Sim amigos, ressuscitamos os nossos velhos tops, que agora passaram a aparecer por aqui semanalmente sempre ligados a um dos lançamentos da semana. Nessa estreia, aproveitamos a deixa dada por Os Especialistas lançado na última semana, para prestarmos nossas singelas homenagens ao melhor (ou não) do cinema de ação dos anos 80. Não levem muito a sério, já que toda lista é complicada e sempre polêmica.
Rambo II
Se o primeiro Rambo tinha preocupações pseudo-sociais e um discurso contrário a guerra do Vietnã, o segundo filme assumiu a postura “homem de bazuca contra a humanidade”. Nele, nosso herói John Rambo, enfrenta metade do exército vietcongue para resgatar prisioneiros americanos presos durante a guerra. Em meio a eletrochoques, sanguessugas tiradas a faca em meio a poços de lama, Stallone alcança um novo nível de carnificina nunca antes visto na história do cinema brucutu. Infinitamente inferior ao primeiro, mas uma verdadeira aula de cinema tosqueira, ainda introduziu a famosa faixa vermelha e o ritual da “transformação” do personagem que resistiu as mudanças de mídia e acabou até na versão animada do personagem (quem lembra?)
Cobra
Falar que Cobra é um grande filme é uma bobagem colossal digna de punição severa, mas é impossível negar que todo o exagero, clichês, frases de efeito ruins, caracterização e a “interpretação” de Sylvester Stallone fizeram de Marion Cobretti, um personagem icônico nos anos 80. Aqueles que tiveram o prazer (ou não) de assistir ao filme certamente lembram de seu cadillac hot Rod preto rasgando a cidade em busca do serial killer obcecado pela Valquíria (e posteriormente esposa de Sly) Bridget Nielsen. Como não esquecer do café da manhã onde praticamente tudo se transforma um viscoso líquido consumido ferozmente por nosso herói, ou do bordão que resistiu ao tempo: “você é a doença e eu sou a cura”.
Nico – Acima da Lei
É fato que hoje Steven Seagal mais parece um leão de chácara aposentado e que seus filmes de “ação” são invariavelmente lançados direto em DVD, mas, no final dos anos 80 e início de 90, Seagal chegou a rivalizar com a “santíssima trindade Brucutu” (leia-se Sly, Schwarza e Van Damme) como herói de ação favorito da moçada. Seu primeiro filme, que começa basicamente apresentando Seagal ao público (misturando sua historia pessoal a do personagem, com direito a fotos de infância e de seu treinamento em artes marciais no Japão), aposta da fórmula fácil do policial que busca justiça em meio ao mundo corrupto. Diferente de Stallone e Schwarzenneger que se empunham pela força física e por muito poderio armamentisciso, Seagal, assim como Van Damme, fazia de seus filmes um festival de lutas coreografas onde ele como astro, tinha a chance de mostrar sua técnica ao público. Continua marcante o visual rabo de cavalo, vestuário quase todo preto e a habilidade de vencer os adversários praticamente sem se mexer. Longe de ser um grande clássico do cinema, Nico – Acima da Lei é um retrato de sua época, onde o homem vencia o sistema sem se preocupar em explodi-lo se fosse necessário.
Braddock - O Super Comando
Falar de Chuck Norris – hoje – é quase como falar do Saci Pererê ou de Vampiros. Sabe-se lá por que, Norris adqiruiu uma aura quase sobrenatural, e no início da popularização da internet, transformou-se no Messias de uma geração. São históricas as listas de “coisas que o Chuck Norris faz”, indo desde destruir o sol com seu Roadhouse Kick, ao de curar o câncer apenas ameaçando o vírus com uma cara feia. O mais engraçado é notar que durante os anos 80, Norris foi sempre considerado um “patinho feio” dentre os heróis de ação, mesmo sendo um campeão de artes marciais (quem não lembra da luta entre Norris e Bruce Lee em Voo do Dragão) e tendo seguido a risca os passos do cinema de ação da época. Em Braddock – Super Comando, o coronel James Braddock (Norris) lidera uma equipe de resgate para trazer de volta para casa, soldados americanos presos durante a guerra do Vietnã. Esse talvez seja o maior dos exemplos do termo exército de um homem só, e mesmo que hoje esteja mais do que datado, é um representante mais do que adequado de uma época mais simplista e displicente.
Comando Delta
Dois anos depois de Braddock, Norris junta forças a um dos maiores atores americanos da história (o lendário Lee Marvin de A Queima Roupa, Inferno no Pacífico, Doze Condenados, Os Profissionais entre muitos outros, aqui em seu ultimo filme) para liderar uma equipe que tenta a todos os custos tomar o controle de um avião sequestrado por terroristas libaneses. Em uma época pré-onze de setembro e quando para os norte-americanos terroristas eram apenas mais uma curiosa forma de criminoso, a forma de agir da trupe liderada por Norris e Marvin reflete diretamente esse pensamento vigente. Atire primeiro pergunte depois, sem muita preocupação com os resultados diplomáticos, ONU, direitos humanos, motivações religiosas, críticas ao “império americano” e afins. Comando Delta deixou de ser um longa de ação poderoso, apesar de ainda causar certa tensão pelo ambiente em que se passa, e hoje funciona melhor como análise comportamental de uma época, que hoje jamais seria retratada da mesma forma.
O Grande Dragão Branco
O clássico de ação com Jean-Claude Van Damme foi lançado em 1988 como uma variação do “cinema de macho” que se instalou por toda essa década. No lugar dos anabolizados brucutus com suas armas gigantes, tínhamos um definido lutador, ex-bailarino, que contava uma história com ensinamentos marciais ligados a um torneio sangrento disputado nos confins undergrounds de um país exótico. O interessante do filme é justamente tomar de assalto a cultura oriental das lutas e encaixar numa trama tipicamente americana de filme de ação, com um protagonista irrepreensível, uma trama rasa até o fim e um vilão completamente odiável. Ao investir em coreografias elaboradas e o belga carismático como personagem principal, O Grande Dragão Branco acabou virando um Cult dessa geração. E com toda a razão, afinal até hoje a diversão presente no projeto não foi igualada por nenhum projeto do sub-gênero.
O Justiceiro
Muito mais um veículo para demonstração da virilidade de Dolph Lundgren do que uma adaptação respeitável ao emblemático personagem, a trasheira O Justiceiro foi lançada em 1989 na esteira do Batman de Tim Burton. Numa época em que a Marvel,á beira da crise, ainda não sabia do potencial financeiro que seus personagens tinham, os direitos eram vendidos para qualquer um. Não por acaso, o Quarteto Fantástico teve um filme em 1994 produzido pelo ícone trash Roger Corman. Com orçamento mínimo (9 milhões), roteirista de Karate Kid e o indispensável brucutu sueco, o filme foi uma bomba em todos os sentidos, mas se assumia de tal forma que virou um Cult de menor expressão em meio ás produções da época. Um bom exemplo do descontrole que o cinema machão pode causar.
Fuga de Nova York
O retrato contrastado de John Carpenter, mesclado entre o altamente estiloso e o distópico alarmante, atraiu o público da época com ação envolvente e a criação de um personagem carismático: Snake Plissken. Com a atuação do eterno canastrão Kurt Russel, o protagonista invocava os oponentes com seu tapa-olho característico e, eficiente e durão ao extremo, acabava sendo tão habilidoso e indestrutível quanto um Stallone, mas tinha um roteiro que calcava um tanto de sua atmosfera no crível, o que transformava Plissken em um ícone um tanto (mais não muito) mais verossímil que seus colegas de década. Assim como Predador, porém, Fuga de Nova York servia como exemplo do gênero oitentista mas contava com uma trama envolvente, não servindo apenas como palco para a masculinidade de seu protagonista, o que ocorreu tanto em Cobra quanto em Comando para Matar.
Predador
Ícone entre os filmes de Sci-fi, Predador era um filme fechado e impecável em suas pretensões antes de se tornar um monstro megalomaníaco gerador de franquias e derivados. Sendo um dos primeiros longas a utilizar a consagrada fórmula de “time de especialistas/mortos ambulantes que caçam o vilão”, que já se fez presente em The Thing, Doom e até no novo (e bacana) Predadores. O filme de John McTiernen contava com um bombado e carismático Schwarzenegger para tocar sua narrativa, ao lado de coadjuvantes simpáticos e dispensáveis como Carl Wheaters. Mesmo tendo um ato final que se concretizou como a gênese de diversos clichês do cinema de ação (como o herói escondido na lama), Predador é um raro veículo masculinizado que funcionaria mesmo sem seu brucutu protagonista, o que só eleva a qualidade do projeto que, mesmo com seu raso script, diverte até hoje.
Comando para Matar
Síntese máxima da ação anabolizada dessa época, Comando para Matar é um legítimo exemplar da era Reagen estadunidense: assexuado, hiper-violento, conservador e extremo adepto dos bons costumes, a besteira filmada diverte até hoje justamente pelos seus problemas. Os efeitos datados, a trama estúpida e a glamour máximo do action hero, Commando serviu como palco para a demonstração de virilidade do mais forte entre os heróis da época, o grande Schwarza. Vivendo John Matrix, que tinha a nobre causa de salvar sua filha e buscar vingança (numa das sinopses mais revolucionárias já feitas), Schwarza entrava com uma fúria retumbante, e munido de uma bazuca de quatro canos, no surtadíssimo clímax do filme, que extrapolava as doses de ação e violência ao trazer o Exército-de-um-homem-só massacrando a guarda pessoal do vilão. Ficou tão bacana e exagerado que motivou até o clipe de “Mirando”, do grupo Ratatat.
Nico Acima da Lei me fez rir.
ResponderExcluirA Sharon Stone fazia, não?
Ótima postagem para relembrar filmes de ação que marcaram os anos oitenta.
ResponderExcluirMesmo com seus exageros, a maioria desta lista cumpria a função de divertir os fãs do gênero.
Como gosto pessoal, o mais cult da lista é "Fuga de Nova York", que hoje pode ser considerado quase um clássico do cinema de ação/ficção.
Abraço