Curvas da Vida
(Trouble with the Curve, 2012)
Drama - 111 min.
Direção: Robert Lorenz
Roteiro: Randy Brown
com: Clint Eastwood, Amy Adams, Justin Timberlake, John Goodman, Matthew Lillard
Clint Eastwood
sabe como poucos usar a sua idade a seu favor. Octogenário, é dos poucos atores
americanos que não teve o menor pudor em envelhecer diante do público. Talvez,
pelo fato de ter se consolidado por trás das câmeras, Clint nota que não
precisa esconder as (muitas) rugas de seu rosto, ou a fragilidade de seus movimentos,
sabendo encontrar - cada vez mais raramente - papeis ideais para sua idade e
forma física.
É o caso desse
Curvas da Vida, dirigido por Robert Lorenz (antigo diretor de segunda unidade
em diversos filmes de Clint como Sobre Meninos e Lobos, Menina de Ouro, Dívida de Sangue) onde Clint vive Gus, um antigo olheiro de
beisebol que começa a perder a visão. Esse problema, obviamente, prejudica
demais seu trabalho, que ao lado de um novo manda-chuva do time para qual
trabalha, que é adepto de muita tecnologia para encontrar novos jogadores,
são garantia de uma aposentadoria muito em breve.
Ao mesmo tempo, o
filme aborda a conflituosa relação de Clint e sua filha vivida pela bela e
versátil Amy Adams. Mickey é uma advogada sem tempo para sua vida pessoal e que
tem uma relação distante com um pai que a relegou em detrimento de sua
profissão. Porém, alertada sobre a condição física de Gus, decide
acompanhá-lo na que parece ser sua derradeira viagem em busca de futuros
craques do beisebol.
Durante a jornada,
o mote do filme (que já era óbvio) ganha ares de fábula incluindo alguns
personagens quase caricaturais como o jogador prodígio arrogante, os velhos companheiros de
arquibancada de Gus e até mesmo o jogador aposentado que pretende seguir carreira na
imprensa, vivido por Justin Timberlake. Mesmo com Timberlake provando a cada papel que tem jeito para
a coisa, seu personagem é um mero enfeite que funciona como "agente da mudança",
surgindo de forma apressada no filme.
A pressa é um dos
elementos mais incômodos do filme, já que tenta resolver os conflitos propostos
pela produção de forma preguiçosa e até incomoda, como a solução milagrosa que
funciona como prova da capacidade do personagem de Eastwood em encontrar
craques.
Outro problema
reside em Matthew
Lillard , famoso como o Salsicha das adaptações para o cinema
de Scooby Doo, o ator está tentando encontrar um caminho distante da comédia
infantil e vem atuando em dramas e dramalhões, filmes mais leves ou mais
pesados. Aqui, seu Philip Sanderson, é um vilão de folhetim, cheio de frases prontas e que
simplesmente é "babaca". Sem nenhuma motivação, apenas é um completo idiota. Com
um vilão fajuto e uma historia claramente água com açúcar, fica difícil vê-lo
como ameaça a alguém.
Como em todo filme
de redenção/reconciliação existem momentos mais emotivos e que forçam o
espectador a se emocionar (e nesse caso, não conseguindo), misturando-o a
momentos leves e que resvalam na comédia de situação, e embora Adams e Eastwood funcionem muito bem em tela, o roteiro - que ainda inclui um plot twist revelador bastante forçado - não ajuda aos seus intérpretes.
Curvas da Vida é
um drama genérico sobre encontrar seu lugar no mundo, não fugir de seus sonhos
e acreditar em quem se é. Nada revolucionário, nada inovador, mas que pelo
carisma de Clint e o talento de Adams, tem bons momentos.
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