Homens de Preto 3
(Men in Black 3, 2012)
Ação/Comédia - 103 min.
Direção: Barry Sonnenfeld
Roteiro: David Koepp, Jeff Nathanson e Michael Soccio
Com: Will Smith, Tommy Lee Jones, Josh Brolin, Emma Thompson, Jemaine Clement
Quando o primeiro
Homens de Preto estreou (no quase jurássico ano de 1997) fez um sucesso
inesperado. A sátira ao mundo da ficção cientifica funcionou
perfeitamente, amparado pelo talento de uma dupla que exibia na tela uma
química tremenda. A direção eficiente de Barry Sonnenfeld também conferia
aquele mundo uma veracidade que nos fez crer que sim, existia mesmo uma agencia
super secreta que cuidava da chegada e partida de alienígenas no planeta.
A inevitável sequência
foi programada, e o mundo teve o desprazer de assistir ao quase indefensável
Homens de Preto 2, que se concentrava tanto em criar novas criaturas que se
esqueceu completamente de apresentar uma historia que não parecesse tão
derivativa e inconstante.
Uma década depois, a
franquia - depois de muitas e muitas noticias sobre a realização do filme -
volta às telas do planeta apostando no carisma de Will Smith, mas do que nunca
alçado a condição de protagonista do filme, e do velho chavão da ficção
cientifica: à volta no tempo.
A trama fala sobre
um alienígena que busca vingança contra o agente K (Tommy Lee Jones) que há
quarenta anos o prendeu, arrancando seu braço no processo, em uma colônia penal
encravada na Lua. Quando o filme começa, o tal alienígena, chamado Boris (Jemaine Clement) consegue fugir da cadeia e volta a terra em busca de um dispositivo que o permita voltar no
tempo e impedir que K o prenda, e por consequência acabar com o agente da MIB.
Sem me estender
demais, o filme engrena quando subitamente K "some" tendo sua existência
apagada da memória de todos, que enxergam o agente como um bravo combatente
morto a mais de quarenta anos. O único que se lembra do agente, é J (Will Smith), que volta
no tempo para impedir que o amigo e parceiro morra.
Homens de Preto se
apóia no carisma de Smith e no falso mau humor de Tommy Lee Jones. Se Smith é
dos poucos atores confiáveis do mercado hollywoodiano hoje, muito se deve a sua
capacidade de entregar personagens agradáveis e naturalmente engraçados,
simpáticos à primeira vista. Seu agente J é um caso claro dessa constatação.
Longe de ser profundo, ou complexo, J é um veiculo ideal para que a persona de
Smith sobressaia num exercício que o transforma naquele amigo "gente boa" ou naquele sujeito que sempre vai ser a alma da festa. E com trabalhos como esse, altamente comerciais e sucessos praticamente garantidos, Smith consegue espaço para se lançar em projetos
mais ousados como Ali ou Procurando a Felicidade por exemplo, trabalhos em que o ator
precisa desenvolver personagens mais densos do que seu homem de preto.
Já Tommy Lee Jones
parece estar no automático há anos. Talvez falte ao ator uma melhor assessoria
que o impeça te tomar contato com personagens muito parecidos. Curioso notar
como essa imagem de Jones (se minha memória não falha) como um sujeito
autoritário, sempre sisudo, mas "de bom coração", nasceu com o
primeiro Homens de Preto e desde então o ator está vezes demais ligado a
projetos que abusam do estereotipo.
As novidades do
elenco são as adições de Emma Thompson como a nova chefe dos Homens de Preto
(será que Rip Torn não quis voltar?) que mostra seu timing para a comédia -
pouco explorado no cinema, infelizmente - e o ótimo Michael Stuhlbarg (do também
ótimo Um Homem Sério e que esteve em Hugo Cabret) como uma criatura que parece ter saído da mente de um roteirista de
Doctor Who, tamanha excentricidade e bizarrice. Stuhlbarg faz de Griffin, uma
criatura divertida e inocentemente perturbada. A impagável participação de Bill Hader como Andy Warhol é outro destaque, e mesmo que curta, apresenta os momentos mais
engraçados do filme ao lado da ótima piada que envolve o presidente americano.
Mas o grande "adendo"
é mesmo Josh Brolin, que imita quase a perfeição Tommy Lee Jones. Além da
semelhança física, Brolin recriou inflexões de voz, olhares enviesados e até a
mania de Jones de manter o olhar eternamente caído, como se suas pálpebras
precisassem de um guindaste para manterem-se abertas. Um trabalho divertido e
correto, principalmente se levarmos em consideração que o material não é
nenhuma maravilha.
Apesar de correto,
o roteiro de David Koepp, Jeff Nathanson e Michael Soccio escorrega justamente na hora em que dele mais se espera.
Durante todo o filme, somos bombardeados com frases misteriosas, de que existe
um segredo muito grande por trás da trama. Quando o grande segredo é revelado,
além dele não ser tão sensacional assim, destrói a suspensão de descrença do
filme, já que prejulga que um dos personagens sofre no mínimo de problemas de
memória graves. E mesmo que o filme insira uma justificativa para essa -
digamos - falta de memória, ignora os eventos mostrados no primeiro filme,
quando encontramos os personagens pela primeira vez e nada é sequer mencionado
referente a esses eventos.
O que resta é um
divertimento leve e passageiro que infelizmente não deixa marca alguma. Os
ótimos efeitos visuais continuam afinados, assim como a trilha e o som. A
maquiagem no somente esforçado Jemaine Clement que vive o vilão Boris, é excelente também.
Mas são elementos técnicos que criam um mundo bonito de se ver, mas simplório,
e pior, requentado. Acho que é a hora dos homens de preto perdurarem os ternos.
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