quinta-feira, 16 de maio de 2013

Reino Escondido


Reino Escondido
(Epic, 2013)
Aventura - 102 min.

Direção: Chris Wedge
Roteiro: Tom J. Astle, Matt Ember, James V. Hart, William Joyce e Daniel Shere

com as vozes de: Amanda Seyfried, Jason Sudeikis, Pitbull, Steven Tyler, Beyoncé, Josh Hutcherson, Colin Farrell, Judah Friedlander, Christoph Waltz

Quando eu era pequeno, me lembro que assistir a um desenho animado no cinema era uma coisa rara. Ou você se contentava com reprises dos clássicos da Disney (sou um pouco mais velho que a retomada da Disney no cinema, embora tenha visto quase todos no cinema também) ou chupava o dedo. Havia muitos filmes live-action para jovens e crianças, casos de Goonies e Labirinto, por exemplo. Os tempos são outros, e se hoje os filmes live-action para crianças praticamente desapareceram (substituídos pelos insossos "filmes para toda a família"), as animações povoam as salas de cinema com uma força nunca antes conhecida.

Se a Disney tinha o monopólio dos longas metragens, hoje a Dreamworks, Blue Sky, Paramount e até mesmo produtoras européias e japonesas (Studio Ghibli em especial) conseguem cavar seus lugares nas salas. E o que isso tem a ver com Reino Escondido?

Se fosse nos anos 80, Reino Escondido certamente seria uma produção em live-action, nos moldes das produções do estúdio Henson (que criou os Muppets e também de Dark Crystal e o já citado Labirinto), já que a trama tem um direcionamento ao mundo da fantasia que combina demais com esse tipo de produção. No entanto, a produção chega como animação, adaptada do livro de William Joyce (que também é um dos cinco roteiristas do filme), com uma qualidade visual notável, uma construção de cenários impecável, personagens bem realizados e atenção as texturas dos diferentes ambientes naturais (já que o filme se passa quase que inteiramente em uma floresta) que tem como grande destaque técnico a construção de um cervo que em determinado momento da trama surge de forma assustadoramente convincente na tela. De fato, é uma das animações mais bem realizadas em termos técnicos que o cinema já apresentou.



Por outro lado, a trama de Reino Escondido é batida e já foi apresentada ao público de maneira mais eficiente e divertida anteriormente. Misturando os eternos conflitos entre pais e filhos com a ideia de alguém que é encolhido e enxerga o mundo com outros olhos, a historia não é diferente de nada do que o público já viu, com a diferença de não possuir personagens interessantes que conseguem transitar por esse tema reciclado.

O drama entre pai e filha que até parece promissor, já que a protagonista Mary Catherine (ou Maria Catarina na correta dublagem nacional) precisa lidar com a perda da mãe e aceitar o exotismo do pai mas perde força quando a relação de ambos fica em segundo plano diante da historia da batalha entre os povos da floresta contra a podridão, um tema já tão explorado que somente com muita competência, diálogos divertidos ou personagens cativantes pode escapar do lugar comum. Não é o caso, já que embora visualmente a animação impressione, os personagens são estereótipos e óbvios até o último pixel.

Se a protagonista é a tipica garota moderna, meio engraçada que "está em busca de um lugar no mundo", Nod que surge como par romântico acidental é o típico herói em formação, que relega seu talento em busca de aventuras. Ronin é o líder, reto, sem espaço para o amor, é todo disciplina como seu figurino - inspirado em samurais (não por acaso seu nome também é uma óbvia referência a cultura oriental, assim como seu visual com os olhos semi-cerrados) e a rainha Tara é tão boa e doce que chega a dar excesso de glicose no espectador. E é claro que não faltam alívios cômicos nas figuras da lesma e do caracol Mub e Grub, que de engraçado tem muito pouco, assim como o guru Nim que até tem algumas boas sacadas - como registrar a historia em "papiros" feitos de seda produzido pelos bichos da seda - e uma canção (já que é dublado, na versão original, por Steven Tyler).



Reino Escondido é razoável. Não é um grande trabalho, nem mesmo dentre as animações lançadas esse ano (Os Croods continua como a mais interessante pra mim, até aqui), mas é um belíssimo trabalho visual. Se não parecesse tanto com tantos outros filmes mais empolgantes seria merecedor de um conceito maior.

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