Bel Ami - O Sedutor
(Bel Ami, 2012)
Drama - 102 min.
Direção: Declan Donnellan e Nick Ormerod
Roteiro: Rachel Bennette
Com: Robert Pattinson, Uma Thurman, Christina Ricci e Kristin Scott Thomas
Robert Pattinson é
um sujeito esforçado. De verdade. Em sua curta carreira, o galã de Crepúsculo
vem tentando se desvencilhar da imagem de vampiro que brilha desde o primeiro
filme da série. Em geral, o ator vem intercalando um sucesso da franquia com um trabalho
menor, mais "autoral", uma clara tentativa de provar ao mundo
que é mais do que um galã da moda.
Foi assim em 2008
quando Crepúsculo e Poucas Cinzas (onde interpretou Salvador Dali) chegaram aos
cinemas com meses de diferença, ou entre os sucessos de Lua Nova e Eclipse, quando
apareceu com o romance Lembranças. Já entre Eclipse e a primeira parte de
Amanhecer foi a vez do sacarótico Água para Elefantes e agora antes do
lançamento do final da série dos vampiros, Pattinson ataca de Bel Ami e
Cosmopolis (ainda a ser lançado). Filmes diferentes do seu trabalho mais
conhecido, mas que assim como sua serie de vampiros padece do mesmo mal: seu
ator principal ainda precisa amadurecer como interprete.
Ainda incomodam a
dificuldade de Pattinson em transmitir algumas emoções por meio das expressões
faciais, tornando sua interpretação muitas vezes engessada emocionalmente. Se o
interprete não consegue transmitir a mensagem do roteiro, a dificuldade do
publico em se importar, gostar, odiar ou desprezar o personagem é muito mais
complicada. Em geral, a sensação que fica é a de indiferença o que é uma
consideração muito cruel diante de uma interpretação.
Todo esse background
político é mal construído e mal compreendido, pois o próprio filme não tem
muito cuidado de explicar o que exatamente aquele grupo deseja. São contra o
governo e querem impedir a invasão de países da África, que eram na época, colônias
francesas e existe uma reviravolta na parte final do filme que fica igualmente
"jogada", sem maiores explicações.
O que interessa a
Bel Ami é mesmo a relação de Georges Duroy (Pattinson) com as mulheres de sua
vida. A ingênua e apaixonante Clotilde (Christina Ricci), que é a personagem
mais interessante do longa, pois é a primeira que possibilita a Georges
perceber o potencial de sedução que ele tem. Também pode ser considerada como a
"mocinha" da historia, já que vive em um casamento que não tem o
menor amor e tenta a todo custo transformá-lo em alguém melhor. E Kristin Scott
Thomas completa o time de atrizes talentosas do elenco coadjuvante, como a
reprimida Virginie, que tem um arco dramático que vai transformando a
personagem em uma patética tentativa de criar uma espécie bizarra de alívio cômico,
ou algo do gênero.
As atrizes estão
bem, em especial Ricci
que por ter a personagem mais interessante do filme em mãos, mas tanto Scott
Thomas como Thurman não estão mal. Scott Thomas é prejudicada pela transformação
de sua personagem e Thurman pela falta de profundidade de algumas reações e
atitudes de sua personagem.
Do que se espera
de um filme de época ele cumpre com suas obrigações visuais: tem boa direção de
arte, embora o filme se passe quase que completamente em ambientes internos,
fotografia correta e bons figurinos. A trilha é incomoda em alguns momentos,
principalmente quando parece querer criar um tema para o personagem de
Pattinson que nunca empolga, tornando-se quase uma assinatura de suas armações.
Bel Ami tenta
transformar a corrida pela fama e ascensão social em um drama com ares
românticos. Não conheço o romance original - considerado clássico - de Guy de
Maupassant, mas imagino que a historia deva ser muito mais cáustica e cruel do
que a que vemos aqui. Apesar dos planos finais da obra ser cínicos e
apresentarem uma conclusão amarga, é no contexto e na condução da história que
percebemos o quão uma historia com clara inclinação a sátira social foi se
transformando em um veiculo para provar que Pattinson é um ator versátil. Uma
pena que a sátira foi esquecida e que não foi dessa vez, mesmo esforçando-se,
que Pattinson vai conseguir se desvencilhar do vampiro Edward. Esperemos por
Cosmopolis, quando o ator estará sob as asas do sempre intrigante David
Cronenberg.
Não tenho muita vontade de assistir a esse filme, mas felizmente o seu texto não destruiu o pouco de interesse que eu tinha nele. Se for vê-lo, será mais pelas atrizes, em especial Uma Thurman, do que pelo roteiro ou qualquer outra coisa.
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