Os Mercenários 2
(The Expendables 2, 2012)
Ação - 103 min.
Direção: Simon West
Roteiro: Richard Wenk e Sylvester Stallone
com: Sylvester Stallone, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Terry Crews, Randy Couture, Liam Hemsworth, Nan Yu, Bruce Willis, Arnold Schwarzenegger, Jean-Claude Van Damme, Chuck Norris
Overdose de testosterona.
Maior coleção de brutamontes por metro quadrado. A maior quantidade de balas
usadas em um mesmo filme na historia do cinema. Um bando de senhores de idade -
quase geriátricos - disparando contra outro tanto de desconhecidos. Essas e
outras definições podem ser usadas para descrever Mercenários 2. Porém, apesar
de serem honestas, são igualmente pejorativas.
É claro que o filme é uma reunião de brucutus oitentistas cheia de referências e paródias ao momento em que essa trupe mandava nos cinemas.
Claro que a quantidade de tiroteios é exagerada. Claro que a idade passa para
todos, mas também é claro que a intenção de uma produção como Mercenários 2 é
exatamente essa: divertir-se com o exagero.
Não é possível
encarar Mercenários 2 da mesma que se encara um filme de ação como os Jasons
Bourne da vida, ou mesmo produções onde esse viés realista é o foco principal
da ação. A produção encabeçada por Sylvester Stallone é um tributo a uma época
quase jurássica (pelos padrões dos moderninhos de plantão), onde um homem e seu
fuzil enfrentavam (sem colete, às vezes sem camisa) um exercito de inimigos
virulentos e sempre malvados em busca de justiça e liberdade (mesmo que essa
seja conquistada a base da bala, sem nenhum conhecimento sobre o local da
incursão heróica).
Como produto dos
anos oitenta, Stallone sabe como poucos elaborar uma historia que beba sem
nenhuma dó nesse lago, ao mesmo tempo em que (sendo um sujeito que, apesar do
que muitos falam, não parou no tempo) consegue elaborar sequências de ação
usando o que tecnicamente existe de melhor no ramo. Trocando em miúdos:
Mercenários 2 é uma coroa de 50 e poucos depois de horas e horas de academia,
dieta balanceada, algumas correções faciais e muito bom humor. Sim, humor,
essa é a grande característica do filme. Não se levar a serio em momento algum,
mesmo naqueles momentos em que - em teoria - deveria se levar.
A equipe de
Mercenários continua a mesma do filme anterior, reunindo Stallone, o
lendário ex-lutador do UFC Randy Couture, o engraçado Terry Crews, o mestre das artes marciais Jet Li, o alívio cômico, sim uma grande
descoberta do filme, Dolph Lundgren e o último herói de ação, o
inigualável Jason Statham. Ao lado desse pessoal, se junta o novato Liam
Hemsworth, de Jogos Vorazes, como um jovem atirador de elite. Logo na primeira sequência,
que também serve de prólogo, reconhecemos uma figura que fez uma aguardada
participação no filme original e nos despedimos de Li, que no filme tem uma
participação bastante limitada (problemas de agenda?).
Após serem contatados
novamente pelo misterioso Church (Bruce Willis), o agente da CIA que não tem
pudores em contratar os Mercenários para cumprir serviços sujos, são enviados
para uma região remota na Europa em busca de um artefato que poderá redimi-los
pelo fiasco (na visão de Church) visto no filme original. A essa equipe se
junta a misteriosa e bela Maggie (Nan Yu), que tem a responsabilidade de encontrar o
artefato e ainda não ser ferida, tornando o personagem de Stallone uma babá de luxo. Depois da
missão, acabam sendo surpreendidos pelo grupo liderado pelo vilão Vilain (sim,
não é por acaso que o nome do sujeito seja "vilão" escrito em inglês,
o que mostra o bom humor da produção), que é "interpretado" no alto
de toda sua canastrice por Jean-Claude Van Damme.
Sem estragar a
graça da historia - que de fato é divertida - apenas digo que alguma coisa sai
errada e os mercenários partem para o revide, enfrentando meio mundo no
processo. O roteiro é banal, bastante derivativo de dezenas de outros filmes mas funciona, já que o filme é uma ode a todo esse exagero de duas décadas
atrás.
Tentar enxergar
algo mais do que diversão escapista em um filme como esse é um exagero
desnecessário. Porém, cabe aqui uma explicação aos muitos que talvez fiquem
pensando: "por que nesse caso, você diz isso, e em outros filmes você não
dá esse desconto?". Simples, em geral esse tipo de produção se leva ou a
sério demais ou é infeliz no quesito diversão descerebrada. Mercenários
consegue ser uma produção que visando apenas o passatempo, consegue seu objetivo,
principalmente quando coloca os astros de ação para contracenar, soltando frases
de efeito a todo o momento.
Além de em
Mercenários 2 termos muito mais de Schwarzenegger e Willis (agora até com armas
em punho), temos a adição - de maneira mítica - de Chuck Norris, que surge da
maneira mais sensacional possível, rendendo sem sombra de dúvida o momento mais
divertido de todo o filme. Completamente à vontade em sua imagem de semideus
que a Internet imortalizou (quem nunca leu algum dos feitos que Norris seria
capaz de fazer?) é responsável pelas melhores frases e mesmo que seu personagem
não tenha nenhuma função prática na trama, é absolutamente indispensável para que o
sabor nostálgico do filme estar completo.
Stallone e Statham
são os protagonistas do filme e fica claro que Sylvester enxerga no britânico
uma espécie de sucessor, mesmo porque é o "ultimo dos moicanos"
dentre os brucutus. É o único que ainda consegue colocar um trabalho ou outro
nos cinemas e que se mantém ativo com uma produção de baixo orçamento e muita
pancadaria, competente muitas vezes, por ano.
Mercenários não
inventa a roda nem tenta ser original. É uma homenagem, uma declaração contra
os heróis politicamente corretos da atualidade (as frases em que os veteranos
se declaram peças de museu é impagável), uma diversão escapista e uma coleção
de cenas de ação bem realizadas. O que esperar, além disso?
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