sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Bel Ami - O Sedutor


Bel Ami - O Sedutor
(Bel Ami, 2012)
Drama - 102 min.

Direção: Declan Donnellan e Nick Ormerod
Roteiro: Rachel Bennette

Com: Robert Pattinson, Uma Thurman, Christina Ricci e Kristin Scott Thomas

Robert Pattinson é um sujeito esforçado. De verdade. Em sua curta carreira, o galã de Crepúsculo vem tentando se desvencilhar da imagem de vampiro que brilha desde o primeiro filme da série. Em geral, o ator vem intercalando um sucesso da franquia com um trabalho menor, mais "autoral", uma clara tentativa de provar ao mundo que é mais do que um galã da moda.

Foi assim em 2008 quando Crepúsculo e Poucas Cinzas (onde interpretou Salvador Dali) chegaram aos cinemas com meses de diferença, ou entre os sucessos de Lua Nova e Eclipse, quando apareceu com o romance Lembranças. Já entre Eclipse e a primeira parte de Amanhecer foi a vez do sacarótico Água para Elefantes e agora antes do lançamento do final da série dos vampiros, Pattinson ataca de Bel Ami e Cosmopolis (ainda a ser lançado). Filmes diferentes do seu trabalho mais conhecido, mas que assim como sua serie de vampiros padece do mesmo mal: seu ator principal ainda precisa amadurecer como interprete. 

Ainda incomodam a dificuldade de Pattinson em transmitir algumas emoções por meio das expressões faciais, tornando sua interpretação muitas vezes engessada emocionalmente. Se o interprete não consegue transmitir a mensagem do roteiro, a dificuldade do publico em se importar, gostar, odiar ou desprezar o personagem é muito mais complicada. Em geral, a sensação que fica é a de indiferença o que é uma consideração muito cruel diante de uma interpretação.


Em Bel Ami como disse, Pattinson se esforça como o sujeito que chega a Paris sem nenhuma grande habilidade, mas que se aproveitando de sua beleza envolve-se com as mulheres fortes de Paris na tentativa de vencer na vida. A primeira é a inteligente - e muito bela - Madeleine Forrestier (Uma Thurman) que é o cérebro em uma relação que beira o casamento aberto com seu amigo do tempo de exército, Charles Forestier. Muito inteligente, logo propõe um plano de utilizá-lo como porta-voz do jornal que o marido escreva, aproveitando a experiência de guerra do rapaz como estopim para uma mudança social.

Todo esse background político é mal construído e mal compreendido, pois o próprio filme não tem muito cuidado de explicar o que exatamente aquele grupo deseja. São contra o governo e querem impedir a invasão de países da África, que eram na época, colônias francesas e existe uma reviravolta na parte final do filme que fica igualmente "jogada", sem maiores explicações.

O que interessa a Bel Ami é mesmo a relação de Georges Duroy (Pattinson) com as mulheres de sua vida. A ingênua e apaixonante Clotilde (Christina Ricci), que é a personagem mais interessante do longa, pois é a primeira que possibilita a Georges perceber o potencial de sedução que ele tem. Também pode ser considerada como a "mocinha" da historia, já que vive em um casamento que não tem o menor amor e tenta a todo custo transformá-lo em alguém melhor. E Kristin Scott Thomas completa o time de atrizes talentosas do elenco coadjuvante, como a reprimida Virginie, que tem um arco dramático que vai transformando a personagem em uma patética tentativa de criar uma espécie bizarra de alívio cômico, ou algo do gênero.


As atrizes estão bem, em especial Ricci que por ter a personagem mais interessante do filme em mãos, mas tanto Scott Thomas como Thurman não estão mal. Scott Thomas é prejudicada pela transformação de sua personagem e Thurman pela falta de profundidade de algumas reações e atitudes de sua personagem.

Do que se espera de um filme de época ele cumpre com suas obrigações visuais: tem boa direção de arte, embora o filme se passe quase que completamente em ambientes internos, fotografia correta e bons figurinos. A trilha é incomoda em alguns momentos, principalmente quando parece querer criar um tema para o personagem de Pattinson que nunca empolga, tornando-se quase uma assinatura de suas armações.

Bel Ami tenta transformar a corrida pela fama e ascensão social em um drama com ares românticos. Não conheço o romance original - considerado clássico - de Guy de Maupassant, mas imagino que a historia deva ser muito mais cáustica e cruel do que a que vemos aqui. Apesar dos planos finais da obra ser cínicos e apresentarem uma conclusão amarga, é no contexto e na condução da história que percebemos o quão uma historia com clara inclinação a sátira social foi se transformando em um veiculo para provar que Pattinson é um ator versátil. Uma pena que a sátira foi esquecida e que não foi dessa vez, mesmo esforçando-se, que Pattinson vai conseguir se desvencilhar do vampiro Edward. Esperemos por Cosmopolis, quando o ator estará sob as asas do sempre intrigante David Cronenberg.



Um comentário:

  1. Não tenho muita vontade de assistir a esse filme, mas felizmente o seu texto não destruiu o pouco de interesse que eu tinha nele. Se for vê-lo, será mais pelas atrizes, em especial Uma Thurman, do que pelo roteiro ou qualquer outra coisa.

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