domingo, 6 de junho de 2010

The Losers
(The Losers, 2010)
Ação - 97 min.

Direção: Sylvain White
Roteiro: Peter Berg e James Vanderbilt

Com: Jeffrey Dean Morgan, Chris Evans, Zoe Saldana e Jason Patric

Receita mágica de um filme de ação: pegue um tema clichê e que não exija do publico muito preparo para entendê-la, misture com colheres generosas de personagens com algum carisma e polvilhe tudo com raspas suculentas de ação e efeitos visuais interessantes.

Na teoria essa formulazinha mágica faria de qualquer filme de ação um sucesso fenomenal de público, e por que não, de crítica, já que entendo que cada obra deve ser analisada de acordo com aquilo que pretende ser. É claro que existem aqueles poucos que conseguem transcender as barreiras entre gêneros, mas a grande massa acaba sendo agregada aos nichos. Exemplos claros: O Predador, é um tremendo filme de ação, mas não é um tremendo filme. Quem Vai Ficar com Mary é de chorar de rir e nem por isso está na lista dos melhores da história.

Isso foi só pra exemplificar como as vezes as boas intenções e idéias, por mais pensadas e repensadas podem não dar certo. Tenho certeza que os produtores de The Losers (baseado nos quadrinhos de Andy Diggle) pensaram “cara, essa receita não tem como desandar”.


Porém, as vezes a realidade dos fatos subjulga a teoria. The Losers é o mais recente caso de filme teórico. Na teoria tudo seria espetacular, mas na prática o filme é apenas mais um filme de ação mediano e sem muita personalidade.

The Losers conta a história desse grupo de militares que é enviado a uma missão na Bolívia que tem como alvo um traficante. Uma vez lá o serviço é teoricamente simples: marcar o alvo de um ataque aéreo e assistir ao “show”. O problema é quando o grupo avista inocentes criancinhas (usadas pelo tal traficante como “mulas”) e decide abortar a ação. O comando nega e descobre-se então que a missão era uma armadilha de um misterioso homem chamado Max, que usou o batalhão para uma vingança pessoal. O grupo se revolta e invade a casa para salvar as crianças (quanta nobreza). Como retaliação o helicóptero em que partiriam é abatido e todos morrem. Todas as criancinhas é claro, pois como todo militar bonzinho americano, todas elas são embarcadas e os soldados ficam para trás, esperando uma segunda carona.


Problema número um: eta historinha fraca. O roteiro (medíocre) de James Vanderbilt (de Zodiaco, um filme muito interessante) e Peter Berg (que também é ator e diretor, tendo feito “clássicos” como: Bem Vindo a Selva e Hancock) é uma bobagem. Militares salvadores de criancinhas? Vilão misterioso e totalmente non-sense ? (reparem numa sequencia na praia, em que, juro, torci muito para que o clichê não se confirmasse, mas não, a magia do clichê acontece) Equipe de bad-asses copiada sem dó de Esquadrão Classe A ? (que por sua vez virou filme também) Uma mulher misteriosa que se envolve com o “líder da matilha”?

Enfim, um bom roteiro dificilmente é encontrado num filme de ação. No máximo, boas idéias, alguns diálogos interessantes e uma linha narrativa simples e que não complique a ação (que afinal nesse tipo de filme é o que realmente importa).

Porém, exige-se pelo menos um pouco de coerência e qualidade na história que quer ser contada. Chega a ser vergonhoso a infelicidade desse roteiro. Tudo acontece de forma tão corrida e sem muito sentido que nem a ação funciona como deveria.


Nos poucos momentos em que ela funciona os méritos nem vão para ela, mas para o carisma de um único ator. O impagável Chris Evans (como Jensen) que consegue demonstrar o desprendimento necessário para embarcar nessa montanha russa. Os demais: Idris Elba (Roque), Columbus Short (Pooch) e Óscar Jaenada (Cougar) talvez por estarem levando o filme muito a sério não me convenceram.

O filme ainda conta com Zoe Saldana como uma misteriosa mulher de nome Aisha (fraquinha) e Jason Patric, numa das piores atuações do ano sem dúvida. Tentando ser tão descolado e engraçadinho como Chris Evans, só consegue soar ridículo, já que Evans já vem moldando esse tipo desde Quarteto Fantástico. Seu Jensen é uma versão menos arrogante e mais engraçada do Tocha Humana. Chega a ser doloroso escrever isso mas, o melhor do filme (o que impede ele de ser medonho) é a atuação do limitado Evans.
E é claro Jefrey Dean Morgan. É engraçado notar como Morgan (que é um ator bastante interessante) até se esforça com seu personagem, mas parece que na metade do filme (talvez percebendo a bobagem que fez) ele havia desistido do projeto e atuou no piloto automático, e pior, em primeira marcha. Limitando-se a balbuciar frases ruins, num inglês que faria Stallone sentir orgulho. Decepcionante.


E a ação? Genérica. Quando tenta ser engraçadinha e cool, parece um episódio longo e ruim da série clássica Esquadrão Classe A, com aquele “clima” de equipe bad-ass resolvendo uma situação de perigo. O filme conta com duas sequencias de ação, e em nenhuma delas o ponto mais interessante é a ação em si, mas alguma frase de efeito ou engraçadinha que foi dita antes ou depois.

São poucos os momentos minimamente interessantes e todos eles são cômicos, o que é um problema, já que o filme não se vende como uma comédia de ação, ou uma aventura bem humorada. Ele começa como uma história de vingança. Um pipocão explosivo com ação descerebrada e personagens limitados. Lembrou Gi Joe de Stephen Sommers, e isso não foi nem de longe um elogio. A única coisa que verdadeiramente é interessante são as canções selecionadas para o filme, mesmo contando com a, graças a série Glee, carne de vaca Don’t Stop Believing.

Sylvain White é o autor da bomba, um diretor de pouquíssima experiência e que claramente serviu como marionete dos produtores, esses sim conhecidos. Entre os nomes reluzem o Midas do blockbuster “júnior” Joel Silver e o sempre presente Akiva Goldsman.


Silver produziu desde Matrix, Predador, Máquina Mortifera e Duro de Matar a bombas como Ninja Assassino e Speed Racer. Goldsman não fez muito diferente, estava ligado a Constantine e Eu Sou a Lenda como produtor, escreveu O Cliente, Tempo de Matar e Uma Mente Brilhante e é um dos produtores da série Fringe, mas também esteve envolvido com Poseidon, Hancock e Perdidos no Espaço (produtor, sendo esse último também o roteirista), as adaptações de Dan Brown para o cinema (como roteirista) e o pior dos piores: Batman & Robin (sim, o “roteiro” é dele).

Fica fácil perceber então quem dava as ordens e quem na verdade são os “culpados” pela quase-bomba The Losers. Não chega a ser um Batman & Robin, mas não fica muito acima disso também.


Um comentário:

  1. Não tinha muita expectativa por esse filme. Vi o trailer e não mudou nada. Depois de ler essa resenha então, mudou minha opinião: Para pior.
    Quero nem ver esse troço hehehe

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