sexta-feira, 28 de junho de 2013

Guerra Mundial Z

Guerra Mundial Z
(World War Z, 2013)
Ação/Aventura - 116 min.

Direção: Marc Forster
Roteiro: Matthew Michael Carnahan, Drew Goddard, Damon Lindelof e J. Michael Straczynski.

com: Brad Pitt, Mireille Enos, Daniella Kertesz, Fana Mokoena

Zumbis estão na moda há algum tempo. Não sei precisar quando esse boom de fato começou, mas não dá pra não citar "Extermínio" ou a serie de quadrinhos (e posteriormente serie de TV) "Walking Dead" como estopins dessa "revolução". Esse retorno ao imaginário popular dos zumbis comedores de cérebro ajudou muita gente, dos mais famosos e lendários (como George Romero que voltou a lançar filmes), aos jovens escritores que tentavam lançar seus títulos (ou que simplesmente se aproveitaram da moda para escrever a respeito) e que agora conseguiram um apoio de editoras. É o caso de Max Brooks, que com seu Guerra Mundial Z, trouxe um ar diferente ao já desgastado "mundo" dos zumbis. No livro - que não li, portanto não esperem comparações com o material fonte - o autor narra em forma de relatos, diversos pontos de vista de uma guerra de proporções mundiais envolvendo a população e os zumbis. No filme, isso serve apenas como ponto de partida para uma historia mais vertical e simples.

Na produção dirigida por Marc Foster, o foco recai sobre a família Lane, formada por Gerry (Brad Pitt), Karin (Mireille Enos) e suas duas filhas Constance e Rachel. Ele, é um investigador da ONU aposentado, que quando estava na ativa sempre era enviado para os locais mais ermos em busca de respostas para os problemas enfrentados pela organização. Como em grande parte dos filmes sobre zumbis, não se explica exatamente como a praga começou e logo nos primeiros minutos já acompanhamos a família de Gerry, fugindo desesperadamente em busca de abrigo. Ao mesmo tempo, o ex-ONU mexe seus pauzinhos pra entender o que está acontecendo, e consegue uma carona num dos últimos helicópteros que estão partindo. Uma vez salvo (e isso não é spoiler, já que é mostrado no trailer) descobre que a boa ação da ONU tinha como objetivo usá-lo como chefe da investigação a procura de uma cura para a infestação zumbi.

A partir dai a historia adquire um tom que lembra o jogo e desenho animado Carmem Sandiego, com o investigador da ONU cruzando o mundo atrás de respostas para a praga (e uma possível cura), passando por diversos lugares do mundo, sempre enfrentando ameaças em sequências de ação muito bem orquestradas, conduzidas e centradas como capítulos de um livro, ou episódios de uma série. Tais sequências poderiam funcionar por si só e por isso, o ritmo da produção, com vários pequenos clímax é sempre mantido.



Existe pouco a se destacar entre os atores. Pitt sabe que seu personagem é o herói da vez, e não se esforça sem necessidade. Mantém a carga emocional com os espectadores a partir das conversas por telefone com sua mulher, que já havia sido estabelecida no primeiro ato quando se mostra (obviamente) ligado a suas filhas. Já os demais personagens tem funções especificas e como a trama viaja o mundo apenas o seu amigo da ONU (vivido pelo ator Fana Mokoena) e sua família ganham uma ligeira profundidade. Mesmo a soldado israelense que se torna fundamental na parte final da trama, é basicamente um rascunho de personagem.

Os destaques vão mesmo para as ótimas sequências de ação, especialmente a que se passa em um aeroporto da Coréia do Sul, que usa de uma característica dada aos monstros para criar tensão, usando da surpresa como fundamento na construção da ação. A ótima sequência em Israel, que é á única a mostrar de fato a "polêmica" movimentação de enxame dos zumbis é outra que merece destaque, já que é construída para causar no público aquele frisson típico de "eles estão fazendo uma bobagem enorme", já que o público já foi informado das características dos zumbis e aqueles que de forma não intencional os provocam, não sabem.

Em todo filme de zumbi, se espera aquele banho de sangue e gente sendo comida a cada cinco minutos. Não é o caso de Guerra Mundial, que pode até ser caracterizado como filme de zumbi para "toda a família", já que existe uma clara preocupação da produção em maquiar os efeitos mais violentos de uma infestação zumbi. Então apesar do filme apresentar mutilações, cortes, tiroteios e tudo mais, quase nada acaba sendo visto pelo público, que percebe essas ações por meio do som, que é peça fundamental na trama inteira.



Sem entrar em maiores detalhes da trama, existe um sentimento de início de franquia bastante claro diante da magnitude do que somos envolvidos. Na tentativa de globalizar os acontecimentos ao máximo (como já expus acima, criando um jogo de gato e rato entre o investigador da ONU e a praga zumbi) fica impossível crer que tudo magicamente se resolverá, e por isso a ideia de "solução" proposta me parece bastante eficiente. Se não é originalíssima - mas afinal, o que de fato é - pelo menos ganha tempo para não tenhamos um final de conto de fadas, mesmo com nossa "ligação emocional" com aqueles personagens sendo bem resolvida. Isso abre espaço para que a história possa continuar com outros protagonistas, já que em uma tragédia de escala global quantas historias sobre o assunto não podem ser contadas; o que também vai de encontro ao espírito do livro, que ao que me parece (leitores por favor manifestem-se) serviu apenas de ponto de partida.

Guerra Mundial Z é um bom filme pipoca. Entretém e mantém o espectador preso à cadeira pelo tempo de sua projeção, cria um vinculo (mesmo que frouxo) com seus protagonistas e garante-se de forma elegante como eventual franquia, sem apelar para pontas soltas forçadas. Num evento cataclísmico como o mostrado no filme, é importante manter-se crível, mostrando que essa crise não seria magicamente solucionada. Zumbis light encontrando Carmem Sandiego e ótimas sequências de ação. E é claro, um astro encabeçando tudo isso.

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