domingo, 27 de dezembro de 2009

Batman - O Cavaleiro das Trevas
(The Dark Knight, 2008)

de: Christopher Nolan

Com: Christian Bale, Heath Ledger, Aaron Eckhart, Morgan Freeman, Michael Caine, Maggie Gyllenhall, Gary Oldman


Antes de mais nada é preciso expor alguns pontos de vista de forma clara e bastante objetiva: 1) O filme não é só o Coringa 2) Desprezo pseudo-críticos que detestam tudo o que faz sucesso de público, simplesmente inventando subterfúgios e justificativas sem o menor sentido para defender seus pontos de vista 3) Essa é melhor versão já feita/adaptada dos quadrinhos (observem com atenção a palavra usada) para o cinema.


O Cavaleiro das Trevas é tudo isso por diversos motivos individuais que somados resultam num produto final extremamente satisfatório como adaptação e como película.







Quem já acompanha o blog sabe que eu não gosto de escrever difícil, muito menos de teorizar sobre subterfúgios/ subtextos/ morais veladas , a não ser quando elas são importantes para a compreensão da própria trama.


Não existe possibilidade de teorizar sobre O Cavaleiro, pelo simples fato de que ele é tão correto em sua execução e em suas intenções de enredo que a percepção dos sub-textos ficam claras mesmo a primeira “olhada”.






Não encaro isso como problema, mas como uma saudável e lúcida escolha. Batman, não quer ser mais do que mostra na tela e só nos pede respeito.


Respeito a seus conceitos, as suas verdades e principalmente as suas origens.


Vagando pela maravilhosa/ odiosa Internet, me deparo com muitas pessoas que ao analisarem (ou simplesmente comentarem ) esse filme em comparação a todos os demais simplesmente optam pela estética gótica/ carnavalesca/ exagerada e que não combina com o personagem em seu material original (não podemos esquecer que estamos falando de uma adaptação, sempre imagino que quando essa expressão surja é necessário um mínimo de respeito as fontes originais) do diretor Tim Burton.






Não tenho nada contra o poder visual de Burton, mas para qualquer um que tenha lido as mais importantes representações do personagem em sua fonte original, percebe que a interpretação de Burton é no mínimo, equivocada. O Batman de Burton é débil, dependente e frágil. O Batman de Nolan (desconsidero as aberrações de Schumacher) é um fac-simile do seu irmão em quadrinhos. Batman é sombrio, é amargo, é quase psicótico, é na definição mais escrota possível, um fodão !


Quem gosta mais dos Batmans de Burton, das duas uma: ou adora o diretor ou não tem o hábito de ler o material original. E para aqueles que consideram (ainda, em pleno século XXI) quadrinhos um forma de arte (quando consideram assim) menor ou sem tanta importância, devo informar que os quadrinhos conseguem muitas vezes uma aproximação com o cinema tão sublime (sejam nos textos ou nas magníficas imagens) quanto os melhores livros do gênero.





Ainda sobre isso: imaginem-se como fãs de seu livro favorito. Imaginem-se que ele está sendo adaptado ao cinema (frio na barriga imediato) e imaginem que a visão as telas (e que por ventura será passada ao mundo) não reflete em quase nada o que você leu no material original. Frustrante não é ? Então, agora vocês tem uma idéia da minha enorme felicidade quando saí do cinema ao término de Cavaleiro das Trevas.


Falando um pouco do filme em si. Ledger transcendeu, e só consigo usar essa palavra para descrevê-lo em cena, e atingiu o ápice da interpretação desse novo século. Ouso colocar sua interpretação no mesmo panteão de Daniel Day Lewis em Sangue Negro, Javier Bardem em Onde Os Fracos Não Tem Vez, Bruno Ganz em A Queda, Min-sik Choi em Oldboy, Vincent Cassell em Irreversível, Adrien Brody em O Pianista, Tony Leung em Amor a Flor da Pele, Mickey Rourke em O Lutador, Masahiro Motoki em A Partida entre outros.






Christian Bale, cada dia me convence mais como interprete. Seu Bruce Wayne é humano, retraído, amargurado, problemático e heróico. Não no sentido de salvador do mundo, mas consciente em suas escolhas pelo bem maior.


E Aaron Eckhart, o verdadeiro motivo desse filme não ter se transformado em uma guerra : Batman vs Coringa.






Para os “não iniciados” em quadrinhos aconselho-os a irem atrás da mini-série O Longo Dia das Bruxas para perceberem as referências ao personagem Harvey Dent/Duas Caras e sua construção, digamos assim, inspiradora ao filme.


Outra referência (ainda que com a inversão da vítima e menor agressividade) é A Piada Morta em que o Coringa basicamente “arma” o mesmo plano de enlouquecimento previamente planejado de um personagem.






Reparem que o que David Goyer (roteirista) fez nada mais foi do que, respeitar o material original. Ir a fonte (assim como toda boa adaptação) e contar uma história baseando-se no que de melhor o personagem poderia oferecer.


Isso sem falar na direção segura de Nolan e na infinidade de bons coadjuvantes que só fazem o filme crescer ainda mais, em sua perfeita recriação do personagem.






Eu consegui, serei piegas agora, ver em tela grande e com som espetacular tudo aquilo que li durante toda minha infância, adolescência e que ainda leio (com bem menos freqüência é verdade) até hoje.


Foi a realização de um sonho, que embora não tenha sido obra da minha mente se relacionou diretamente comigo de uma forma que poucas vezes aconteceu antes.






Como notaram, a resenha para esse Filmes Para Ver Antes de Morrer, não se pretendeu a somente analisar o filme, mas a demonstrar os motivos para essa ser sim considerada A definição do personagem em carne e osso e alma, muita alma.

 

5 comentários:

  1. Ué, não ia ficar em recesso e só voltar no ano que vem?

    Então, eu não tenho palavras para descrever esse filme. Quanod o vi no cinema, junto com o Renan, numa sala lotada, eu o achei magnífico. Quero dizer, tudo funciona bem e é exatamente como eu gostaria de ver o personagem principal.
    Ele não é o herói chato, aquele que faz o bem de maneira incondicional. Para se ter uma ideia, entre acabar com o crime salvando Harvey Dent ou estar feliz junto com Rachel, ele opta pela felicidade própria, mostrando-se ao mesmo tempo amoroso e egoísta. E isso muda bastante a nossa perspectiva em relação à criatura comum vivida por Michael Keaton, ou o "quero-ser-a-mulher-gato" vivido por Val Kilmer, e, obviamente, o péssimo bathomo, vivido por George Clooney.
    Sobre Heath Ledger, há pouco o que dizer: excelente! E até acho que ele está melhor do que Jack Nicholson.

    Meus elogios a esse filme são sinceros. E é aquele tipod e obra que dá vontade de rever esporadicamente. Apreciar de novo.

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  2. Fala Lues ... vamos postar amanha nossa listinha do que ver em 2010 e ai sim encerramos as atividades do ano.

    Sobre o filme , eu realmente acho sensacional, e pra quem gosta do personagem ainda mais, pois sua recriação nas telas foi primorosa.

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  3. Um dos filmes mais superestimados de tdos os tempos.
    Acho ruim.

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  4. adorei esse filme!
    mas tenho q reve-lo, pois estava no Uruguai e o vi com legenda em espanhol!

    mesmo assim, amei!


    ótimo post!
    bjos

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  5. Concordo com quase tudo, realmente é uma das melhores adaptações (ainda acho que o Zack Snyder tá fazendo um ótimo trabalho) que já vi... Mas não acho tão ruim assim o Tim Burton, além do que, existem um trilhão de roteiristas de HQs do Batman, você como fã sabe disso, e pode-se pegar qualquer fase dele e transformas em filme (mesmo eu achando que o Shumacher realmente preferiu pegar um aloucura da cabeça dele, acho que nem na década de 60 tinhamos o Batman daquela maneira)..

    Acho que meu comentário ficou sem nexo, rs...

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