quinta-feira, 14 de julho de 2011

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2
(Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2, 2011)
Fantasia/Drama - 130 min.

Direção: David Yates
Roteiro: Steve Kloves

Com: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Ralph Fiennes, Alan Rickman, Maggie Smith, Warwick Davies, Evanna Lynch, Helena Bonham Carter, John Hurt, Jason Isaacs, Tom Felton, Bonnie Wright, Jim Broadbent, Julie Walters, Mark Williams, James Phelps, Oliver Phelps, Emma Thompson, Robbie Coltrane, Gary Oldman, David Thewlis, Michael Gambon e Matthew Lewis



E a saga do bruxo mais famoso do mundo depois de Merlin, Saruman e Gandalf chegou ao final. Foram mais de dez anos desde que o primeiro exemplar da franquia Harry Potter chegou ao cinema, já consagrada por um público fiel e leitor da obra de J.K. Rowling. Entrando em campo com o jogo ganho, Chris Columbus fez o arroz e feijão (sem sal) e transpôs os primeiros dois livros (os mais infantis e repletos de objetos divertidos e efeitos capengas) para a tela grande. Alfonso Cuaron tomou a série nas mãos e realizou o mais interessante dos filmes da série. Fechado em si mesmo, com grandes momentos de seus coadjuvantes e uma história certinha, O Prisioneiro de Azkaban é um grande filme de fantasia do novo século. O veterano Mike Newell (Donnie Brasco, Quatro Casamentos e um Funeral entre muitos outros) assumiu a série para o quarto filme e infelizmente fez do Cálice de Fogo o mais fraco da série, rivalizando de muito perto com o equivocado Ordem da Fênix, a primeira viagem de David Yates a Hogwarts. O sexto exemplar, escuro e mais "adulto", melhorou a situação de Yates que culminou no interessantíssimo Relíquias da Morte Parte 1, lançado ano passado.


O primeiro Relíquias funcionava como um road movie quase cult, lento, com muito espaço para os personagens e que garantiu ao trio de protagonistas espaço suficiente para que demonstrassem - finalmente - talento genuíno com aquela história que os acompanha por mais de uma década.



O segundo Relíquias funcionaria melhor se viesse "embutido" no primeiro filme, já que todo o desenvolvimento dos personagens na parte um é deixado em segundo plano para uma overdose de seqüências de ação bem realizadas e para o clímax da série. É um erro? Não, mas se o comparáramos com o primeiro filme, onde conseguíamos ver - finalmente - a mesma intensidade que os últimos três livros da série tinham, o segundo filme sai perdendo feio. Sombrios, lúgubres por alguns momentos, recheados de solidão e profundamente tristes, estes últimos livros (em especial os dois últimos) são pontuados por grandes seqüências emotivas e que jamais foram representadas de maneira honesta e verdadeira na tela. Sempre faltou "aquele toque" em cada um dos filmes.


Relíquias 2 comete o mesmo erro, e dessa vez de forma ainda mais obtusa. As constantes inserções de humor fazem do filme mais infantil do que a história que o mesmo apresenta demonstra ser. Ainda maltrata alguns personagens coadjuvantes magníficos, que aqui tem seus destinos substituídos por piadinhas, ou por desnecessárias cenas de beijo. Porém, no meio de tanta "falta de consideração" é preciso se destacar o trabalho impecável desse monstro da interpretação chamado Alan Rickman que em uma única sequencia é capaz de emocionar a todos os presentes em cada uma das sessões que o filme terá mundo afora (serão dezenas de milhares, imagino). O mesmo pode ser dito sobre uma conversa entre Harry e um personagem muito querido, e que aqui é parcialmente despido de toda uma aura de perfeição, embora nos livros isso aconteça de forma ainda mais agressiva.



Desnecessário ressaltar mais uma vez todo o trabalho de direção de arte, fotografia (Eduardo Serra esse monstro, sempre sabendo dar vida às sombras e a escuridão) e da trilha sensível e inteligente do grande compositor Alexandre Desplat, que consegue ser original e ainda aproveitar os temas de John Williams na trama. Como destaque, observem a sequencia em que Harry volta a Hogwarts e a trilha inteligentemente nos relembra da primeira versão do tema de Harry visto no primeiro filme "Harry Potter e a Pedra Filosofal", como quem diz "o bom filho a casa torna".


Infelizmente todo esse apuro técnico é pouco para suportar as falhas do roteiro que acelera demais uma história que caminhava de maneira tão delicada na primeira parte. Talvez revendo os dois filmes de uma vez só, esse ritmo truncado melhore, e imagino ainda que a tal divisão em dois filmes tenha realmente acontecido na montagem, já que este segundo filme começa a toda (em menos de quinze minutos toda a ação no banco Gringotes já é "atirada" em nossa cara) sem muito espaço para os interlúdios, esses, que acontecem de forma apressada e que prejudicam a intensidade desses momentos.



Yates consegue, felizmente bons desempenhos novamente de seu trio protagonista, mas o grande destaque de interpretação vai para Ralph Fiennes, à vontade como Lord Voldemort e divertindo-se muito com esse personagem profundamente interessante. Outro destaque é Matthew Lewis, que interpreta Neville Longbottom, que cresceu muito (em importância e em qualidade) no decorrer da série.


Outro problema, esse um incomodo realmente grande até mesmo para os que não leram os livros, é o clímax que surge muito apressado e que não atinge as expectativas magnânimas criadas por todos os trailers do filme (e foram muitos) e um forçado (no livro parecia muito mais interessante) epilogo que apesar de apresentar grandes momentos da maquiagem criada para o filme, soa como um apêndice desnecessário.



Aliás, os filmes de Potter surgem dessa forma num contexto geral. São obras de fantasia louváveis por seu apuro técnico e criação de um mundo interessantíssimo, mas que se perdem ao não saber exatamente o que fazer com livros , que diferente dos filmes, foram ficando mais maduros. Relíquias da Morte Parte 2, é um apêndice colorido que dá imagens a elementos que o leitor apenas conseguia imaginar em sua cabeça, mas não faz jus à grandiosidade alardeada anteriormente em cada nova imagem divulgada e nem mesmo ao singelo e escapista texto de JK Rowling.


3 comentários:

  1. Vou ver esse filme, já que vi todos e li todos os livros.
    Porém, uma coisa é certa: livros geralmente são bem melhores do que suas adaptações no cinema. O último livro da saga Harry Potter é emocionante, prendendo o leitor até a última página.

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  2. Esse final de Semana eu vou assistir, mas vim aqui para elogiar suas dicas de filmes programa Mulheres na TV Gazeta, fica meu prestígio pelo seu gosto, pois todos os três filmes eu já havia assistido, e realmente são filmes muito bons, em particular eu gostei da sua critica sobre A viagem de chirriro pois você consseguiu resumir em poucas palavras o quanto é bom. Abração.

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  3. Só para deixar claro, não me pronuncio em relação a comentários realizados sob alcunhas anônimas :)

    E novamente deixo claro, que não sou o dono da verdade e acho que me fiz claro em relação a minha opinião em relação ao filme.

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