Os Croods
(The Croods, 2013)
Aventura/Comedia - 98 min.
Direção: Chris Sanders e Kirk DeMicco
Roteiro: Chris Sanders e Kirk DeMicco
com as vozes de: Emma Stone, Nicolas Cage, Ryan Reynolds, Catherine Keener, Cloris Leachman
Em pleno século
21, ainda tem gente que tem medo/ódio do que se apresenta como
"diferente". Parece que continuamos na idade da pedra quando a
"fuga" do sol durante a noite era encarada como um prenúncio do pior.
É só abrir a janela e perceber como vivemos um momento ignorante de nossa
historia. Por isso vem a calhar - principalmente ao ser destinado as crianças
majoritariamente - que uma produção como Os Croods chegue ao cinema.
No cerne da trama,
não temer o diferente e o novo. Os Croods são uma "tipica família"
neandertal que vive numa caverna escura e enfrentam a morte todos os dias
apenas para conseguir o café da manhã. Sua rotina diária é essa e não existe
perspectiva de mudança, já que tudo que é novo ou diferente é logo vetado pelo
pai da família, o intransigente Grug. A protagonista Eep é uma garota que como
toda adolescente adora desafiar os conceitos de seus pais em busca de suas
próprias verdades. Ela está cansada de apenas sobreviver por mais um dia e é curioso
o bastante para ansiar ter mais do que isso.
Entra em cena Guy,
que é um rapaz a frente de seu tempo. Criativo, original, dominando os segredos
do fogo e de outras tecnologias, ele surge para revolucionar o mundo dos
Croods, que sofrem com as mudanças climáticas que destroem seu refúgio (caverna).
Sem casa, eles precisam vagar pelo mundo em busca de um novo lugar.
No fundo, é um
road movie com essa família atravessando os belos cenários criados pela equipe
da Dreamworks que criam uma realidade cheia de cores e criaturas divertidas. No
meio disso, o filme retoma o tema da dificuldade de convivência entre pais e
filhos assim como Sanders (um dos diretores do filme) havia estabelecido em Como Treinar seu
Dragão. Como na produção viking, Eep e seu pai não conseguem se entender e é
sobre essa base que a trama caminha. Os personagens - apesar de cartunescos -
são bem realizados e de personalidade bastante diferente. Se a garota é pro -
ativa e curiosa, seu irmão é preguiçoso e pouco inteligente. Sua irmãzinha
é quase um bichinho de estimação da família, sendo voraz e agressiva. Quem rouba
a cena é sua avó que está em todos os momentos engraçados da produção, com o
excesso de piadas sobre a velha máxima de que a sogra não se dá bem com o
genro.
Dentro dessa
historia de não temer o novo ainda existe espaço pra boa ação com especial
destaque para a fantástica sequência de abertura com um tema divertido criado
por Alan Silvestri. Em poucos minutos o público consegue compreender a difícil
rotina da família Crood para conseguir sobreviver e ainda ganha uma excelente
apresentação dos personagens, muito bem realizada e divertida. Outra característica interessante é o
fato de que a protagonista ser - digamos - o "sexo forte" na relação
, sendo agressiva fisicamente e não tendo medo de usar da força para ameaçar
seu par.
Sendo um irmão pré-histórico
de Como Treinar seu Dragão com mais humor, ele foge da característica da
Dreamworks em fazer mil referencias a cultura pop, deixando-as (sim, elas
existem ainda) muito sutis e integradas a história que está sendo contada. Os
diálogos são muito bons, misturando um humor quase cáustico com a mensagem a
ser passada (já citada aqui de não temer o novo) e que dão ritmo ao filme.
Embora destinada
ao público mais jovem, Os Croods acerta ao tratar de um tema importante e que
ressoa a todas as idades. Além disso, relações entre pais e filhos resistem a
todas as encarnações possíveis. O filme prova o quanto a Dreamworks acertou em trazer Chris Sanders
a sua equipe. Tendo produzido os dois melhores filmes do estúdio até aqui é uma
prova que a fórmula "bichos coloridos + citações modernosas" não
funciona mais e merece ser revista.
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