sábado, 19 de março de 2011

Assassinato à Preço Fixo
(The Mechanic, 2011)
Ação - 93 min.

Direção: Simon West
Roteiro: Richard Wenk e Lewis John Carlino

Com: Jason Statham, Ben Foster, Donald Sutherland e Tony Goldwyn



Jason Stathan é o último dos moicanos. Uma relíquia fora de seu tempo. Um fóssil deslocado na temporalidade. O último dos "bad-asses" que constrói seus filmes com a tecnologia de 2011 e com a mentalidade dos filmes dos anos oitenta.


Isso é ruim?

Nem de longe. Diversidade é fundamental no cinema, e só o fato do ator levantar essa bandeira já merece reconhecimento. Não compactuo com muitos críticos que subjugam certos subgêneros e atores. Cada gênero cinematográfico tem boas produções, filmes inesquecíveis e bobagens atrozes. No gênero de ação oitentista, por exemplo, é impossível negar a eficiência de Charles Bronson. Sua série Desejo de Matar, além de ser campeã indiscutível de reprises no Domingo Maior, é a mais duradoura e interessante serie policial do cinema (não conto Operação França, por tratarmos de apenas dois filmes e acho o último Dirty Harry involuntariamente cômico). Fora seu carisma e presença de cena, únicas.



Esse Assassinato a Preço Fixo é um remake de um dos filmes de Bronson. Confesso que não vi o original, portanto não vou comparar um filme com o outro na tentativa de sacramentar uma "vitória" hipotética de uma das produções.


Statham vive Arthur Bishop, um assassino de aluguel que é contratado de uma empresa para fazer a limpeza de alvos previamente escolhidos. Quando o filme começa Arthur é apresentado em ação resolvendo um caso - usando a camuflagem de forma muito criativa - e de volta aos Estados Unidos e a companhia (distante) de seu mentor Harry McKenna (Donald Sutherland). Arthur guarda paralelos com o personagem de George Clooney no recente The American. Ambos são assassinos contratados, ambos são sujeitos calados e marcados por suas profissões, ambos têm dificuldades - óbvias - para se envolverem emocionalmente com mulheres e ambos enfrentam a desconfiança dos que os pagam, e com o decorrer dos filmes, os dois envolvem-se - finalmente - emocionalmente com alguém. Em The American é uma voluptuosa italiana, em Assassinato é na figura perturbada de Ben Foster, que se torna um protegido de Arthur.


Arthur tem de conviver com a culpa de ter realizado sua mais recente ação e sua melancolia é misturada com a sensação que o personagem tem de que seu tempo está acabando.



Simon West (ConAir e Tom Raider) dirige o filme, e opta pelas soluções fáceis. Existe uma traição, uma série de cenas de ação bem feitas, uma "contra-traição", um plano e um final grandilloquente. Tudo como manda a fórmula da ação escapista.

E porque o filme não é bom?

Por algumas razões. A primeira é que Statham apesar de encarnar a persona caladona muito bem, já fez esse personagem antes (e melhor) em Carga Explosiva. A segunda razão é a falta de noção - no pior sentido - do final desse filme, que foi pensado (certeza) no roteiro, mas não se soube como realizar na "vida real". O inverossímil faz parte das "regras" desse gênero , mas inverossímil e contrariar as regras da "física modificada" que o filme usa é exagero. O filme rejeita suas próprias regras em detrimento do final mais espetaculoso. A terceira e pior atende pelo nome de Ben Foster: além de ator limitado e dotado de uma única inflexão de voz (que funcionou em O Mensageiro e só) e de um único olhar, o ator surge transtornado e compõe seu personagem como um jovem rebelde, eternamente chapado e sem objetivos na vida. Quando o filme apresenta um norte ao personagem (mesmo que condenável do ponto de vista moral) Foster se mantém irritadiço e melhora apenas nos minutos finais, quando o estrago já está feito.



Statham é carismático e sabe onde está pisando. Esse é seu mundo e dentro de sua zona de conforto sempre conseguiu sair-se bem. Simon West - um diretor também da área - não complica sua história e mantêm o foco na ação, que é interessante, mas genérica.


Aliás, genérico é uma palavra de descreve muito bem o filme. Assassinato à Preço Fixo se não tivesse o fetiche de ser um remake de Charles Bronson talvez passasse completamente despercebido tornando-se um campeão de locações ao lado dos últimos de Steven Seagal.

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