sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

À Beira do Abismo

À Beira do Abismo
(Man on the Ledge, 2012)
Thriller - 102 min.

Direção: Asger Leth
Roteiro: Pablo F. Fenvjes

Com: Sam Worthington, Elizabeth Banks, Jamie Bell, Anthony Mackie, Genesis Rodriguez, Edward Burns e Ed Harris

Certos filmes entram em cartaz e você fica pensando: por quê? Por que não apostar no home video, onde o filme pode encontrar um público (obviamente) menor, mas que tenha um pouco de carinho pelo filme? Por que empurrar goela abaixo dos cinemas, filmes tão bobocas e sem nenhuma novidade como esse À Beira do Abismo? São questões para as quais ainda não encontrei respostas convincentes.

À Beira do Abismo pode ser enquadrado no subgênero (inventado por mim) do "schizophrenic movie". É aquela típica produção que é vendida como frango, mas na verdade é salada. A história que aparentemente era interessante, com um sujeito qualquer que decide se matar pulando de um prédio, poderia render de tudo. Desde análises psicológicas, até um drama sobre aquele personagem e o porquê ele decide se matar entre outras variáveis, mas é de fato um simples subterfúgio para algo mais, transformando À Beira do Abismo, em mais um exemplar dos filmes de "ação" com uma história inverossímil e exagerada.

Nick Cassidy (Sam Worthington) é o tal sujeito que quando o filme começa ameaça se jogar da janela de um hotel de luxo em Nova Iorque. Logo, conhecemos o passado do personagem e ficamos sabendo que Nick era policial e estava preso por um crime que (claro) ele diz que não cometeu. Durante o enterro de seu pai (em que consegue a liberação para acompanhar, é claro, ao lado dos guardas da cadeia) briga com seu irmão (Jamie Bell) e com seu ex-parceiro (Anthony Mackie) e acaba fugindo.


O filme vai aos poucos revelando que Nick na verdade não é culpado e que tudo não passa de um plano armado por ele e seu irmão para encontrar e prender o verdadeiro culpado por seus supostos crimes. O problema inicial é que além da ideia parecer fraca de saída, a tal reviravolta e o tal plano (não se preocupem, não vou contar) é digna de uma comédia involuntária. Juntando a isso estão uma profusão de clichês datados e que remetem diretamente a outros filmes melhores e mais bem realizados, como Plano Perfeito e A Negociação.

Outro problema é a utilização equivocada de uma serie de coadjuvantes presentes no filme como a do núcleo policial, formada pela fraca Elizabeth Banks e o insosso Edward Burns (e como participação do eterno "Homem de Preto" Titus Welliver) que tenta inserir uma segunda história, sobre a dificuldade da personagem de Banks em se relacionar com os demais policiais.

As soluções do roteiro, que aposta em uma mistura infeliz de caça ao vilão com filme de roubo é outro problema sério. O filme de roubo, estrelado por Bell e pela bela Genesis Rodriguez, além de ser uma repetição do que outros tantos filmes já executaram anteriormente, é idiotizante e menospreza a inteligência do espectador ao inserir a personagem de Genesis apenas (mesmo) como colírio para os olhos, já que não faltam cenas em que o filme dá destaque ao generoso decote da atriz (um vestuário absolutamente usual quando se pensa em assaltar alguma coisa), ou mesmo a um strip-tease fora de contexto, que só serve para mostrar que a atriz é realmente linda.


Do outro lado, o vilão (Ed Harris, muito mal) é uma caricatura. Não tem nenhuma intensidade, passa o filme ofendendo tudo e a todos apenas como marca de sua vilania. Nada sutil em cena alguma, mesmo quando não existe motivo para isso (note a cena, logo no começo do filme, quando depois de receber um relógio como presente , o personagem simplesmente atira o objeto longe para demonstrar como é um camarada ruim).

O que o diretor Asger Leth (estreando na função no cinema de ficção) faz de interessante, é que apesar de todos os problemas do roteiro que o filme tem, mantém um ritmo constante de apreensão e de que alguma coisa realmente importante vai acontecer, mesmo quando começamos a perceber que a história não é grande coisa. Leth consegue fazer do filme um thriller de ritmo razoavelmente empolgante e que prende a atenção do espectador, embora esse saiba (espero) que está acompanhando uma aventura somente razoável de final mais do que previsível.

A Beira do Abismo tenta ser o "Incontrolável" de 2012 (para quem não lembra é aquele filme do trem lançado no começo do ano passado com Denzel Washington e Chris Pine, e assim como esse, tinha um roteiro mais ou menos e um ritmo incessante), mas tropeça em protagonista e coadjuvantes fracos (Sam Worthington é uma negação e Jamie Bell é muito mal aproveitado aqui) e na sensação de salada indigesta devido à mistura de uma serie de elementos e referencias dos mais variados gêneros em um produtor que é um fracasso como drama e genérico como filme de ação.

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