terça-feira, 8 de outubro de 2013

Festival do Rio: Sonar




Sonar
(Echolot, 2013)
Drama - 77 min.

Direção: Athanasios Karanikolas
Roteiro: Athanasios Karanikolas

com: Aenne Schwarz, Lena Vogt, Nina Horvath, Julian Keck

Reunião de amigos para celebrar as amizades - acertar as diferenças - do passado está longe de ser inovador. A história já foi abordada de inúmeras formas, seja em palhaçadas como Gente Grande ou em eficientes dramas como O Reencontro. Em Sonar, o diretor Athanasios Karanikolas se foca nos problemas desse encontro através das consequências de uma festa, refletindo sobre a juventude e o fim da amizade com o passar dos anos.

A câmera contempla a reunião em locais bucólicos, apresentando os personagens com a ótima fotografia, criando uma nostalgia no ambiente que se instala gradativamente na trama. As pessoas ali retratadas pouco oferecem de interessante no início, com seus diálogos arquetípicos e postura blasé. É quando a festa toma o rumo do filme que as revelações começam a surgir, com o bom uso da trilha pontuando o drama. E, como se trata de juventude é a bebida que serve como catalisador de verdades ("Queria ser beijado..."), amenizando o lugar comum que toma Sonar de assalto pontualmente.

Não que isso justifique os erros de roteiro no filme. Os depoimentos, tentando dar um parecer mais explícito dos sentimentos dos retratados em tela, soam desnecessários a cada vez que surgem. Tampouco eficiente é a decisão de trazer certa poética ao escopo, como na forçada leitura da carta de Franz sobre solidão. Karanikolas se sai melhor quando é sutil, ao sugerir que talvez a morte do amigo de todos tenha sido por solidão mesmo. Não estranhe se mal registrar a morte do homem no filme; ninguém ali mesmo liga.



Estruturando o último ato como observação sombria dos tempos mortos, o diretor consegue criar um jogo de relações interessante, com pontos altos no que parece escondido pelo tempo (o romance gay, os casais, a tensão sexual). Uma depressão pós-festa que até soa bem em tela, mas se limita através do ordinário de abordar o que já foi dito, ainda prejudicado pelo triste didatismo de vez em quando.

Subverter
o nostálgico é uma aposta intrigante, mas menos morosidade e mais dramaturgia teriam feito bem a Sonar.



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