sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Apollo 18
(Apollo 18, 2011)
Terror/Sci Fi - 88 min.

Direção: Gonzalo López-Gallego
Roteiro: Brian Miller

Com: Warren Christie, Lloyd Owen e Ryan Robbins

Você sabe quem são os atores que fazem Apollo 18? Pois é, segundo o IMDB (talvez o mais famoso e seguro site para informações técnicas de cinema no mundo) o filme era estrelado pelo vazio até a última quinta feira, dia 01 de Setembro. Ninguém. Zero. Kaput! Essa é só mais uma nota que se junta ao imenso mistério que cercou a produção e divulgação do suspense espacial com estética de documentário produzido por Timur Bekmambetov (diretor de O Procurado). Mesmo durante a cabine de imprensa nem o release, nem fotos de divulgação foram apresentadas. Tudo envolto em muito mistério.

Justificado?

Nem um pouco. Além de não ter nada de original no conceito do filme, a tal "realidade" do filme já deu o que tinha que dar. Esse recurso de fingir que recebeu um vídeo secreto ou misterioso que só agora pode ver a luz do dia, funcionou em 1999 com a Bruxa de Blair, e tirando o brilhante REC, todos os outros documentários de ficção não funcionaram bem. Tirando poucos sustos no irregular Atividade Paranormal, ou a idéia do monstro em Cloverfield, filmes assim perdem muitos pontos por sua tentativa de estética quase amadora, que além de incomodar os olhos, tem problemas de ritmo constantes e a sensação da falta de motivação para alguém ficar carregando uma câmera durante um momento de profundo desespero.


Apollo 18 é mais um exemplar da família. Diferente de seus antecessores mais modernos, tenta recriar a sensação de angústia, desespero e ansiedade que o clássico Bruxa de Blair apresentava. O filme fala da fictícia missão Apollo 18, que vai a lua de forma absolutamente sigilosa e que enfrenta os mistérios de um lugar inóspito, solitário, e que como dizia o cartaz de Alien "se você gritar, ninguém vai te ouvir". A missão é comandada pelo capitão Nate (Lloyd Owen) que lidera o grupo, por Ben (Warren Christie) e pelo piloto da nave John (Ryan Robbins). Para não estragar a surpresa de quem vai ver o filme, apenas digo que Apollo é mais psicológico e permanece nas sombras do que apela para sustos fáceis e o gore. Como os créditos iniciais - de forma apalermada - insistem em dizer, as filmagens foram recuperadas e colocadas a disposição em um fictício website, portanto indicam que, ou os astronautas sofreram muito e morreram ou, alguém encontrou essas imagens em alguma gaveta secreta da NASA e resolveu "mostrar ao mundo". Como o cinema de ação - geralmente - é previsível, não é preciso muito mais do que quinze minutos de filme para percebermos como aquele video vai nascer.

Falando sobre o vídeo em si, Apollo 18 supera tudo o que não se deve fazer na filmagem de um filme, misturando gramaturas, qualidade de filme, bitolas e iluminação. Uma verdadeira salada, que pelo menos, dá credibilidade a idéia de video perdido e amador. A maioria das filmagens é apresentada em 16 mm sem conversão (aparentemente) , o que resulta em uma diminuição arbitrária do tamanho da tela quando as imagens são apresentadas nesse formato. O Som por sua vez tem função primordial. Além de ser parte integrante da narrativa, é o catalisador das tensões que os personagens enfrentam. Tudo tem inicio a partir de alguma coisa ouvida por um personagem e se encerra com mais explosões sonoras.


Se esteticamente é difícil analisar esse tipo de produção, é salutar ressaltar o trabalho da equipe de produção na criação do solo lunar. Apesar de não apresentar nenhuma novidade, convence de que estamos em um ambiente desolado, frio e distante de qualquer contato humano. Essa aura alienígena é ampliada com a boa fotografia das tomadas externas (que não envolvem o 16 mm), quase sempre estourada e de altíssimo contraste.

Se tecnicamente o filme cumpre aquilo que promete, narrativamente ele sofre de um problema de ritmo constante. Se a introdução copia a forma de apresentar os fatos de Distrito 9, o desenvolvimento da história lembra uma mistura do seminal Alien (pela presença de uma ameaça desconhecida no espaço que ataca sorrateiramente os tripulantes de uma nave) com o recente Lunar (pelo tédio da missão e pela sensação de isolamento que o filme apresenta e pelo fato de apenas os astronautas aparecerem fisicamente no filme).


Porém, a mistura dos dois filmes - um clássico do suspense e um drama humano brilhante ambientado no espaço - não funciona muito bem. Na queda de braço entre dois gêneros tão diferentes, o diretor Gonzalo López-Gallego (estreando em produções americanas) prefere apostar no suspense de sobrevivência, com resultados razoáveis. Se nos assustamos em uma excelente sequencia em que um dos astronautas investiga uma cratera lunar abandonada, a conclusão do filme põe quase tudo a perder quando força a enésima potencia a capacidade do espectador em suspender a descrença. Uma vez que apresenta sua premissa, fica impossível crer que o que a introdução do filme nos apresenta possa ter acontecido. Simplesmente não faz sentido.

Os atores - todos desconhecidos - executam funções pré-determinadas pelo roteiro de Brian Miller. Temos o líder, o esperançoso e o impaciente. Cada um deles serve ao propósito da história, mas sem brilho, sem uma grande cena para nos fazer torcer pelos personagens ou temer seus destinos. Incomodamos-nos e nos sentimos intrigados pela história, muito em função de uma mórbida curiosidade para saber como aquela história vai acabar.


O que poderia ser um suspense tenso e virulento sobre solidão e sobre o medo, transforma-se em uma montanha russa quando os acontecimentos vão se sucedendo. Não chega a ser ruim como o pavoroso A Casa - recentemente lançado por aqui - mas fica claro que essa forma de fazer cinema de suspense e horror, está cada vez mais com os dias contados.



2 comentários:

  1. pensei que era um filme de ação do inicio,depois me pareceu um filme de suspense,depois filme de terror,depois de drama,enfim, cheguei a conclusão que ele não é filme de nada, super mediado como classificado

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