Piratas Pirados!
(The Pirates! Band of Misfits, 2012)
Aventura/Comédia - 88 min.
Direção: Peter Lord, Jeff Newitt
Roteiro: Gideon Defoe
Com as vozes de: Hugh Grant, Salma Hayek, Jeremy Piven, Martin Freeman, Imelda Staunton, David Tennant, Brendan Gleeson
Conhecidos pela
comédia que beira o absurdo, misturado ao típico humor inglês, a Aardman
realizou algumas das animações mais interessantes dos últimos vinte anos.
Sempre apresentando uma qualidade técnica praticamente irretocável, as
animações em stop-motion da produtora, são exemplo de como aliar comédia e ação para os mais velhos sem se esquecer dos menores.
Apesar de um leve
deslize com Por Água Abaixo, que contava a historia de um rato playboy que se
envolvia com um rato de esgoto, o estúdio inglês produziu filmes de qualidade,
como Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais, que transformava a serie de
curtas de alta qualidade da produtora em um longa metragem muito interessante.
Ano passado a mesma produtora apresentou o igualmente gracioso Operação
Presente, que infelizmente foi pouco visto por aqui.
Pois bem, é muito
triste constatar que em dois anos seguidos, tanto Pixar quanto Aardman lançaram
seus piores trabalhos em suas trajetórias. Se Carros 2 pela Pixar foi o choque
de que até eles podiam errar, Piratas Pirados é a comprovação de que uma
premissa interessante e engraçada às vezes não funciona nem para crianças e nem
para os adultos.
Partindo da ideia
de um pirata obcecado pela ideia de ser o "Pirata do Ano" na prestigiada
organização dos piratas, o filme ainda tenta colocar no mesmo balaio a Rainha
Vitória e... Charles Darwin. Apesar de parecer absurdo (e é, e até ofensivo em
termos históricos) a ideia não é ruim, já que a forma de encaixar as duas
personalidades históricas em meio aos piratas é engenhosa e non-sense, tal qual
a ideia de piratas que divertem em uma "Noite do Presunto", ou seja,
dentro da lógica do filme é compreensível.
O problema é que a
inclusão desses personagens aponta diretamente para o espectador adulto (em
teoria) que se imagina que tenha conhecimento sobre os personagens
apresentados. Os pequenos vão certamente ter mais dificuldade para entender
quem são aquelas figuras e muito provavelmente se referirão aos mesmos como
"A Rainha Gorducha Nervosa" e o "Nerd Bobo e Chorão", pois
são assim que os dois personagens são apresentados ao público, ou seja, nada de
sutileza ou verdade histórica tem vez na animação.
A trama que surge
curiosa e instigante - já que a chegada do famoso naturalista é um dos poucos momentos
de alegria do filme - se torna previsível e o pior, nada engraçada. Uma ou
outra piada interessante fazem os mais velhos rirem (como a dificuldade de todos
notarem que um dos piratas esconde um segredo, digamos, sobre sua origem ou os
muitos disfarces dos piratas), enquanto a historia erra feio ao ignorar a fauna
curiosíssima dos piratas - que são identificados por características físicas ou
de comportamento - e apostar no clichê mais do que batido de aprender com os
erros e redenção, algo que a Aardman até então sempre soube apresentar de forma
original e engraçada (uma característica de todos os seus curtas e filmes).
Além dos
coadjuvantes principais serem muito rasos (Darwin é um bobo apaixonado e a
rainha uma megera e os demais piratas mal aproveitados), o próprio personagem
principal - o Capitão Pirata - não tem carisma algum. Auxiliado por um filme
que tem problemas de ritmo e que não sabe se agrada às crianças ou aos mais
velhos, é uma pequena bomba e que infelizmente vai estar sempre ao lado de
produções muito mais virtuosas sempre que se falar sobre os estúdios Aardman.
pensei que iria para o Oscar
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