Plano de Fuga
(Get the Gringo, 2012)
Ação - 95 min.
Direção: Adrian Grunberg
Roteiro: Mel Gibson, Adrian Grunberg e Stacy Perskie
Com: Mel Gibson, Peter Stormare, Dolores Heredia, Kevin Hernandez
Existe uma ideia
no mercado de que certos atores "vendem bem". Mesmo quando os filmes
produzidos ou estrelados por determinados atores são claramente fracos, muita gente
imagina que o carisma ou mesmo a fama vai impulsionar sem muito esforço tais
produções.
Às vezes até
funciona, e não são raros os filmes que ganham sua chance na telona e são
vistos pelo público, mas, em geral, essa estratégia acaba frustrando o público,
que vai ao cinema esperando algo na linha do que aquele astro querido se
consagrou fazendo.
Plano de Fuga
passa raspando nessa categoria. Longe de ser um grande filme, não é um desastre
porque apesar de simplória, a historia funciona razoavelmente bem e tem Mel
Gibson imitando trejeitos conhecidos e até simpáticos de outros personagens
mais interessantes que o seu Motorista (sim, o personagem não tem nome).
Na historia, Mel vive um ladrão de banco que na primeira cena do filme está fugindo desesperadamente
da policia americana - literalmente - na fronteira ianque e mexicana. Quando
consegue fugir (de maneira acrobática e que já indica o clima do filme, onde o
realismo é deixado de lado em função de ações cinematográficas) é preso por
autoridades mexicanas. Corruptos, os policias do México, ficam com o dinheiro
roubado e o enviam a cadeia. Cadeia essa, que mais parece uma cidade da
marginalidade, um gigantesco terreno murado onde homens, mulheres e crianças
convivem como um perturbado conjunto habitacional do crime. E lá que o
nosso herói "gringo" precisa se envolver na fauna do local e - claro
- tentar de alguma forma sobreviver ao ambiente e fugir.
Gibson está no que
as pessoas costumam chamar de "automático", o que nada mais é do que
a repetição de caras e bocas consagradas em outros papéis mais famosos. No caso
de Gibson, uma mistura dos tipos mais "perturbados" como Martin Riggs
da série Maquina Mortífera com Porter, seu personagem no filme O Troco.
Filme esse que
também tem muitas semelhanças no humor "doentio" de Plano de Fuga. Em O Troco , Mel parte em
busca de vingança contra sua esposa e seu melhor amigo que o balearam e o
deixaram para morrer. Aqui, mesmo sem esse plot de vingança (e de fato O Troco
é um filme mais amargo que Plano de Fuga), a quantidade de personagens exóticos
e estereotipados e a ação cravejada de humor negro é muito próxima do filme de
1999.
Até mesmo a
fotografia segue a mesma escola, com uma diferença óbvia em relação às cores.
Se O Troco era sombrio e apostava em tons de azul, Plano de Fuga aposta na
desolação, mas também com o foco em uma cor como guia para representar os
sentimentos do filme, no caso os tons quentes e alaranjados que inflige ao filme uma sensação de angústia e de sujeira e abandono.
No entanto, os - digamos - vilões do filme são muito ruins. Tanto os de
dentro da cadeia, como a ameaça "invisível" que se revela no ato
final são fracas e não criam tensão alguma. Plano de Fuga é daqueles filmes de ação em que você
sabe que o personagem principal sofrerá muito pouco (ou nada) já que em momento
algum tememos por sua segurança.
A direção é de
Adrian Grunberg - um estreante - mas que foi diretor assistente em muitos
filmes como Mestre dos Mares, Apocalypto, Wall Street: O Dinheiro Nunca Morre
entre outros. Sua experiência faz do filme uma experiência visualmente
interessante, principalmente quando retrata os meandros da cidade prisão.
Também é eficiente filmando as cenas de ação, e não tem pudor em mostrar o
resultado de uma troca de tiros.
O roteiro é do próprio diretor, com participação do próprio Mel, o que talvez explique algumas ideias simplórias sobre a personalidade dos personagens, algo bem próximo do que - imagina-se - Gibson pensa em relação a muita gente. Os vilões são maus e pronto, o garoto com que ele se relaciona é daquele jeito porque obviamente sofre de um trauma e sua mãe, claro, irá se envolver com Mel.
Plano de Fuga é
razoável. Um veículo para Mel Gibson mostrar que ainda pode "chutar
bundas" e que Adrian Grunberg pode ter futuro no mercado de filmes de
ação, mas nada além do que um filme que poderia vir direto para o home video, abrindo espaço para tantos outros filmes mais interessantes que não tem o pistolão de um astro em decadência (infelizmente).
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