Rota de Fuga
(Escape Plan, 2013)
Ação/Thriller - 116 min.
Direção: Mikael Hafstrom
Roteiro: Miles Chapman e Jason Keller
com: Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Jim Caviezel, 50 Cent, Vincent D'Onofrio, Vinnie Jones, Sam Neill, Amy Ryan
Sylvester Stallone e Arnold
Schwarzenegger. Para qualquer um que tenha mais de vinte e poucos anos a menção
de uma nova produção com esses dois (mais que atores) personagens de uma
geração já é capaz de levar muito gente ao cinema. Quando o carisma é empregado
em uma produção divertida e que sabe usar os exageros a seu favor, o resultado
é o melhor possível.
Longe de ser um tremendo filme, mas diante
da safra fraca de filmes de ação lançados esse ano, Rota de Fuga é - dos que vi
- o melhor até aqui. A trama fala sobre Breslin (Stallone) um sujeito que ganha a
vida fugindo de prisões de forma profissional. Contratado pelo governo
americano, ele se enfia nas cadeias e tenta fugir das mesmas para provar as deficiências
de segurança dos lugares. Quando o filme começa, acompanhamos logo de cara uma
dessas fugas espetaculares em uma prisão.
Stallone usa todo seu carisma para
construir seu personagem como esse cara que só vive quando está preso. Logo em
uma das primeiras sequências, o cara é confundido na própria empresa por uma
recepcionista. Ao perguntar há quanto tempo ela trabalha lá, escuta que a moça está na recepção a longos cinco
meses. É dessa forma simples que o diretor Mikael Hafstrom, diz-nos que aquele
sujeito não consegue ficar "preso" em um escritório, preferindo uma
temporada (longa) na cadeia mais próxima.
A trama ganha intensidade quando sua
empresa é contratada por uma misteriosa organização particular para verificar a
segurança de sua cadeia, um local onde apenas "gente que precisa
sumir" é enviada. Ignorando os conselhos de sua equipe de campo (a bela
Amy Ryan e o rapper 50 Cent em modo nerd hacker) e aceitando a sugestão de seu
sócio/administrador Lester (Vincent D'Onofrio), muito mais interessado em
dinheiro, decide aceitar o caso. A partir dai Stallone se vê na cadeia
mais estranha e bem organizada que já estivera preso. Gigantesca, com guardas
mascarados, um diretor muito frio e companheiros de cadeia cruéis. Entre eles,
Rottmayer (Schwarzenegger) capanga de um hacker terrorista que é constantemente
interrogado para entregar o paradeiro do sujeito.
A história é a mais óbvia
possível. Sly e Schwarzenegger se unem para fugir e a graça é ver o "plano
infalível" sendo desenhado na nossa frente, sem esquecer da diversão.
Apesar de estarmos vendo um filme de fuga de cadeia, o tom nunca deixa de ser
divertido e não esquece de fazer graça com o encontro dos dois ícones brucutus.
Jim Caviezel é o diretor frio, com mania
de limpeza e cheio de tiques (ele alisa a gravata e fica compulsivamente
limpando o terno) e que não tem escrúpulos. Ao lado dele como o exemplo da
força bruta em seu presídio, está Vinnie Jones que nunca foi grande coisa como
ator, mas tem sempre uma presença ameaçadora que combina com seu personagem no
filme. Sam Neill também faz uma ponta como um médico da instituição que ganha
importância no ato final da produção.
Schwarzenegger talvez tenha um de seus
personagens mais divertidos pra brincar com os estereótipos e faz de Rottmayer um
brutamontes cheio de tiradas engraçadas e que chega até a falar alemão (não me
recordo do ator falar alemão em filme algum anteriormente). Enquanto acompanhar Stallone
como um gênio da física/quimica e ainda sendo bom de briga é o tipo de coisa
que faz o filme ganhar pontos no quesito "não estou me levando a
sério".
Essa talvez seja a grande qualidade do
filme de Mikael Hafstrom. Ao não forçar no tempero do rocambole, a historia
flui tranquila, sem cair no enfadonho e como sequências de cenas pontuais e que
- felizmente - não apelam para o "pisou perdeu", deixando o espectador
conseguir enxergar o que está acontecendo na tela. Outro acerto é na escala da
prisão, que é obscenamente grande e absurdamente "mentirosa" em sua
localização, o que dá mais charme a história. A produção sabe usar os possíveis
equívocos e problemas de lógica comuns em produções do subgênero "fuga de
cadeia" como elementos de força, nos mantendo entretidos com os planos
mirabolantes criados por Stallone. Rota de Fuga não vai entrar pra lista dos
melhores filmes de Stallone ou Schwarzenegger, mas - diferente de Mercenários -
marca uma parceria verdadeira entre os dois símbolos de uma geração e garante
pouco mais de uma hora e meia de diversão de qualidade. É o que se espera de
uma produção desse tipo.
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