Aviões
(Planes, 2013)
Aventura/Comédia - 91 min.
Direção: Klau Hall
Roteiro: Jeffrey M. Howard
com as vozes de: Dane Cook, Stacy Keach, John Cleese, Teri Hatcher, Julia Louis-Dreyfus, Carlos Alazraqui
O que acontece com a Disney? Sei que a
margem de lucro do estúdio com suas animações não para de crescer, mas e a
qualidade? Antes que alguém argumente, "mas o povo gosta", vamos
lembrar que as animações Disney quase sempre foram sucessos de bilheteria. Porém,
a qualidade das mesmas também sempre variava. Especialmente no final da vida do
estúdio de animação tradicional, a qualidade dos desenhos animados vinha
ladeira abaixo.
De outro lado, estava a Pixar. Considerada
(e com razão) o estúdio mais assertivo do cinema americano, desde sua primeira
animação em longa metragem vinha num crescente de qualidade e esmero técnico.
Filmes como Wall-E, Ratatouille ou a trilogia Toy Story falam por si. Mesmo os
filmes mais fracos do estúdio, como Carros, tinham lá seu charme. Mas, a Pixar
vem errando feio. Errou ao apostar na pavorosa sequência de Carros, no mediano
Valente e em liberar "seu mundo de Carros" para que a Disney
produzisse o ainda mais fraco Aviões.
Se o espectador já viu os dois Carros, já viu
Aviões. Simples assim. Alguém sem nenhuma noção de timing, achou por bem que um roteiro que fala sobre um aviãozinho
humilde e responsável pela pulverização de plantações e que se mete em competir
em uma corrida global não pareceria demais com a franquia Carros. O
protagonista, o aviãozinho Dusty, não é abobalhado como Mate, mas enfrenta uma
jornada global como acontece no segundo filme dos automóveis da Pixar. E como
no primeiro Carros, o avião tem um mentor misterioso e de voz cavernosa e que
esconde um passado cheio de traumas, um inimigo clichê e 110% malvado, um
coadjuvante bobo (e que espero sinceramente que numa eventual sequência de
Aviões não ganhe papel de destaque) e uma narrativa que é um daqueles road
movies sem nada a dizer. Você acompanha os aviões voando por diferentes partes
do mundo, enquanto o protagonista aprende "alguns valores da vida".
A animação mais infantil sempre se propõe
a passar mensagem positivas ao seu público, é verdade, mas quando isso vem
acompanhado de uma história - na melhor das hipóteses - fraquinha, o resultado
não pode ser bom. Aviões não engrena, tem um humor arrastado e que repete
clichês que já havíamos visto em Carros 2. Se na versão automobilística
tínhamos os carro estereotipados que representavam diversos países do mundo, o
mesmo acontece com os aviões. Avião mexicano, britânico, indiano e até
brasileiro, todos retratando "elementos culturais" de seus países.
Como "fan service" vale - a única boa sacada do filme - a lembrança a
Top Gun, com dois caças saídos diretamente do filme de 1986 e dublados (na
versão original) por Val Kilmer e Anthony Edwards, que atuaram no filme que lançou definitivamente Tom Cruise ao estrelato.
A animação como era de se esperar em se
tratando de uma das empresas mais ricas e competentes do mercado é visualmente
competente. Ao situar-se no mesmo universo que outra franquia já consolidada
tudo fica mais fácil na hora de moldar as criaturas que habitam esse mundo. Gostando-se
ou não de Carros, é fácil perceber que tanto os automóveis quanto os aviões
fazem parte do mesmo universo, seja pela aparição de outros veículos
automotivos quanto pelos cenários que seguem a paleta de cores ensolarada e
abusando de muitas cores quentes e fortes como a franquia citada.
Uma pena que tanto trabalho e investimento
dê origem a uma das piores animações da Disney em sua história. Sem
originalidade na trama, com personagens nada cativantes (talvez o coadjuvante
principal, o avião mexicano El Chupacabra, mesmo irritando por seus estereótipos seja o
menos pior) e ritmo arrastado embora seja um filme bastante enxuto em sua
duração, Aviões - com o perdão do trocadilho infame - não consegue sequer taxiar
na pista de pousos e decolagens.
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