quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Aviões

Aviões
(Planes, 2013)
Aventura/Comédia - 91 min.

Direção: Klau Hall
Roteiro: Jeffrey M. Howard

com as vozes de: Dane Cook, Stacy Keach, John Cleese, Teri Hatcher, Julia Louis-Dreyfus, Carlos Alazraqui

O que acontece com a Disney? Sei que a margem de lucro do estúdio com suas animações não para de crescer, mas e a qualidade? Antes que alguém argumente, "mas o povo gosta", vamos lembrar que as animações Disney quase sempre foram sucessos de bilheteria. Porém, a qualidade das mesmas também sempre variava. Especialmente no final da vida do estúdio de animação tradicional, a qualidade dos desenhos animados vinha ladeira abaixo.

De outro lado, estava a Pixar. Considerada (e com razão) o estúdio mais assertivo do cinema americano, desde sua primeira animação em longa metragem vinha num crescente de qualidade e esmero técnico. Filmes como Wall-E, Ratatouille ou a trilogia Toy Story falam por si. Mesmo os filmes mais fracos do estúdio, como Carros, tinham lá seu charme. Mas, a Pixar vem errando feio. Errou ao apostar na pavorosa sequência de Carros, no mediano Valente e em liberar "seu mundo de Carros" para que a Disney produzisse o ainda mais fraco Aviões.

Se o espectador já viu os dois Carros, já viu Aviões. Simples assim. Alguém sem nenhuma noção de timing, achou por bem que um roteiro que fala sobre um aviãozinho humilde e responsável pela pulverização de plantações e que se mete em competir em uma corrida global não pareceria demais com a franquia Carros. O protagonista, o aviãozinho Dusty, não é abobalhado como Mate, mas enfrenta uma jornada global como acontece no segundo filme dos automóveis da Pixar. E como no primeiro Carros, o avião tem um mentor misterioso e de voz cavernosa e que esconde um passado cheio de traumas, um inimigo clichê e 110% malvado, um coadjuvante bobo (e que espero sinceramente que numa eventual sequência de Aviões não ganhe papel de destaque) e uma narrativa que é um daqueles road movies sem nada a dizer. Você acompanha os aviões voando por diferentes partes do mundo, enquanto o protagonista aprende "alguns valores da vida".



A animação mais infantil sempre se propõe a passar mensagem positivas ao seu público, é verdade, mas quando isso vem acompanhado de uma história - na melhor das hipóteses - fraquinha, o resultado não pode ser bom. Aviões não engrena, tem um humor arrastado e que repete clichês que já havíamos visto em Carros 2. Se na versão automobilística tínhamos os carro estereotipados que representavam diversos países do mundo, o mesmo acontece com os aviões. Avião mexicano, britânico, indiano e até brasileiro, todos retratando "elementos culturais" de seus países. Como "fan service" vale - a única boa sacada do filme - a lembrança a Top Gun, com dois caças saídos diretamente do filme de 1986 e dublados (na versão original) por Val Kilmer e Anthony Edwards, que atuaram no filme que lançou definitivamente Tom Cruise ao estrelato.

A animação como era de se esperar em se tratando de uma das empresas mais ricas e competentes do mercado é visualmente competente. Ao situar-se no mesmo universo que outra franquia já consolidada tudo fica mais fácil na hora de moldar as criaturas que habitam esse mundo. Gostando-se ou não de Carros, é fácil perceber que tanto os automóveis quanto os aviões fazem parte do mesmo universo, seja pela aparição de outros veículos automotivos quanto pelos cenários que seguem a paleta de cores ensolarada e abusando de muitas cores quentes e fortes como a franquia citada.

Uma pena que tanto trabalho e investimento dê origem a uma das piores animações da Disney em sua história. Sem originalidade na trama, com personagens nada cativantes (talvez o coadjuvante principal, o avião mexicano El Chupacabra, mesmo irritando por seus estereótipos seja o menos pior) e ritmo arrastado embora seja um filme bastante enxuto em sua duração, Aviões - com o perdão do trocadilho infame - não consegue sequer taxiar na pista de pousos e decolagens.

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