A Casa Silenciosa
(Silent House, 2011)
Terror/Suspense - 85 min.
Direção: Chris Kentis, Laura Lau
Roteiro: Laura Lau e Gustavo Hernández
Com: Elizabeth Olsen, Adam Trese, Eric Sheffer Stevens
Ano passado
estreou com algum barulho um longa metragem vindo do Uruguai, chamado A Casa. A ideia deste longa sul-americano era muito interessante: acompanhar
"em tempo real e sem cortes", uma legitima historia de casa
assombrada, ou algo assim. Infelizmente, a magia incensada e desejada pelo realizador Gustavo Hernández, viu ruir-se diante de um trabalho técnico questionável
(além da câmera de mão que acompanha a ação causar vertigens, o filme
apresentava cortes sim, já que o tempo real em que o filme se passa é muito
mais extenso do que o tempo de cena) e de um texto que abusa de um exagero
quase hermético em um gênero com uma proposta que mais confunde do que ajuda o
espectador.
Como parece praxe,
e um atestado cruel de falta de criatividade, os americanos logo pensaram em -
por que não - criarem uma adaptação para a língua inglesa (afinal, o publico
americano não sabe ler e é ignorante mesmo, é o que parecem dizer os muitos
produtores desse tipo de remake). Essa é dirigida por Chris Kentis e Laura Lau e tem como
estrela Elizabeth Olsen (do ainda inédito por aqui, mas muito elogiado Martha
May Marcy Marlene). Curiosamente, o roteiro dessa produção - assim como em O Grito - tem o dedo do diretor e um dos roteiristas do filme original, o já citado Gustavo Hernández.
Apesar de não ser
nenhuma grande produção do gênero, esse remake, consegue (surpreendentemente) ser um
pouco superior ao filme original. Além da qualidade técnica deste ser
infinitamente melhor (apesar da câmera nunca parar, o filme consegue achar ângulos
em que o espectador consegue acompanhar a trama sem, no entanto precisar
adivinhar o que vê na tela), consegue manter a sensação do "tempo
real" mais crível, ao focar-se em período muito mais curto de tempo
(praticamente os mesmos oitenta e cinco minutos e duração do filme em si) e ter
em Elizabeth Olsen
uma interprete muito mais segura do que Florencia Colucci, o era no filme
original.
Existem algumas
alterações na trama, especialmente para tornar a desse remake mais "palatável"
para o gosto do consumidor americano, muito menos afeito a mensagens cifradas especialmente
em filmes com essa temática assumidamente comercial.
A subversão de gêneros,
que já acontecia no filme original, mas que levava o espectador há pensar um
pouco mais e talvez parecesse exagerada em seus conceitos, aqui é mais "pé
no chão", mais próxima de um filme de horror mais comum. Explicações
acabam sendo dadas em uma dose muito maior do que acontecia no filme uruguaio,
mas de outro lado, o impacto das revelações na personagem de Olsen é muito mais
intenso.
Olsen é uma atriz
muito interessante, e que consegue transmitir muita naturalidade no papel de
uma garota que se vê diante de um mal que não consegue enxergar nem
compreender. Suas reações, apesar de esbarrarem nos clichês, são críveis e a
atriz consegue dar veracidade a situação que vive.
Esbarrando no
óbvio demérito de ser um remake (e esse é assumidamente um remake, que não tem
medo nem de copiar alguns planos e estrutura narrativa), A Casa Silenciosa não
é um fracasso como em geral são essas adaptações. Não assusta tanto quando o
original (que era mais aterrador, principalmente pela atmosfera amadora e
imunda do cenário), mas é mais bem resolvido e conta sua historia sem
pretensões, sabendo que é apenas mais um filme de terror. Aposta em uma técnica
"ousada"? Aposta, mas no fundo é a subversão de gêneros e o plot twist
final que são as armas do filme.
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