A Datilógrafa
(Populaire, 2012)
Comédia/Romance - 111 min.
Direção: Régis Roinsard
Roteiro: Régis Roinsard, Daniel Presley e Romain Compingt
com: Romain Duris, Déborah François, Bérenice Bejo, Shaun Benson
Simpática comédia francesa, A Datilógrafa
esteve no festival Varilux de cinema francês e chega ao circuito nacional, dando a chance
de um público maior conseguir assistir a esse singelo trabalho do diretor Régis Roinsard que não tem medo de fazer uma comédia romântica com vários dos elementos
tradicionais em tramas do gênero. E fazer desses clichês que nos irritam em
diversas produções diferentes, elementos de força no filme.
A trama fala sobre a garota do interior
Rose Pamphyle, que no final dos anos cinquenta, quando o papel da mulher na sociedade era
o de mãe e dona de casa, decide sair da pequena cidade onde nasceu e enfrentar o mundo. Um dos poucos empregos que uma garota poderia conseguir é o de
secretária e por isso Rose entra na disputa pelo cargo em uma firma de arquitetura.
Sua única qualidade é a de datilografar, o que faz com velocidade impressionante,
o que chama a atenção de seu chefe (Louis), um ex-atleta que desistiu dessa vida quando
participou da segunda guerra mundial, mas que mantém a chama da competitividade
acesa, especialmente contra Bob, seu amigo americano que se casou com sua
paixão do passado, a igualmente bela Marie.
Nessa tentativa de competir e de vencer seu amigo (que aposta contra o sucesso da garota de forma irônica) -
mesma que seja usando outras mãos - Louis inscreve a jovem garota em um concurso local de digitação em velocidade (sim, amigos é isso mesmo que vocês leram) e a
partir daí o romance toma conta da produção, usando os velhos artifícios do
homem que não tem coragem de assumir uma posição e da mulher apaixonada e que
se coloca nas mãos do sujeito para tê-lo em sua vida.
Elementos básicos em uma dezena de
comédias românticas e que aqui funcionam pela direção de Roinsard, que consegue
manter sob controle a taxa de glicose da trama, e pela química entre os
protagonistas. Se Louis (Romain Duris) esbarra na caricatura, exagerando em algumas caretas e
num excesso de sisudez que beira a antipatia em certos momentos, Rose (Déborah Françoise) é
radiante. Nunca tinha visto a jovem atriz, e ela me pareceu uma
mistura de Natalie Portman com Mary Elizabeth Winstead, atrizes que usam dos
seus grandes olhos para conquistar a afeição (e paixão) do espectador. É
singela e delicada, mas não cai no clichê da mocinha burra e indefesa.
As tais competições de datilografia são os
pontos altos do filme. Muito bem montadas e usando o som para construir uma
cama sonora que dispensa o auxílio de música propriamente dita, Roinsard consegue criar tensão em um grupo de pessoas batendo a máquina, da mesma forma
que acompanharíamos uma atividade esportiva. O filme ainda explora a questão do
culto a fama, mesmo quando essa venha por motivos aparentemente banais (como bater
a máquina em alta velocidade), e de forma discreta faz sua "denúncia"
à fábrica de ídolos do esporte.
Mas esse não é o foco da história de fato.
A produção francesa é uma historia de amor bastante previsível e que transita
pelos clichês com sucesso e bastante charme. A excelente reconstrução de época
e a direção de arte elegante e que abusa da mistura de cores (especialmente nas
tais competições) ajudam a deixar o filme mais leve e até ingênuo, beirando um
conto de fadas moderno. Simples, sem inventar a roda e abusando de clichês, mas
com atores decididos e com ótima química, A Datilógrafa é um raro caso de
comédia romântica que consegue sobreviver mesmo com seus clichês.
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