terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Eu Vi - Azul é a Cor Mais Quente

O tempo para ver as estreias rarearam, mas continuo vendo filmes (e até algumas estreias porque não?). E quem quiser continuar lendo está convidado a acompanhar essa "nova fase" do blog. Textos (e não mais crítica longas) direto ao ponto, sobre o que "andei vendo".

PS: vou tentar manter esse tipo de publicação constante.


Azul é a Cor Mais Quente
(La Vie d'Adèle, 2013)
Direção: Abdellatif Kechiche
Roteiro: Abdellatif Kechiche e Ghalia Lacroix
com: Adèle Exarchopoulos, Léa Seydoux

O primeiro filme baseado em uma história em quadrinhos a ganhar uma Palma de Ouro, também ganhou os noticiários não apenas por suas evidentes qualidades como produção cinematográfica, mas pelas polêmicas envolvendo a alta quantidade de cenas de sexo e o disque me disque entre o diretor Abdellatif Kechiche e as estrelas do filmes, as belas e talentosas Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux. Sem me estender demais, a confusão entre o alegado pulso firme demais do diretor e a dificuldade das atrizes em se sentirem a vontade em meio a tanto sexo em tela, deve ficar à parte em detrimento a obra apresentada, que é de fato, muito acima da média. Como os desmentidos rolaram de lado a lado, acho que os ânimos acabaram se exaltando hoje parece que todos voltaram a "ser amigos" e tudo mais. 

A trama é simples e nessa simplicidade é que o filme acerta. A jovem Adèle é uma colegial normal, sem nenhuma grande qualidade ou falha de carater que está em dúvida quanto a sua sexualidade. Acidentalmente conhece a misteriosa Emma e a partir dai um romance tórrido surge. Nos moldes do que o igualmente excelente "Ferrugem e Osso" fez, esse é um daqueles "romances pé no chão", onde os personagens agem de forma crível e os conflitos emocionam o espectador pela proximidade com situações que podemos enfrentar.

Porém, enquanto Ferrugem era uma quase fábula de superação, Azul não se preocupa em manter o espectador feliz, mas em apresentar uma curva absolutamente comum em todo relacionamento, que diferente do que acontece na maioria dos romances do cinema (especialmente americano) é imperfeito com problemas acontecendo a todo o momento. Melancólico, as atrizes protagonizam cenas intensas - tanto fisicamente, nas já citadas sequências sexuais - quanto emocionais, em discussões e afins. Léa já é conhecida do público e mostra mais uma vez seu talento, mas a inexperiente Adèle (que numa coincidência incrível, tem o mesmo nome da personagem que interpreta) é quem rouba a cena, com um desempenho maravilhoso, cheia de nuances interpretativos, auxiliada pelos excessos (um problema do filme) de closes que seu diretor utiliza, nos faz compreender suas intenções apenas com seu olhar. 

Mas, será que o filme de fato fala de amor? Ou de obsessão? Fiquei com essa dúvida ao fim do filme, e depois que li o quadrinho, percebo que seu diretor abusou da sexualidade para - pra mim - reforçar essa intenção do retrato da obsessão. É uma questão dúbia e que o espectador poderá responder quando der a chance ao filme. O que é unânime (parece, ao menos) é que aqui acompanhamos uma atriz intensa e econômica que estrela essa a produção de grande qualidade.


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