A Escolha Perfeita
(Pitch Perfect, 2012)
Comédia - 112 min.
Direção: Jason Moore
Roteiro: Kay Cannon
com: Anna Kendrick, Brittany Snow, Skylar Astin, Ben Platt, Anna Camp, Rebel Wilson
Você gosta de
Glee? Se sua resposta for sim, a chance de gostar de Escolha Perfeita será
enorme. Você não gosta de Glee? Então, a chance de não ver nada demais na
produção é igualmente generosa. Sei que dificilmente uma crítica
"séria" deve se propor a servir como guia de consumo (sim, amigos, eu
fiz cursos a respeito), mas nesse caso específico, acho que combina
perfeitamente esse tipo de introdução questionadora em relação ao público.
Por quê?
Porque, Escolha
Perfeita é basicamente uma versão universitária de Glee, no tocante ao seu plot
básico (um pessoal que não se encaixa no padrão se reúne para cantar). Porém, não
tem muito a ver na forma de lidar com o humor e principalmente nos conflitos
dos personagens. Se em Glee, existe até certa sutileza, aqui os personagens são
abertamente estereotipados. No grupo das cantoras "a capella"
principal, temos a loira neurótica e desesperada, a segunda em comando com bom
coração, a gordinha boca suja, a negra que parece ser lésbica porque se veste
como um garoto, a oriental que fala muito baixo, a latina gostosa e Anna
Kendrick, que é a única que até tenta fugir - a principio - do estereotipo, nos
fazendo crer que sua personagem (nos apresentada como uma DJ) será uma peça
fora de lugar, uma outsider dentro de um grupo de outsiders. Mas não é o caso,
rapidamente, Beca transforma-se em uma espécie de líder e também uma cantora de
talento.
Os vilões do filme
são o grupo masculino da mesma universidade. Guiados por um estereotipo de vilão,
rude, grosseiro e estúpido é a casa onde o affair da personagem de Kendrick
encontra seu lar. Também visto a principio como alguém diferente naquele meio
de estereótipos, que inclui o negro rapper alternativo e um companheiro de
quarto nerd e mágico, também é outro que logo se rende as competições
estudantis de cantoria.
Como está na moda,
o humor "de banheiro" da às caras por aqui, com algumas cenas de pura
grosseria, enquanto os melhores momentos cômicos (não muitos, é verdade)
acontecem quando a personagem Lilly (a tal oriental calada) tenta se comunicar
com suas companheiras.
As canções - quase
todas dos anos 2000 o que talvez ajude a uma identificação do público - estão
bem interpretadas, todas corretas, mas sem nenhum momento espetacular. Todo
mundo ali canta bem, mas falta um grande destaque individual.
Uma coisa curiosa
são as referências a John Hughes e ao Clube dos Cinco, feitas por Jesse (o galã vivido pelo ator da Broadway Skylar Astin) que deseja ser um compositor
de trilhas sonoras. Além de demonstrar ser um rapaz que fica apenas na
superfície da superfície no que tange boas trilhas (posso ter pegado pesado
aqui, mas foi minha impressão), as referências ao Clube dos Cinco não podem
passar em branco.
John Hughes era o mestre de transformar o estereótipo em
"realismo". O filme referido é o ápice nessa questão, quando ele faz
cinco tipos se transformarem em cinco pessoas durante a produção. A Escolha
Perfeita faz exatamente o oposto, transformando as premissas críveis de
Kendrick e Skylar em mais um estereotipo banal.
Mesmo assim, o
filme não é desagradável. Têm bom ritmo, canções bem interpretadas e até passa
rápido (mesmo sendo exageradamente longo para sua proposta). Uma pena que o
roteiro é tão esquemático e os personagens tão finos quanto uma folha de papel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário