terça-feira, 15 de novembro de 2011

Hanna
(Hanna, 2011)
Ação - 111 min.

Direção: Joe Wright
Roteiro: Seth Lochhead e David Farr

Com: Saorsie Ronan, Eric Bana e Cate Blanchett



Hanna é a história de uma garota treinada desde que nasceu pelo pai, para um conflito que ela não sabe quando vai acontecer. Criada em um ambiente profundamente hostil (algum lugar do Ártico possivelmente) a garota é uma mistura de A Noiva com Nikita em embalagem loira, inocente e juvenil. Hanna é uma criança ingênua que não conhece o mundo ao seu redor. Cercada de neve, frio e tendo de caçar para sobreviver, seu único contato com o resto do planeta vem da leitura de uma enciclopédia e das aulas de línguas que seu pai Erik ministra como preparação para sua missão.


Quando se sente preparada, Hanna decide enfrentar seu "destino" indo atrás da misteriosa Marissa, uma mulher que tem seu passado intimamente ligado ao de seu pai Erik. Ao mesmo tempo, Erik foge com a promessa de reencontrar a garota da cidade de Berlim.


Dirigido com profundo capricho e elegância por Joe Wright (Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação), Hanna é um desbunde estético e sonoro, com um trabalho de fotografia, enquadramentos, iluminação e trilha sonora de enorme qualidade.



A fotografia (Alwin H. Kuchler de trabalhos como Sunshine, Código 46 e Uma Manhã Gloriosa) é muito inteligente, apesar de não querer inventar a roda. No começo do filme, quando vemos a imensidão branca temos a mesma sensação de vazio e desesperança que é encontrada quando mais a frente o filme apresenta um desolado cenário desértico, abandonado e cercado de pedras e do sol escaldante. A fotografia faz seu papel em criar um ambiente naturalista e que amplia o escopo dessa percepção.


A direção de arte (a equipe liderada por Niall Moroney, de Desejo e Reparação e Sherlock Holmes) faz do filme uma mistura de ambientes kitsch e oitentistas com cinzentos espaços assépticos e mortos. A montagem (Paul Tothill de Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação) é seca e combinada de maneira orgânica com a trilha sonora impressionante dos Chemical Brothers, que transformam cada sequencia em um desbunde visual e sonoro. A sequencia de fuga da instalação militar é montada de forma sincopada e abusa dos cortes secos e dos movimentos robóticos que casam de forma instigante com a trilha sonora. É uma das grandes cenas do ano de 2011 até aqui.

Mais nada disso seria de grande valia se as interpretações do filme não fossem boas ou que a história (embora seja rasa e simples demais) não funcionasse. Saorsie Ronan comprova o talento demonstrado em Caminho da Liberdade, Desejo e Reparação e até no fraco Um Lugar no Paraíso. Interpretando a garota Hanna como uma máquina adormecida, capaz de momentos de profunda ternura e amizade (em especial quando conhece uma família em viagem) e de transformar-se em uma matadora fria e calculista.



Eric Bana tem pouco tempo para desenvolver seu personagem, aparecendo como um pai zeloso é verdade, mas profundamente interessado em treinar a garota. Bana é um ator limitado mas que sabe usar seu talento nos papéis ideais para sua persona.


O grande destaque entre os atores é a monumental Cate Blanchett, mais uma vez criando um personagem interessante e único em sua filmografia. Marissa é uma mulher etérea, masculinizada mais sem deixar de ser sensualmente perversa. Uma entidade cinzenta com cabelos de fogo e um sotaque forçosamente americano, algo como uma rancheira texana. Uma grande vilã, notável em sua obsessão e perspicaz em seus modos e na forma com que maneja seus adversários para obter deles respostas.


Hanna é um amalgama visual interessantíssimo, com roteiro simples (e que derruba um pouco o filme, já que deixa o ritmo da produção um pouco inconstante), boas atuações e um trabalho inspirado de seu diretor Joe Wright que mostra que também pode dirigir uma produção de ação com esmero e cuidado.

Um comentário:

  1. O filme começa muito bom,mas do meio para o fim acaba se perdendo,com historias muito fracas

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