domingo, 20 de março de 2011

Enrolados
(Tangled, 2010)
Comédia/Romance/Musical - 100 min.

Direção: Nathan Greno e Byron Howard
Roteiro: Dan Fogelman

Com as vozes de: Mandy Moore, Zachary Levi e Donna Murphy



Alan Menken é um monstro. Esse genial compositor foi um dos responsáveis pelo renascimento artístico das animações Disney no final da década de oitenta, parindo pérolas da cinematografia de animação como: A Pequena Sereia, Aladdin, Pocahontas, O Corcunda de Notre Dame e o mediano mais divertido Hércules, além de ter criado o mais incrível musical da década de noventa: A Bela e a Fera.


Além de tudo isso foi agraciado com uma infinidade de prêmios como oito carecas dourados, sete globos dourados, e seis gramofones - também - dourados.


Porém, nem mesmo Menken foi capaz de salvar da completa mediocridade esse fraquinho Enrolados, que tem cara de Disney anos 90 em seu pior.



Longe de apresentar personagens cativantes como os vistos em outras animações da retomada da empresa, sem o mesmo humor e sem canções dignas de nota, Enrolados é fraco demais para ser o 50º filme animado do estúdio mais importante da animação ocidental.


Enrolados deveria se chamar Rapunzel, é a última das princesas clássicas da literatura a ser adaptada pela Disney. Mudou de nome, depois que A Princesa e o Sapo - feito em 2d - foi um fracasso. Adotaram um nome "moderno", acrescentaram um "herói" engraçadinho e transformaram a princesa tradicional em um misto de criança hiperativa com garota ingênua e colocaram no ar.


Esqueceram apenas de transformar a história em algo igualmente moderno. Não sei qual o controle de John Lasseter (o chefe da divisão de animação da empresa, e o Midas criativo da Pixar) na Disney, mas a presenciar Enrolados, parece ser muito pouco.



O roteiro é um xerox autenticado de tudo que a Disney já fez melhor em épocas vindouras e o humor ácido é diluído e surge apenas em duas seqüências - uma com musica. É muito pouco para sustentar uma história óbvia, que o espectador adivinha como vai terminar e pior, telegrafa COMO ela vai ser conduzida até seu clímax. São falhas graves na construção de qualquer roteiro e que a Disney parece não ter se atentado. A história de Dan Fogelman, o mesmo do mais fraco das animações da Pixar (Carros) e do bobinho Bolt, recicla clichês e não consegue fugir da sombra de outras histórias mais interessantes contadas pelo estúdio.


Menken por sua vez, está em um de seus momentos menos inspirados e apresenta uma sucessão de musicas arrastadas, fracas e sem nenhuma personalidade. O único alento é a divertida I've Got a Dream, num daqueles dois únicos momentos engraçados do filme.



Os personagens não são ruins e isso que faz a decepção ser maior. A exceção do desnecessário camaleão, os demais personagens principais são ora engraçados, ora interessantes. Rapunzel - voz de Mandy Moore - é uma divertida garota hiperativa e sonhadora (como toda princesa Disney). O "herói" Flynn Ryder - voz de Zachary Levi - é arrogante, espertalhão, mas tem um "coração de ouro". Uma versão anos 2000 de Aladdin, digamos assim. Completam os protagonistas, a madrasta Gothel (voz de Donna Murphy) que é uma vilã típica Disney, um pouco mais debochada - lembrando a bruxa Ursula de Pequena Sereia. Entre os coadjuvantes, o cavalo com pinta de cachorro Max é o mais interessante e igualmente divertido.


Bons personagens que são aniquilados pela história bobinha e pelos números musicais insistentes e óbvios que parodiam involuntariamente a carreira de Menken. Se em Bela e a Fera tínhamos Belle - que apresentava a personagem e sua rotina - em Enrolados temos When Will My Life Begin, que cumpre a mesma função. Se em Bela e a Fera tínhamos a debochada Gaston, em Enrolados Menken apresenta a já citada I've Had a Dream. E se tínhamos o "love theme" Beauty and the Beast no filme consagrado com o Oscar, em Enrolados vamos de I See the Light, patética e sem graça.


Enrolados é uma animação fraca - apesar de visualmente eficiente - que nem de longe deveria ser a 50ª produzida pelo Mickey Mouse.

Um comentário:

  1. Olha, eu não tenho nada haver com sua falta e emoção, mas o filme é muito bom. Vc é que é uma pessoa em imaginação nenhuma e tenho certeza que gostou, só não diz isso para nã parecer infantil por ter gostado de algo tão simples e de um final realmente diferente.

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