O tempo para ver as estreias rarearam, mas continuo vendo filmes (e até algumas estreias porque não?). E quem quiser continuar lendo está convidado a acompanhar essa "nova fase" do blog. Resenhas (e não mais crítica longas) diretas ao ponto, sobre o que "andei vendo".
PS: vou tentar manter esse tipo de publicação constante.
(The Wolf of Wall Street, 2013)
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Terence Winter
com: Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Margot Robbie, Kyle Chandler, Rob Reiner
Acho muito saudável que passando dos setenta anos de idade, um sujeito com a importância de Martin Scorsese, que podia - se quisesse - estar aposentado, apresentar uma história tão surtada e ousada, que boa parte dos diretores mais jovens sequer teria coragem de propor. Mas, é importante dizer: "O Lobo de Wall Street" requer que o espectador esteja interessado em comprar aquele mundo de muitos excessos, gente "maluca" e atuações sempre em modo "overacted".
A trama, baseada em fatos reais (não sei quanto tem de real aí) fala sobre a ascensão e queda do perturbado personagem interpretado por Leonardo DiCaprio, talvez no momento mais maluco de sua carreira. Ele chega a Wall Street e encontra maneira nada lícitas de conseguir ficar milionário, levando na aba uma serie de coadjuvantes igualmente malucos, como Donnie, interpretado por um Jonah Hill que atua como seu personagem em Anjos da Lei sob os efeitos de drogas. Os excessos de drogas, estupidez e nudez se encaixam perfeitamente naquele retrato satírico de uma época. Onde mais veríamos uma reunião com os principais corretores de uma empresa discutindo sobre como arremessar um anão em um alvo? Ou uma sequência inteira onde um sujeito se arrasta pelo chão sob o efeito de drogas pesadas? Scorsese aqui não pinta com cores benéficas o uso e os excessos, mas as mostra para que o público ria de tanta bobagem realizada por aqueles caras. E, se quisesse não demonizar esses excessos, seria um direito dele já que a arte não é código moral e nem deve levantar "questões" se não tiver vontade.
Existe uma referência ao trabalho anterior do diretor, especialmente "Os Bons Companheiros". Se no filme citado, Ray Lliota passava por uma sequência pilhado e cheio de cocaína achando que estava sendo perseguido, em Lobo ele amplia essa situação por todo o filme. É uma produção longa (três horas) e que tem pequenos momentos em que sente-se uma queda de ritmo, especialmente no começo. Mas Scorsese é um mestre em nos manter chafurdado na lama e ainda conseguir que o público veja seus bandidos com um ar de carinho. Não agrada a todos, muito pelo contrário. Lí por aí muita gente que respeito (e que entende muito mais de cinema do que eu um dia vou saber) descendo a porrada no filme. Entendo todos os argumentos, mas continuo pensando que "O Lobo de Wall Street" é tão bom exatamente por isso. Não é perfeito, não é pretensioso e não tem a intenção de inventar a roda. É apenas o trabalho de um sujeito que ama cinema, não importa o quão grosseiro esse cinema seja.
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