A Busca
(A Busca, 2012)
Drama
Direção: Luciano Moura
Roteiro: Luciano Moura
com: Wagner Moura, Mariana Lima, Brás Antunes, Lima Duarte
Vem sendo vendido
como um thriller esse novo filme estrelado por Wagner Moura. De fato ele tem
até essa premissa inicial e primeiros movimentos, mas no cerne é uma
"busca" (trocadilho inevitável) pela verdadeira face de um filho,
visto pelos olhos de um pai severo, duro e que guarda uma mágoa muito profunda.
Montado como um
road movie (a estrutura de roteiro mais simples de ser produzida e a mais
complexa de dar certo), acompanhamos a jornada de Theo atrás de seu filho Pedro,
que some de sua casa sem deixar vestígios em meio a uma tumultuada separação
entre seus pais. Branca, a mãe, está tentando reconstruir sua vida enquanto Theo parece não ter conseguido esquecer a relação.
Mas, A Busca é de
fato um road movie tradicional, que durante a jornada pela estrada sem fim, vai fazendo com que os personagens mudem sua percepção do mundo em que vivem e sobre si
mesmos. É nesse tipo de busca que Theo parte: uma busca por si mesmo, por
encontrar seu espaço no mundo. O personagem de Wagner Moura é uma
personificação de tantos tipos comuns em nossa sociedade moderna: o tipo
nervoso, estressado e que não consegue encontrar alegria na vida e que
possivelmente deve ter destruído sua própria felicidade graças a sua personalidade
forte.
Apesar de
praticamente não aparecer durante quase toda a trama, é o garoto Pedro que movimenta toda a produção. Seu sumiço e subsequente "jornada" o fazem uma espécie
de sujeito oculto que guia todo o desenvolvimento dos personagens especialmente
o de seu pai.
A Busca passa por
uma série de ambientes. Sai da cidade grande e passa por favelas, plantações,
raves em plena natureza, cidadezinhas esquecidas pelo mundo e culmina na praia,
com uma bela vista e uma resolução para os traumas e problemas até ali vistos.
Tudo com escopo, diferenciando cada momento dessa longa estrada.
O filme não faz
muita questão de esconder seus mistérios e se o espectador for perceptivo (não
precisa nem ser muito, pra ser sincero) vai entender facilmente para onde a
história estará caminhando. Isso aliado a um excesso de melodrama na parte final
da produção faz com que a A Busca não alcance o potencial que prometia,
mesmo com Wagner Moura novamente acertando o tom de seu personagem. Por outro lado, muitas informações mais simples, como a profissão do personagem de Wagner Moura, ou os reais motivos para seu casamento estar em crise, ou mesmo o porque uma piscina ganha tanta importância na trama são deixados de lado, para que o público talvez tente achar essas respostas.
Praticamente
sozinho durante boa parte da história, é nele que toda a responsabilidade pelo
filme é colocada. Sobre seus ombros está toda a credibilidade da produção, já
que ele é a pessoa que está em busca de alguma coisa. A principio de seu filho
desaparecido, mas essa busca transfigura-se em algo muito mais pessoal.
Encontrar seu filho passa a ter um significado muito mais metafórico do que
real. Claro, que ele quer encontrar seu filho fisicamente, mas o filme propõe
que ele encontre-o também de forma metafórica. Que ele o conheça de fato.
Não é nada novo,
nem diferente do que muitos filmes já exploraram com mais competência, mas o
desempenho de Wagner compensa a falta de originalidade da produção. A
capacidade do ator estar sempre no tom certo é de uma felicidade enorme para
todo diretor que quiser trabalhar com ele. Aqui sua transformação vai de sujeito
irritável e arrependido por suas bobagens que deram fim ao seu casamento a
homem sereno e que compreende finalmente seu filho.
A Busca não chega
a ser uma produção de grande destaque, muito por causa de desses problemas na parte final da trama, quando as muitas coincidências vão se
somando e o uso de alguns elementos de suspense - forçados - chegam a incomodar.
Mas, na seara de produções nacionais ditas populares e que tem um mercado
maior, é de longe uma opção mais agradável.
Muito bom ver que o cinema brasileiro, tem procurado variar suas temáticas,
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