quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Entre o Amor e a Paixão


Entre o Amor e a Paixão
(Take this Waltz, 2011)
Romance/Drama - 116 min.

Direção: Sarah Polley
Roteiro: Sarah Polley

com: Michelle Williams, Seth Rogen, Luke Kirby, Sarah Silverman

Este é o terceiro filme dirigido pela atriz Sarah Polley, reconhecida do grande público por seus papéis completamente diferentes em Minha Vida sem Mim e no remake de Madrugada dos Mortos. Como diretora Polley abraça sem pudor os estereótipos do cinema indie americano, realizando obras dramáticas e tocantes.

Entre o Amor e a Paixão (uma boa tradução do sentido da obra, diga-se de passagem) é um exemplar de filme romântico "sério", daqueles que tenta transmitir em uma historia fictícia, as muitas nuances e dificuldades de se manter um relacionamento a dois, passando pelos diferentes estágios do mesmo.

Michelle Williams é a complexa Margot, uma mulher bela e profundamente introvertida que vive um relacionamento que funciona na base de brincadeiras quase infantis com o aspirante a escritor (de livros de receitas) Lou, vivido por Seth Rogen. Apesar de uma existência quase idílica e recheada de momentos onde os personagens nada fazem além de comer (frango) e dormir, aparentemente o relacionamento funciona. A coisa começa a complicar quando Margot conhece o sedutor Daniel (Luke Kirby), outro sujeito que trabalha de forma recreativa, numa existência igualmente frugal. Sentindo-se atraída pelo novo, enquanto ainda ama o velho, a personagem de Michelle Williams passa boa parte da projeção indecisa sobre seus sentimentos e sobre o caminho a seguir.


Esse é mais um desempenho interessante de Michelle Williams que consegue trazer humanidade e sensibilidade a uma personagem difícil de gostar. Eterna insatisfeita com sua própria existência, e vivendo ao lado de um homem que a ama verdadeiramente, é muito fácil detestá-la, ou julgar cada passo que ela dá rumo à destruição de uma relação estável. Mas, por outro lado, manter-se infeliz em um relacionamento simplesmente pela comodidade é algo igualmente idiota. E é por essa ideia que a interpretação contida e introspectiva de Williams, apostando demais na linguagem corporal funciona bem. Notem como a cada vez que a personagem tem alguma dúvida sobre seus sentimentos ela chega perto de seu marido e tenta acarinhá-lo, beijá-lo, abraça-lo, como se estivesse tentando encontrar a paixão nesses gestos.

Seth Rogen por sua vez encontra-se em um papel bastante diferente do que o público está acostumado a vê-lo. Bastante sereno e usando seu ótimo timing cômico para enriquecer o filme em vez de deixá-lo cair na piada pronta, é especialmente sensível nos momentos derradeiros da trama, conseguindo (auxiliado por uma boa montagem) passar por diferentes estágios da confrontação. Negação, desespero, ódio, humor, chantagem emocional, Rogen transita por esses e outros momento comuns em relacionamentos.

Porém, Sarah Polley parece não conseguir simplesmente contentar-se em apresentar uma historia de amor, praticamente sabotando toda a jornada física e emocional de sua personagem, nos dizendo que de fato, ela não acredita em nada daquilo, fazendo com que nossa compaixão pela personagem de Michelle Williams praticamente seja sepultado.


Take this Waltz não chega a ser um fiasco, mas é uma historia de amor envergonhada demais para assumir-se assim, e leve demais para ser encarado sobre um drama sobre relacionamentos.


Um comentário:

  1. Achei que o filme merecia a classificação "Mediano" .. mas é claro que opinião é algo muito subjetivo rsrsrs.
    Gostei de como a história foi desenvolvida. Consegui senti a profundidade da confusão que permeava a cabeça de Margo. Enfim,creio ter gostado mais do que a análise propunha. Parabéns pelo trabalho!

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