O Massacre da Serra Elétrica 3D - A Lenda Continua
(Texas Chainsaw 3D, 2013)
Terror - 92 min.
Direção: John Luessenhop
Roteiro: Adam Marcus, Debra Sullivan e Kirsten Elms
com: Alexandra Daddario, Dan Yeager, Trey Songz, Scott Eastwood
Reboots. Remakes.
Re-imaginações. Estão na moda, e por ano três, quatro novos filmes visitam
universos já explorados pelo cinema. O caso do Massacre da Serra Elétrica - A
Lenda Continua é curioso, já que ele não se apóia no remake de 2003 dirigido
por Marcus Nispel, mas no original de Tobe Hooper. O filme começa com um retorno àquela realidade de 1974, quando os canibais da família Sawyer atacaram um grupo de jovens. A trama
imagina uma eventual sequência ao chocante final da historia original, quando o inesquecível
Leatherface surge brandindo sua moto serra enquanto uma das jovens consegue
fugir.
Na trama dessa
"continuação", a família decide entregar o mais famoso de seus integrantes,
após serem cercados pela polícia. Porém, um grupo de rednecks vingativos os ataca deixando-os todos mortos, exceto por uma garotinha (ainda bebê) que é levada por um casal de
atacantes. Anos depois a garota é uma jovem "meio desajustada" (já que
ela usa roupas escuras, um dos maiores clichês do cinema americano: para mostrar que alguém é "diferente" coloque-o usando preto) e recebe uma
carta dizendo que sua avó havia falecido e lhe deixou uma herança. A garota
não sabia sequer que era adotada e parte com seu namorado e um casal de amigos
em busca de seu passado, ganhando no caminho a companhia de um caroneiro (outro clichê do gênero).
Descobre-se que a
tal herança era uma mansão muito bem cuidada, mas que parece uma daquelas
saídas de filmes de terror. Enorme, cheia de quartos, construída de madeira
escura o que cria um ambiente ao mesmo tempo acolhedor e assustador (dependendo
da fotografia e iluminação utilizada). Como exemplo disso dá pra citar os
primeiros momentos da chegada dos garotos a casa, onde as portas vão sendo
abertas e apesar da percepção de que estamos diante de um ambiente antiquado, notamos um ambiente caloroso. Em uma sequência posterior - logo após a revelação do
paradeiro de nosso serial killer favorito - o grupo retorna a casa e a
fotografia é lúgubre, as paredes parecem menores e a sensação de amplo espaço é
deixada de lado: aquela casa esconde alguma coisa que vai tentar pegar essa
molecada.
Apesar desses
acertos nos cenários e na criação de um clima que dá estofo ao retorno de
Leatherface, de fato a produção é simplória. Bastante previsível, visualmente
até pobre - diante do que o gênero já produziu - mas menos
"grosseira" na forma de retratar seus momentos nojentos na tela.
Em comparação óbvia com o igualmente recente Evil Dead, Massacre é uma
produção mais "leve" embora não faltam alguns desmembramentos aqui e
ali. Porém, existe certo pudor em escancarar a violência, o que deixa a cargo das reviravoltas
da trama e da caracterização dos personagens o peso de fazer a historia
funcionar, o que infelizmente é um problema. Com personagens coadjuvantes bem
limitados aos estereótipos do gênero que vão desde a amiga "fácil", o
namorado bobalhão, o amigo prestativo e o caroneiro canalha, passando pelos
habitantes da cidade, com seu xerife que talvez seja o único sujeito
equilibrado do local e os demais "donos" do lugarejo que agem como
defensores da lei, tudo já foi apresentado em diversos outros filmes.
A protagonista no
entanto, revela-se surpreendentemente interessante, passando de garota perdida,
a mulher forte e decidida quando descobre "seu lugar no mundo" e seu envolvimento
com Leatherface. Mas, tudo isso diante das limitações que o filme se coloca. É
uma trama rasa e óbvia, sobre vingança e o retorno de um personagem icônico do
cinema de horror. Porém, não se enxerga como mais do que isso, ou mesmo tenta
produzir momentos de impacto emocional onde não existe necessidade. É um
slasher com pudores e paramos por aí.
Massacre é uma
experiência saudosista para os fãs da mitologia criada por Tobe Hooper, mas
como produção do gênero slasher parece um tanto datada, apesar de se elegante
na abordagem da violência. Falta um cuidado com os personagens (que funcionam apenas como carne para ser fatiada) e num acúmulo desnecessário deles (o que acontece com o
filho do prefeito por exemplo ou com o advogado da protagonista), fazem da produção
esticada demais para os seus pouco mais de noventa minutos, o que não é um bom
sinal em um gênero que pretende sempre manter-se enxuto.
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