Uma Manhã Gloriosa
(Morning Glory, 2010)Comédia/Romance - 107 min.
Direção: Roger Michell
Roteiro: Aline Brosh McKenna
Com: Rachel McAdams, Harrison Ford, Diane Keaton, Jeff Goldblum e Patrick Wilson
O gênero comédia romântica é o mais malhado pelos colaboradores e pelo editor do Fotograma sem sombra de dúvida. Não somos insensíveis, nem padecemos do mal da falta de coração ou mesmo somos mal-humorados. Apenas percebemos, pela experiência de acompanharmos uma grande (modéstia a parte) quantidade de filmes sendo lançados mês a mês, que este subgênero além de sofrer das limitações (nas produções mais fracas) de clichês exaustivos, tem ainda atores medianos na maioria de suas produções e problemas sérios quando se enxerga como algo mais do que um diversão ligeira.
Felizmente, Uma Manhã Gloriosa, é quase um milagre dentre as produções do gênero, pois consegue misturar o bom humor e a doçura (comuns nessas produções) com uma ligeira acidez (sempre bem vinda), um elenco afinadíssimo (todos muito bem) e uma certa anarquia e irresponsabilidade ao defender suas idéias, fugindo do politicamente correto.
A história acompanha a workaholic ("A" workaholic melhor dizendo) Becky Fuller (vivida com inexaurível intensidade por Rachel MacAdams) uma produtora de um programa matutino de um canal de tv de Nova Jersei. Quando o filme começa, Becky se vê sem emprego e começa a enviar desesperadamente currículos em busca de vagas de trabalho. Consegue na decadente IBS, comandada com fleuma e quase desprezo por Jerry Barnes (Jeff Goldblum) onde lhe é oferecido o cargo de produtora executiva do pior programa da casa, o quase falido Daybreak, apresentado pela histriônica Colleen (Diane Keaton divertida) e pelo chauvinista Paul McVee (Ty Burrell, conhecido pela série Modern Family). Becky de cara manda embora o apresentador e fica com a difícil tarefa de encontrar um novo ancora, ao mesmo tempo em que começa a flertar com o também produtor Adam Bennett (Patrick Wilson de Pecados Íntimos e Watchmen). O escolhido é o ácido e lendário Mike Pomeroy (interpretado pela lenda Harrison Ford, um dos únicos astros americanos ainda não oscarizado), um jornalista dono de todos os principais prêmios da tv e jornalismo americano que se ve preso a responsabilidade de apresentar o programa para conseguir ganhar os milhões de seu contrato.
O que faz de Manhã Gloriosa funcionar tão bem é seu elenco fabuloso. Além da entrega de McAdams, Patrick Wilson não compromete e Diane Keaton está muito a vontade. Mas é Harrison Ford quem opera o milagre de na mesma produção fazer rir e emocionar em questão de minutos, usando de todos os seus cacoetes e olhares que o público já conhece e que dificilmente são vistos em uma produção desse tipo, que volta a mostrar o quanto Harrison pode ser um ator cômico brilhante.
O filme também brinca com a questão notícia x diversão como pauta de um programa de tv, não tentando defender lados, mas deixando claro que há noticia cada dia mais perde espaço para as amenidades na programação. Não consigo encarar isso de maneira mais séria, pois além do filme não defender lados, ainda faz um mea culpa - ou melhor - tenta criar uma utopia onde a noticia e as fofocas podem caminhar lado a lado, já que por mais informados e interessados no mundo ao redor, todos nós (sem exceção) precisamos de um pouco de diversão e descontração.
No cerne, o filme de Roger Michell (o mesmo do também cultuado Um Lugar Chamado Notthing Hill e do gracioso Venus) é exatamente isso: descontraído, carinhoso com seus personagens e que consegue a proeza de divertir o mais endurecido dos espectadores, eu, por exemplo.
Também gostei do filme... Achei um ótimo entretenimento!
ResponderExcluirMe surpreendi completamente. Esperava uma bobagem enlatada
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