper Frankie.
Greoffrey Sax, diretor do medíocre Vozes do Além, usa a câmera de forma comum e não se arrisca fazendo nada que fuja da cartilha do drama óbvio de superação. Não existe nenhum tentativa de ser um pouco mais ousado, nem mesmo a reconstituição de época é mais apurada, jogando muito da responsabilidade na trilha sonora que resgata sucessos do período.
Frankie & Alice padece do mal do Oscar. Aposta-se demais numa história real e nos dramas de superação e esquece-se do primordial numa situação dessa: boa história.
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