Fotograma Digital

Bebês

(Babies, 2010)

Documentário - 79 min.

Direção: Thomas Balmès
Roteiro: Thomas Balmès e Alain Chabat



Impossível não assistir Bebês com um gigantesco sorriso no rosto. A idéia genial de acompanhar o crescimento de quatro crianças ao redor do mundo, além de funcionar de forma antropológica - mostrando ao mundo as diferentes e por vezes chocantes realidades de quatro povos completamente diferentes - consegue entreter por mais de uma hora e meia, sem utilizar sequer uma fala, deixando claro que cada bebê será fotografado como um indivíduo diferente e que sua visão será o que moverá a produção.


Partindo da Namíbia, Tóquio, Mongólia e São Francisco, a produção acompanha o primeiro ano de crianças tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais em suas reações frente a suas realidades e suas primeiras descobertas.


Se virmos à garotinha em São Francisco entediada com uma aula de ginástica, a garotinha em Tóquio se enfurece por não conseguir decifrar o mistério por trás de seu brinquedo e a garotinha na Namíbia investiga interessadíssima a reação de um cachorro ao enfiar sua mão dentro da boca do mesmo, enquanto o garoto na Mongólia persegue incessantemente todos os animais ao seu redor.

São em momentos assim que Bebês ilumina a tela. Apostando em uma trilha sonora deliciosa (composta por Bruno Coulais de Coraline) e fotografando cada região do mundo com respeito e entendendo suas diferenças, Bebês consegue tirar um sorriso de todos os que assistem ao filme e ainda mostra que apesar das gritantes diferenças entre os países percorridos pela produção, no fundo cada um de nós busca as mesmas coisas quando estamos enfrentando nossos primeiros contatos com o mundo. Somos curiosos sobre cada coisa nova que nos cerca e sabemos prestar atenção aquilo que nos parece interessante e diferente.


A fotografia de Bebês é dividida por quatro, já que por mais de um ano, cada equipe teve de acompanhar individualmente cada uma daquelas crianças. Jérôme Alméras, Frazer Bradshaw, Steeven Petitteville e Eric Turpin consegue um resultado sublime a partir da mudança da paleta de cores com quem fotografam o mundo a seu redor. Se o calor da África deixa o bebê da Namíbia emoldurado em tons avermelhados, o da Mongólia aproveita da natureza a seu redor para ser fotografado em tons de verde e azul, enquanto os dois bebês das metrópoles têm a cidade e suas muitas cores como fundo para suas aventuras.

A montagem de Reynald Bertrand e Craig McKay é incrivelmente feliz. Consegue selecionar momentos impressionantes das crianças, e uni-los dando uma coerência narrativa as imagens, montando-o como um filme de ficção, ou mesmo um documentário mais tradicional, interligando as histórias e as crianças montando um grande panorama que funciona como um roteiro que o espectador consegue perceber, a partir das reações de cada criança.


Temos o nascimento, a relação mãe e filho, as primeiras descobertas, as aventuras, as manhas, culminando nas primeiras grandes vitórias (simbolizadas aqui pela cena final que é absolutamente impressionante por sua simplicidade e força).

Bebês não pretende ser nada mais do que um retrato fiel (na medida do possível que essa palavra pode ser empregada) da realidade da vida desse pequeno serzinho que começa a dar seus primeiros passos nesse planeta.