Chernobyl
(Chernobyl Diaries, 2012)
Suspense/Terror - 86 min.
Direção: Bradley Parker
Roteiro: Oren Peli, Carey Van Dyke e Shane Van Dyke
Com: Olivia Dudley, Jesse McCartney, Devin Kelley, Nathan Phillips, Jonathan Sadowski e Ingrid Bolso Berdal, Dimitri Diatchenko
Chernobyl é
daqueles filmes que faz o espectador questionar a sanidade mental de seus
"colegas" seres humanos. Pois só com muita, mas muita compreensão é
que dá para entender o que leva um grupo de jovens que depois de passear por
lugares incríveis na Europa, decidem se aventurar em uma cidade próxima ao
desastre nuclear de Chernobyl.
O que se passa na
cabeça desse pessoal? Esse é o tipo de turismo que eu realmente não consigo
entender. Mas enfim, Chernobyl coloca meia dúzia de sujeitos em uma excursão
rumo ao desastre atômico soviético. Quatro desses turistas se conhecem. Chris (Jesse McCartney)
e Natalie (Olivia Dudley) namoram e o rapaz está prestes a pedir a namorada em casamento. Paul
(Jonathan Sadowski) é irmão de Chris enquanto Amanda (Devin Kelley) é a amiga de Natalie. Juntam-se aos
quatro, o casal Michael (Nathan Phillips) e Zoe (Ingrid Berdal), que estão juntos há um mês, mas estão em lua de mel
(vai entender). Todos são guiados por Uri (Dimitri Diatchenko), o ex-militar da vez que serve de
guia pela região.
Chernobyl é
dirigido por Bradley Parker que estreia no comando de uma produção, tendo vindo
do mercado de efeitos visuais. O nome mais conhecido nos créditos do filme é o
de Oren Peli, criador da franquia de sucesso Atividade Paranormal, que ao lado
dos Van Dyke (Carey e Shane, atores e roteiristas das produções picaretas da
produtora Asylum que parodia blockbusters para ganhar uns trocados) assina o
roteiro.
Uma brincadeira
que Chernobyl faz é a de subverter a expectativa do publico que imagina ver
mais um "found fottage", devido principalmente aos créditos
anteriores de Peli. O filme começa com uma legitima filmagem amadora do grupo
de amigos apresentando sua viagem na Europa. Quando nos acostumamos com aquela estética,
o filme nos mostra que tudo aquilo que víamos até então, era um vídeo dentro do
filme. Uma pequena colagem dos momentos da viagem até então, que um dos
personagens mostra para outro.
Embora o found
fottage não seja utilizado, a forma como Chernobyl é fotografado e montado
emula a sensação de estarmos acompanhando um exemplar do "gênero". Muita câmera na mão e quase
sempre em movimento, ausência de trilha sonora e até mesmo alguns fades quase
caseiros fazem da experiência de assistir Chernobyl muito próxima da de
acompanhar uma produção que apela para essa ideia.
O conceito da historia é interessante a principio: colocar um bando de americanos em meio ao vazio das
cidades atingidas pelo vazamento dos resíduos nucleares, que claro, escondem um
segredo. O problema é que - de saída - o diretor Parker e os roteiristas
precisam dar uma pequena aula de historia para o público que se imagina sabe o
que foi Chernobyl. Mas, como infelizmente o mundo real é tão obscurecido como
os céus pós-acidente nuclear, o público - em geral mais novo - não faz mais
ideia do que foi Chernobyl.
Depois da aula de
historia e da tentativa frustrada de entrarem na cidade pela entrada normal (protegida
por guardas armados) o grupo decide continuar sua aventura e entrar de qualquer
jeito na cidade, passando por um lago que abriga peixes muito
"exóticos" até chegarem ao centro do que abrigava uma cidade dos trabalhadores
da usina. Os cenários são muito bons, realmente dando a impressão de estarmos
vendo um mundo abandonado. Segundo as informações do filme, as locações foram
encontradas na Sérvia e na Hungria e realmente merecem um destaque especial.
Tanto os cenários externos, que apesar de não serem originais, funcionam
perfeitamente para ilustrar a desolação do ambiente, quanto para os ambientes
internos que "exalam" mofo, atulhados de coisas, praticamente sem
nenhuma iluminação, um criadouro das tais criaturas estranhas que habitam a
cidade.
Claro que nesse
tipo de produção, o clima é responsável por noventa por cento da graça do
filme, já que o interessante (se é que podemos chamar assim) de produções assim é acompanhar a contagem de corpos subindo com o passar do tempo, já que o desenvolvimento dos
personagens sempre fica prejudicado. Aqui não há nada de novo, e os personagens
continuam sendo estereótipos: o bondoso, a garota apaixonada, o inquieto, a
garota forte mais introspectiva, entre outros.
Quando as coisas
dão errado e os personagens precisam sobreviver, a trama se prende aos clichês
do gênero e o filme cai bastante. Apesar de contar com alguns bons sustos, e a
presença das tais misteriosas figuras (que tem uma origem bastante plausível e
cruel) o filme é genérico, embora pelo menos não caia no hall do found
fottage, embora use o recurso de maneira breve durante o filme. Porém, embora o
efeito visual seja interessante, a "motivação" para o uso da técnica
é infeliz e não faz sentido algum para a narrativa.
Apesar de não ser
nenhuma tragédia, a ideia interessante e os bons cenários chegam a iludir o
espectador, que até imagina encontrar uma historia que se diferencie de
tantos outros filmes do gênero. No entanto, Chernobyl apesar de fugir da piada
pronta (não é nenhuma calamidade atômica), está longe de estar na lista dos
grandes trabalhos do gênero. Pelo menos, Oren Peli mostra que pode escrever
algo além do que os fantasmas mal filmados de Atividade Paranormal.
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