Entre o Amor e a Paixão
(Take this Waltz, 2011)
Romance/Drama - 116 min.
Direção: Sarah Polley
Roteiro: Sarah Polley
com: Michelle Williams, Seth Rogen, Luke Kirby, Sarah Silverman
Este é o terceiro
filme dirigido pela atriz Sarah Polley, reconhecida do grande público por seus
papéis completamente diferentes em Minha Vida sem Mim e no remake de Madrugada dos
Mortos. Como diretora Polley abraça sem pudor os estereótipos do cinema indie
americano, realizando obras dramáticas e tocantes.
Entre o Amor e a
Paixão (uma boa tradução do sentido da obra, diga-se de passagem) é um exemplar
de filme romântico "sério", daqueles que tenta transmitir em uma
historia fictícia, as muitas nuances e dificuldades de se manter um
relacionamento a dois, passando pelos diferentes estágios do mesmo.
Michelle Williams
é a complexa Margot, uma mulher bela e profundamente introvertida que vive um
relacionamento que funciona na base de brincadeiras quase infantis com o
aspirante a escritor (de livros de receitas) Lou, vivido por Seth Rogen. Apesar
de uma existência quase idílica e recheada de momentos onde os personagens nada
fazem além de comer (frango) e dormir, aparentemente o relacionamento funciona.
A coisa começa a complicar quando Margot conhece o sedutor Daniel (Luke Kirby), outro
sujeito que trabalha de forma recreativa, numa existência igualmente
frugal. Sentindo-se atraída pelo novo, enquanto ainda ama o velho, a personagem de Michelle Williams passa boa parte da projeção indecisa sobre seus sentimentos e sobre o caminho a
seguir.
Esse é mais um
desempenho interessante de Michelle Williams que consegue trazer humanidade e
sensibilidade a uma personagem difícil de gostar. Eterna insatisfeita com sua
própria existência, e vivendo ao lado de um homem que a ama verdadeiramente, é
muito fácil detestá-la, ou julgar cada passo que ela dá rumo à destruição de
uma relação estável. Mas, por outro lado, manter-se infeliz em um
relacionamento simplesmente pela comodidade é algo igualmente idiota. E é por
essa ideia que a interpretação contida e introspectiva de Williams, apostando
demais na linguagem corporal funciona bem. Notem como a cada vez que a personagem tem alguma
dúvida sobre seus sentimentos ela chega perto de seu marido e tenta
acarinhá-lo, beijá-lo, abraça-lo, como se estivesse tentando encontrar a paixão
nesses gestos.
Seth Rogen por sua
vez encontra-se em um papel bastante diferente do que o público está acostumado
a vê-lo. Bastante sereno e usando seu ótimo timing cômico para enriquecer o
filme em vez de deixá-lo cair na piada pronta, é especialmente sensível nos
momentos derradeiros da trama, conseguindo (auxiliado por uma boa montagem)
passar por diferentes estágios da confrontação. Negação, desespero, ódio,
humor, chantagem emocional, Rogen transita por esses e outros momento comuns em
relacionamentos.
Porém, Sarah
Polley parece não conseguir simplesmente contentar-se em apresentar uma
historia de amor, praticamente sabotando toda a jornada física e emocional de
sua personagem, nos dizendo que de fato, ela não acredita em nada daquilo,
fazendo com que nossa compaixão pela personagem de Michelle Williams
praticamente seja sepultado.
Take this Waltz
não chega a ser um fiasco, mas é uma historia de amor envergonhada demais para
assumir-se assim, e leve demais para ser encarado sobre um drama sobre
relacionamentos.
Achei que o filme merecia a classificação "Mediano" .. mas é claro que opinião é algo muito subjetivo rsrsrs.
ResponderExcluirGostei de como a história foi desenvolvida. Consegui senti a profundidade da confusão que permeava a cabeça de Margo. Enfim,creio ter gostado mais do que a análise propunha. Parabéns pelo trabalho!