quarta-feira, 18 de abril de 2012

American Pie: O Reencontro

American Pie: O Reencontro

(American Reunion, 2012)
Comédia - 113 min.

Direção: Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg
Roteiro: Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg

Com: Jason Biggs, Alysson Hannigan, Chris Klein, Thomas Ian Nicholas, Tara Reid, Sean William Scott, Mena Suvari, Eddie Kaye Thomas, Jennifer Coolidge, Eugene Levy, Ali Cobrin, Dania Ramirez

Treze anos atrás, o mundo conheceu um grupo de adolescentes mal resolvidos e sedentos por sexo. Nada muito diferente do que qualquer grupo de adolescentes mundo afora, geralmente sempre preocupados com o trinômio: preciso me enquadrar no grupo, preciso pegar alguém, não quero ser excluído. E antes que alguém atire as primeiras pedras: sim, todos nós passamos por isso, praticamente sem exceção. Em algum momento da vida, sua adolescência vai girar em torno de um (ou mais) dos elementos citados.

No primeiro American Pie, acompanhamos Jim e seus amigos na jornada pela perda da virgindade antes da formatura. O segundo e terceiro filme da série continuou mostrando novas aventuras daquele grupo, tendo sempre Jim como protagonista, já que - para o filme - ele exemplifica perfeitamente o adolescente médio. Longe de ser popular, mas não se enquadrando no grupo dos parias, era inseguro com a mulherada e no fim, queria mesmo era encontrar um grande amor.

Grande amor esse, que foi apresentado de forma "violenta" no original, ganhou corpo no segundo filme e resultou no casamento no terceiro da série. Sim, eu sei, a franquia gerou mais alguns - péssimos - filmes, todos sem o menor charme do original, ou mesmo os atores desses filmes. Eugene Levy - o pai de Jim - é o único que marca presença nas outras sequências que focavam parentes, primos, amigos ou conhecidos do grupo original.


Chegamos a 2012, e American Pie: O Reencontro tenta apelar para a nostalgia de uma geração que tem mais ou menos a mesma idade dos personagens hoje. O foco agora é falar sobre como crescer. Como deixar as lembranças de nossas juventudes em um lugar nostálgico, mas, seguir em frente e nos tornarmos adultos.

Reunindo todo o elenco do capitulo inicial da serie, o filme coloca todos os personagens se reencontrando para um daqueles encontros escolares, que em geral serve apenas para descobrir quem está mais gordo, magro, bonito e feio, ou para mostrar aos pares o quão bem sucedido você está naquele momento. Em geral, as pessoas perdem contato e pouco tem em comum quando se revêem o que - felizmente - não é o caso dos quatro protagonistas do filme.

Jim (Jason Biggs) segue casado com Michelle (Alyson Hannigan), e tem um filho de dois anos. O casal vive na rotina e parece ter perdido o "fogo" que mantém a relação sexualmente interessante. Oz (Chris Klein) parece querer fugir da imagem de superficialidade ligada ao seu nome. Depois de ter participado de um reality show (uma cópia daquele Dancing with the Stars), apresenta um programa esportivo na TV e namora uma bela modelo. Kevin (Thomas Ian Nicholas) é arquiteto, mas trabalha em casa e divide as tarefas domésticas com a mulher e sua mania de acompanhar dezenas de series de tv. Já Finch (Eddie Kaye Thomas) surge cheio de mistério e aquela postura mais madura, mas que o filme - e o público - sabe ser de fachada. E Stifler... continua o mesmo idiota de sempre.


O único que não "cresceu" é o mais honesto do grupo, já que apesar de ter um chefe idiota e que o irrita profundamente, é aquele que não tem conflitos emocionais e parece - por mais absurdo que pareça - mais feliz com sua vida. Uma outra visão da mesma situação pode mostrar que no fundo, Stifler vive em fuga dos problemas e por isso não os encara. Mas o próprio filme trata de encerrar essa ideia, dizendo a todo o segundo possível que "Stifler é assim", ou seja, não é o caso de maturidade, mas o caso de um sujeito feliz sendo simplesmente, um idiota.

Além do grupo de garotos originais, está de volta o pai de Jim (eternizado por Eugene Levy), a mãe de Stifler (outro personagem ligado a sua interprete, Jennifer Coolidge), Vicky (Tara Reid), Heather (Mena Suvari) entre tantos outros que fizeram parte da serie original.

Já o plot, mistura a ideia do tal encontro estudantil, com o surgimento de uma garota que Jim - como sempre o protagonista do filme - tomava conta quando ela era criança e que obviamente cresceu e se transformou em uma bela mulher. Também referenciando as questões de conflitos de geração, a inclusão da garota é o gatilho para que as melhores gags do filme aconteçam, como sempre enfocando Jim e seus muitos "micos" e acidentes.


Apesar de mostrar vários personagens tentando crescer e enfrentar dificuldades (amparados pelo melhor do cinema auto-ajuda) o humor do filme continua intocado. Segue apostando na grosseria, nas gags físicas e na vergonha alheia, o que não deixa de causar uma impressão - constante - de estarmos vendo um remake do filme original.

Mas essa deve ser a intenção do filme, ser uma comédia que apela aos nostálgicos que continuam rindo das mesmas piadas de banheiro que faziam gargalhar aos 15 anos de idade, uma terrível - e muito verdadeira - ironia ao tema do filme. O próprio renascimento da franquia, que não ficou mais "extrema" para competir com os exemplares da comédia adolescente e "adulta" contemporâneas, como Se Beber Não Case e Projeto X, por exemplo, dá razão a essa teoria trágica. Se não fosse notado que o público continua mentalmente preso aos seus 15 anos de idade, existiria um motivo para que a franquia fosse ressuscitada, depois de tantos filmes horríveis lançados direto em home video?

Mas nesse aspecto, o filme já sai perdendo. Comparando-o aos exemplares mais modernos da comédia idiotizante americana, além de parecerem pudicos, falta o senso de perigo que esses filmes mais recentes detêm. O primeiro Se Beber Não Case, por exemplo, mantinha o espectador esperando a próxima absurda situação vivida pelo seu quarteto de personagens. Havia um senso de "perigo" no filme, e uma noção de que "tudo" era possível.


American Pie não aproveita a maioridade dos protagonistas e continua os enfurnando numa repetição sem fim de gags que funcionariam melhor se fossem realizadas por adolescentes e não por marmanjos barbados e com "problemas".

E quando tocamos no tema de filmes para adolescentes, basta assistir Projeto X, que é muito mais moderno e atual e cai muito mais no gosto dos adolescentes, do que American Pie, que deve servir apenas para os adultos que ainda riem quando vêem alguém "se aliviar" num cooler. Datado, previsível e requentado.

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