Suspiria - Especial Argento

Ao me sentar para escrever sobre um dos maiores filmes de terror da história, sinto-me apequenado e tenho certeza que outros escreveram muito mais, muito melhor e foram muito mais profundos do que vou conseguir, mas mesmo assim tentarei retratar o que considero o ponto mais alto de uma carreira cheia de altos (e com alguns baixos) de Dario Argento.

Falar de Suspiria é falar de genialidade. É falar da perfeita integração entre a beleza fotográfica barroca e artesanal com um roteiro sucinto, forte e que nos transporta as portas da magia, nos dando a sensação que é palatável e que podemos tocá-la.

É uma experiência poderosa assistir Suspiria e perceber todos os brilhantes aspectos visuais, os jogos de cores e as experiências estéticas extremamente bem sucedidas realizadas por Argento.

Suspiria fala de Suzy (Jessica Harper fabulosa) uma estudante americana de ballet que chega a uma prestigiosa escola de dança em Freiburg. Ao chegar ao prédio ela cruza com uma estudante que foge do prédio e que na mesma noite (em uma das cenas mais impressionantes da história do cinema moderno de terror) é assassinada. A partir daí o clima de mistério se instaura na escola e na mente da jovem Suzy. O mistério e o sobrenatural estão por perto e as revelações são perturbadoras.

Suspiria , soube-se depois, foi o primeiro filme intitulado como pertencente a trilogia das mães (os demais são Mansão do Inferno e Mãe das Lágrimas).


Argento sempre encaixou em seus primeiros filmes (com mais intensidade em Prelúdio Para Matar) a sensação de que seus giallos eram sobrenaturais, apesar de no fim descobrirmos que não o são.

Dessa vez ele não só flerta, como segue nessa trilha do sobrenatural, e de uma forma precisa como um bisturi e intensa como o jorrar do sangue da jugular.


Argento e Suspiria são hoje, quase que sinônimos e todos os elogios feitos a obra são poucos. Essa é daqueles filmes que devem ser dissecados e analisados em um microscópio tal quantidade de detalhes estéticos e idéias de fotografia e iluminação criativas.

A citar: a revelação do mistério do filme com sua genial mudança de “gelatina”, do vermelho (que permeia todo o filme) para o azul gélido e sombrio, e sua memorável sequência final perturbadora visual e sensitivamente.


Além de todo o apreço visual demonstrado por Dario, a trilha sonora (novamente aos cuidados da banda Goblin) é única. Os elogios são poucos e os sussurros de “witches” ficam horas na sua cabeça martelando.

Suspiria é forte, é arte, é marcante, rasga a tela e penetra nas células de seu corpo marcando eternamente cada frame em sua íris, pele, cérebro e coração.


Bravíssimo Dio Argento !

Suspiria em Imagens:

 COTAÇÃO GIALLO: 5/5