quarta-feira, 7 de dezembro de 2011


A grande diferença entre um grande clássico e um filme cult é simples: Cult é aquele filme que você gosta e não necessariamente é tão bom assim (alguns até são), mas que por algum motivo você adora, se diverte e indica aos amigos. O caso é que na ânsia de encaixar esses filmes em alguma sessão, o Fotograma resolveu criar essa nova sessão, onde aqueles filmes amados e cultuados serão aqui comentados. Sempre de maneira leve e divertida, como pede um filme cult.


Parceiros do Crime
(Cruising, 1980)



Se todo filme fosse uma banda, diria que esse longa com certeza seria o Queen. “Parceiros da Noite” (Cruising nos Estados Unidos, interessante trocadilho entre perseguição policial e "cruising in a gay bar") é um dos melhores filmes policiais do cinema americano, estrelando o lendário Al Pacino, na minha opinião, o maior ator americano de todos os tempos. 


O filme dirigido por William Friedkin (de O Exorcista), foi lançado em 1980 e retrata muito bem a cena gay de Nova York do fim dos anos 70. A história mostra a caçada de um detetive iniciante, Steve Burns (Al Pacino), em busca de um temido serial killer, que assassina apenas homossexuais, que ele seduz nas noitadas da cidade. Para achar o meliante, Burns se infiltra na cena gay da cidade nova iorquina, alugando um apartamento na cidade ao lado de Ted Bailey, interpretado por Don Scardino, um jovem homossexual que acaba estreitando uma amizade com o detetive. 


Logo essa vida dupla de Steve Burns acaba criando problemas em seu relacionamento com sua namorada Nancy, interpretada por Karen Willis, deixando a cabeça do detetive em um verdadeiro mar de confusão e dúvidas. Inclusive você terá muitas dúvidas no fim do filme, após a resolução desse mistério. Afinal William Friedkin deixa muitas perguntas no ar, o que é algo essencial para um filme como esse se tornar um verdadeiro clássico, fazer as pessoas pensarem e refletirem sobre a trama. Coisa que parece cada vez mais escassa no mundo, afinal quase todo mundo quer tudo mastigadinho e bonitinho.

A atuação de Al Pacino é simplesmente genial. Muito bem pensado todo o clima de dúvida que passa na cabeça do seu personagem e por parte do diretor a exploração dos elementos S&M de todo o filme. Durante as pesquisas para o longa, William Friedkin esteve em contato com muitos mafiosos que eram proprietários de bares gays e saunas em Nova York. 

A violência em algumas cenas, podem chocar alguns telespectadores, como aquela que alguns policiais despem um dos suspeitos pelo crime e além de bater e torturar, ainda obrigam ele a se masturbar na frente de todo mundo na delegacia. 

Outra cena emblemática é quando o personagem de Al Pacino vai até uma danceteria S&M tentar achar o serial killer, suas reações de espanto no início, com todo o clima do lugar onde todos homens estão caracterizados como "Freddie Mercury/Rob Halford em 1979" e a maneira em que ele entra no clima do ambiente, com direito a mordida na toalha de lança perfume com seu parceiro da noite. Essa cena mostra o quanto Pacino é um ator brilhante!

Na mesma cena da boate, um outro fato que merece destaque é a música que toca no lugar, é de uma obscura banda de rock chamada Rough Trade, o nome da música é Shakedown e me lembrou muito a sonoridade do Queen na época do The Game com todo aquele clima “Hell Bent for Leather”, onde não existia limites nem Aids. O resto da trilha também é muito interessante, no meio de tanta banda obscura tem até uma música do The Germs, ótima banda de Punk Rock de LA. Diria que é praticamente impossível encontrar essa trilha, mas recomendo ir atrás e conferir porque vale à pena.

Na época do lançamento o filme foi alvo de muitos protestos por parte da comunidade gay que achou que o filme retratou os homossexuais de maneira preconceituosa (Nota do Editor: se tiverem interesse, aconselho a irem atrás do documentário Celluloid Closet, onde essa polêmica é ilustrada)

Particularmente acho que isso é um exagero, afinal isso é apenas um filme que visa o entretenimento e nada mais! Apesar disso, a trama em geral é ótima, sendo um dos melhores filmes estrelando Al Pacino em atuação excelente. Corram atrás do DVD (que sai em Dezembro), ou até mesmo o VHS!


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