domingo, 20 de fevereiro de 2011

Skyline  - A Invasão
(Skyline, 2010)
Sci-Fi - 94 min.

Direção: Colin Strause e Greg Strause
Roteiro: Joshua Cordess e Liam O'Donnell

Com: Eric Balfour, Scottie Thompson, Brittany Daniel, Crystal Reed, David Zayas e Donald Faison



Existem certas produções que merecem ser analisadas com grande cuidado. Não falo dos grandes blockbusters, ou dos filmes adorados pela critica. Falo das abominações. Dos casos onde se duvida da sanidade dos realizadores, de sua arrogância, de sua petulância e de sua total e completa falta de capacidade para criar alguma coisa próxima do que o mundo considera, uma historia.


Esse é o caso de Skyline, uma inacreditável (no pior que essa palavra dúbia possa significar) historia sobre invasão alienígena a cidade de Los Angeles, vista por "gente comum".


A idéia - vejam bem, a idéia - não é ruim. Embora tenha sido apresentada em outras historias recentes, quando bem feita rende sustos, explosões e diversão descompromissada. Quando mal feita, faz MegaShark parecer Godard ou Visconti. Os incompetentes da vez são os irmãos Strause, especialistas em efeitos visuais, tendo aqui sua primeira chance como diretores.



Espero com toda a honestidade que a dupla melhore e muito, pois será insuportável agüentar mais uma hora e meia de explosões ruins, personagens gritalhões e um final - com gancho, vejam a petulância - tão risível. Nada funciona, desde a história bastante absurda - mas, vá lá já vimos coisas piores -, até os personagens realmente ruins (e nessa não temos como fugir) e uma conclusão realmente infeliz (se tiverem coragem, assistam). Skyline é definitivamente um filme péssimo. E não é por seu orçamento de filme b, e atmosfera de "trasheira". É por sua realização ruim e idéias fajutas.


Existe uma clara diferença entre um filme b, um filme trash e um filme ruim. O b simplesmente não tem recursos financeiros suficientes para criar cenários, efeitos e etc., portanto "faz com o que tem", às vezes conseguindo muito sucesso e reconhecimento. O trash não tem a menor preocupação em se levar a sério, cria os maiores absurdos e sabe que no fundo quer divertir seu público, seja com monstros gigantes, piranhas assassinas ou qualquer outra coisa.


Skyline tem orçamento de filme b - ainda mais quando a idéia é fazer um sci-fi com efeitos visuais e explosões - e a cara de pau de se levar a sério, não podendo ser chamado de filme trash.



Distrito 9, grande sucesso do ano passado, também tinha um orçamento enxuto para os padrões, mas compensou isso com criatividade, um plot original - nem tanto, mas contemporâneo pelo menos - e a consciência do que podia fazer e de como amarrar sua historia.


Skyline começa como um "buddy movie", se transforma num filme de sobrevivência e termina como exercito de um "homem" só. Muita coisa para oitenta minutos, sendo que os primeiros vinte são utilizados para "desenvolvimento de personagens".


Desenvolvimento esse que não existe. Os amigos Jarrod e Terry (Eric Balfour e Donald Faison respectivamente) são mostrados como fúteis e frágeis. Suas namoradas/esposas  Elaine e Candice (uma neurótica e uma irritante mulherzinha banal, respectivamente). Além disso, ainda contamos com Denise, a amante de Terry - Crystak Reed - que obviamente, num filme moralista e que prega que "o amor vence tudo" será descartada. No meio do caminho ainda surge o porteiro  (David Zayas, da série Dexter, precisando mesmo pagar as contas) , sim, que se transforma numa figura forte e que ganha importância na trama.



Mas o pior não são as luzes brilhantes, ou o design incompreensível das naves/criaturas (impossíveis de classificar como coisas ou bichos), e sim o final ridículo. Dificilmente verei em 2011, um filme que tenha um final tão fajuto quanto esse. Se o espectador/leitor tiver coragem de ver e quiser comentar sobre, por favor, faça. Melhor ainda se discordar de mim, realmente gostaria de entender o motivo de uma virada tão boba e mal explicada.


Skyline é tudo aquilo que os fãs do cinema detestam ver na tela grande. Personagens ruins, história que não sabe a que veio, falta de capacidade técnica de conduzir uma historia, efeitos genéricos e conclusão atroz.


O pior de tudo é saber que um aborto como esse chegou aos cinemas nacionais, em detrimento de filmes muito, mas muito melhores. Culpa do público? Nesse caso não. Culpa dos distribuidores que não vêem os filmes e baseados no "achismo" imaginam que um sci-fi de invasão alienígena, qualquer ele que seja, vai dar grana.



O público às vezes surpreende. Bravura Indômita - um western, gênero "morto" - rende mais de 100 milhões nos Estados Unidos e filmes espíritas enchem as salas no Brasil, só pra ficar em dois exemplos recentes. Garanto que quase ninguém acreditava que os Coen levariam tanta gente as salas e que o Brasil, país carola, essencialmente retrogrado, abraçaria com tamanha "fé" os filmes do além.


Às vezes, vale a pena arriscar, nem que isso seja não exibir na tela grande bobagens como essa. Que fique restrito ao dvd, onde algum maluco vai achar que descobriu uma "pérola" e transformá-lo em cult.

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