quarta-feira, 2 de março de 2011

Vanishing on the 7th Street
(Vanishing on the 7th Street, 2010)
Thriller/Suspense - 90 min.

Direção: Brad Anderson
Roteiro: Anthony Jaswinski

Com: Hayden Christensen, John Leguizamo, Thandie Newton e Jacob Latimore



Escuro. Todo mundo - pelo menos quando era pequeno - já teve em algum momento de sua vida, alguma espécie de receio/medo de ficar sozinho em um lugar escuro, vazio ou nebuloso. Vanishing on the 7th Street brinca com essa idéia e é um filme climático, de imagens escurecidas e de momentos que tentam recriar a tensão do abandono frente ao desconhecido.

Pena que esses momentos sejam muito poucos e a mediocridade prevaleça durante a maior parte da projeção. A atuação dos principais protagonistas Hayden Christensen, John Leguizamo e Thandie Newton é fraca e beira a peça infantil. Christensen - um ator limitado - chega ao cúmulo do fingir choro, quando precisa mostrar emoção. Leguizamo parece - como seu personagem - atordoado durante todo o filme e Newton, a única com uma linha narrativa mediana, é fraca, caindo no clichê da mãe desesperada e ensandecida por sua condição.


Brad Anderson é o diretor do elogiado O Operário - aquele com Christian Bale quase anoréxico - e aqui com atores menos inspirados e uma história sobrenatural no pior dos sentidos, brinca com algum sucesso com as sombras e as facilidades para provocar tensão com os elementos sonoros e ângulos evocativos. Porém, a intenção de Anderson parece não ser assustar o público - ou se tentou isso fracassou vergonhosamente. A significância que pode ser percebida é que Anderson tenta imaginar uma cidade (um mundo) sem luz, e na reação que tais personagens sentem aos fazerem parte de tal situação, fugindo da óbvia referência ao terror. Como reagiríamos se nos faltasse luz e vivêssemos em constante tensão com medo das sombras?



Vanishing acompanha quatro personagens (os já citados Christensen/Luke, Leguizamo/Paul e Newton/Rosemary e o garoto Jacob Latimore/James) que são alguns dos únicos sobreviventes a um misterioso sumiço de quase toda a população de Detroit. Inexplicavelmente as pessoas desaparecem após um blecaute, deixando suas roupas e pertences para trás. Aos poucos a escuridão começa a tomar de assalto o dia, e a cada vez menos o dia "vence" à noite. O que segue é uma mistura de filme apocalíptico com suspense psicológico b, onde os sobreviventes tentam entender o que aconteceu com sua cidade, tentam reencontrar os entes queridos e lutar contra os seres das sombras.


Os problemas são que o suspense psicológico é fraco, já que os atores escolhidos mal conseguem apresentar conflitos significativos, e quanto mais transformá-los em uma corrente de tensão. Christensen é o pior deles, como o jornalista Luke, um canalha que troca de cidade e abandona a ex. E só. Christensen não consegue transformar a amoralidade de seu personagem em nada maior do que a mediocridade. Tudo é blasé e mesmo quando o ator diz que "mesmo que sua ex-mulher o odeie ainda seria bom vê-la nessas condições" o público ri de vergonha alheia, pois surge como desespero sim, mas tão mal interpretado que é impossível tomar aquelas palavras a sério. Newton em seus momentos de desespero em busca do filho recém-nascido é patética, realmente exagerada e Leguizamo passa o filme todo bancando o "sábio das ruas", um self-made man que conhece segredos ocultos da humanidade, mas mesmo assim é projecionista de um cinema.


Quando o diretor busca o susto fácil, só encontra bocejos e não sabendo - ou apelando - como terminar seu filme, recaí sobre um clichê óbvio e estúpido e ainda tem tempo para ser politicamente correto. Se Vanishing tivesse sido feito há sessenta anos talvez fosse razoavelmente original e interessante. Hoje, não passa de um pastiche.


PS: Repararam que os nomes dos protagonistas homens são todos bíblicos: Luke/Lucas, Paul/Paulo e James/João. Certeza que não foi por acaso.


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