terça-feira, 7 de maio de 2013

Colombiana: Em Busca de Vingança

Colombiana: Em Busca de Vingança
(Colombiana, 2011)
Ação - 108 min.

Direção: Olivier Megaton
Roteiro: Luc Besson e Robert Mark Kamen

Com: Zöe Saldana, Michael Vartan, Callum Blue

Jason Stathan é - hoje - o maior (e talvez único) astro do cinema de ação do mundo. Apesar de outros nomes continuarem na ativa, se existe um homem que consegue emplacar todos os seus filmes na tela grande, mesmo alguns deles dotados de argumentos paupérrimos, ação genérica e sendo distribuídos por estúdios pequenos, esse homem é Statham.

Caso esse Colombiana fosse estrelado pelo brucutu inglês certamente teria cavado seu lugar nos cinemas nacionais, já que este é um filme talhado para o ator. Uma história boboca, já reciclada em diversos outros filmes mais interessantes, ação que não apresenta nenhuma grande novidade e interpretações no automático, de todo o elenco. Alguma diferença para 95% dos filmes de Statham?

Talvez, o fato de Colombiana ser estrelado por uma mulher - a bela Zoe Saldana - possa espantar os fãs de ação. Se isso for verdade, mostra o quão preconceituoso pode ser o espectador. Só porque não existe uma mocinha indefesa para ser salva? Ou porque dessa vez não existe a garota linda e sensual que serve de companhia para o "herói de poucas palavras"? Ou porque, muita gente não consegue conceber (ainda) que uma mulher possa ser tão letal e violenta quanto qualquer homem? De qualquer forma, comercialmente o filme fracassou. Artisticamente, também não é brilhante, mas insisto não deve em nada aos exemplares estrelados por Statham, ou outros filmes de ação generalistas que chegam aos cinemas todos os meses.


Colombiana conta a história de Cataleya, uma jovem garota ahn... colombiana, que depois de presenciar a morte dos pais ainda garota, ataca seus assassinos e parte em fuga, enquanto é perseguida pelos matadores. Seu pai não era nenhum santo na história, trabalhava para um mafioso local e tinha informações sigilosas sobre organização criminosa e antes de morrer, deixa com a filha os segredos que serviriam como passaporte para uma sobrevida da garota. Depois de conseguir chegar a embaixada americana e literalmente vomitar as informações, a garota é enviada aos Estados Unidos. Mas assim que desembarca, foge em busca de um tio - que também não é flor que se cheire - e acaba revelando a ideia (nunca plenamente justificada no roteiro) de querer ser tornar uma assassina.

O filme avança no tempo e vemos uma Zoe Saldana como a personagem anos mais tarde e a partir dai se envolvendo em uma trama de assassinatos, perseguições e politicagens. Nada complexo, embora Zoe se esforce para humanizar sua personagem o máximo que pode. Para não dizer que o filme poderia ser estrelado sem problema algum por Statham, existem duas sequencias em que a personagem "desaba" e que imagino serem complicadas para o ator realizar, já que iriam contra a sua imagem de astro cool.

Mas, mesmo assim não são suficientes para resgatar o filme da mediocridade. As motivações da personagem são bem compreensíveis, mas o andamento do filme é atrapalhado por um vilão que fica muito mais a sombra do que deveria, e que quando confrontado - física ou intelectualmente - parece exageradamente fraco. Curioso notar que Luc Besson é um dos roteiristas do filme. O mesmo que "inventou" Nikita, a maior de todas as assassinas do cinema contemporâneo e que aqui não consegue fugir do lugar comum.


O personagem do agente federal que investiga a nossa "heroína" é daquele tipo de agente da lei que demora mais do que todos os presentes na imaginária sala de cinema para entender a trama, ou mesmo concluir alguma coisa. O sujeito é incompetente, e despensa de saída uma pista fundamental para sua investigação, talvez por se comportar como o público alvo imaginário do filme e tem uma resolução que expressa toda a falta de capacidade do policial em resolver o caso, ou mesmo em manter testemunhas próximas.

Como em todo filme de ação que se preze, é preciso que exista no meio de toda a pancadaria momentos mais "leves" e até românticos. A personagem de Danny Delaney (Michael Vartan) representa o estereótipo da "gostosa do filme de ação", tendo a mesma profundidade e cometendo os mesmos erros primários que esse tipo de personagem costuma cometer.

A ação e a direção de Olivier Megaton (eita sobrenome bonito), se não é brilhante não é ofensiva. Apesar de seguir a cartilha do piscou-perdeu, não é - digamos - um dos alunos mais esforçados da turma, já que é possível notar os movimentos dos atores /dublês nas lutas corpo a corpo, em especial em uma que se passa em um banheiro. Já os tiroteios e o modo "stealth" seguidamente apresentados no filme - já que Cataleya é uma assassina profissional - surgem com mais fluência em planos razoavelmente longos e montados de forma mais didática, o que ajuda o espectador a compreender o que vê.


Apostando nas cores estouradas - numa tentativa de seguir a escola Tony Scott de filmes de ação, talvez - e em inserir dentro do núcleo familiar de Cataleya símbolos que reforcem os laços daqueles personagens (a questão da flor que tem o mesmo nome que a personagem e que se torna fundamental na trama é outro detalhe), Colombiana tenta fugir do lugar comum, mais é sabotado pelos próprios limites do gênero que abraçou. Zoe Saldana tenta emplacar aqui como heroína de ação, um nome seguro para que investidores apostem quando falamos desse tipo de produção, mas mesmo esforçando-se patina nas obviedades que fazem do filme uma versão com estrogênio de um "brucutu movie" dos anos 80.

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