sábado, 31 de outubro de 2009

Anime x Filme: O Caso Death Note

Anime x Filme




Não é de hoje que o mundo do cinema vem se acostumando com adaptações. Já na cultura oriental mais comum ainda é ver um manga se tornar anime. Não satisfeito há esta adaptação para filme.


Death Note conta a historia de Raito Yagami, um adolescente super inteligente que encontra um caderno (Death Note) que a pessoa cujo o nome for escrito morre por ataque cardíaco.


A partir daí, tomado pelo desejo incontrolável de criar um novo mundo Raito começa a matar as pessoas que ele julga desnecessária neste mundo, a começar pro criminosos. A partir daí começa uma mega operação policial para investigar quem é o suposto “deus do novo mundo”, onde aparece L como chefe da operação que também é encabeçada pelo próprio pai de Raito que é chefe do departamento de polícia.


Sendo assim começa um grande jogo de xadrez entre Raito e L, um tentando derrotar o outro.



Tanto o manga quanto o anime são extraordinários, confesso que não esperava muito na primeira vez que ouvi falar, comecei a assistir o anime. A partir do 3º episódio (Num total de 37) não consegui mais parar, é viciante. Uma história extraordinária, um jogo de inteligência fora do comum. Com pelo menos 3 clímax durante toda a história, totalmente imprevisível. Fiquei boquiaberto com os desfechos da história.


Quanto a comparação entre o anime e os filmes:


Há aspectos positivos e negativos nesta adaptação, a vantagem é de que quem não tem paciência de gastar 12 horas e meia assistindo todos os 37 episódios, pode apenas em 3 horas assistir os 2 filmes e entender como funciona a história.


Um ponto negativo é que como toda adaptação, sofre algumas (e algumas cruciais) mudanças entre um roteiro e outro. O final dos dois são basicamente iguais, entretanto possui algumas mudanças de contexto. O filme é um pouco mais previsível (pra quem já viu, o filme termina como se o anime terminasse no episodio 24). Tanto que Near e Mello nem são sequer citados.





A desvantagem é que a trilha do anime é magnífica. Empolgante, coisa que não tem no filme, o que é um pouco desmotivante. Há algumas cenas que são totalmente transcritas do anime, praticamente quadro a quadro.


O que mata principalmente no filme é a alteração do roteiro, não que atrapalhe o total entendimento da história, mas perde a qualidade da história reproduzida no anime. Principalmente na esfera da luta entre o bem e o mal, onde no anime se tem mis liberdade de cores, onde é muito bem representada, junto com a edição das imagens, som; Coisa que até compreensível, pois não dá pra reproduzir isto cinematograficamente.





Um ponto realmente positivo é a caracterização das personagens, que ficaram na maioria quase que perfeitas. A começar por L, o ator, a interpretação, os trejeitos são quase que perfeitos. A interpretação de Raito é que deixa um pouco a desejar, ele não consegue convencer muito, acredito que o que não ajuda muito também é que não são parecidos (Raito do anime / Raito do filme), entretanto o resto das personagens são muito parecidos (Misa, Matsuda, o Pai do Raito, Watari, Takada). E principalmente a arte gráfica na reprodução de Remu e Ryuuku, os shinigamis. Estão perfeitos. Ryuuku total desleixado, irônico e egoístico e Remu com bom coração e amável.





Acredito que é uma adaptação nota 7,0, o anime é muito melhor, mas como nem todo mundo é fã de animes em geral, recomendo os filmes. Mesmo sendo um pouco cansativo o fio da história é o mesmo e realmente empolgante e intrigante. Pra quem é fã do anime, seria muito melhor que não houvesse essa adaptação, mas como forma de divulgá-lo é melhor. Através dos filmes algumas pessoas podem se interessar pelo anime.




Bruno Gonçalves
Estudante de Direito e Arauto do Caos

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Os Estranhos
(The Strangers - 2008)
86 min. - Terror


Diretor: Bryan Bertino
Roteiro: Bryan Bertino


Com: Liv Tyler, Scott Speedman

Geralmente, no primeiro trabalho de vários diretores, o terror é usado como base pro roteiro. Por ser um gênero fácil de ser executado, ele ainda pode ser feito com baixos orçamentos. Em alguns casos, dá certo como em Cabin Fever, de Eli Roth. Em outros, dá errado demais como em Jogos Mortais, de James Wan.
Acredito que Bryan Bertino tenha puxado mais pro caso que deu errado. Em Os Estranhos, Bertino acerta em apostar num terror mais psicológico, mas erra fatalmente em cobrir as situações, já inverossímeis, com clichês aos montes. Em outros filmes, como 1408 e O Nevoeiro, as situações aterroradoras envolvidas com o psicológico humano, muito longe daquele gore de Jogos Mortais, funciona. Mas Bertino nunca poderia ser Haneke ou Darabont em seu primeiro longa.
A trama começa com um casal chegando numa cabana, bem escondida, no meio do mato. Depois que chegam, poucos diálogos são trocados. Com o tempo, decobrimos que Kristen(Liv Tyler) e James(Scott Speedman) estão brigados por uma recusa dela ao pedido de casamento de James. Após uma reconciliação, principalmente devido a fragilidade de Kristen e a carência de James, o casal volta ás boas. E é durante isso que um estranho grupo de pessoas mascaradas entra em sua casa, fazendo barulhos estranhos, deixando bilhetes escritos e assustando o, agora vulnerável, casal.


Com esse começo com um bom desenvolvimento de personagens, o filme prometia tomar um rumo bem legal, com interação de diálogos competente e aquela premissa do terror psicológico. Mas tudo toma um rumo diferente do competente, indo ao terrorzinho barato.
As atuações do filme são realmente razoáveis. Scott Speedman continua um ator limitado e Liv Tyler, apesar de ter competência e começado o filme atuando muito bem, resolveu tomar o rumo de mocinha-de-terror-que-berra-de-medo. Pode até julgar que isso se deve á fragilidade de Kristen depois da briga, mas não justifica os gritos de medo que todo terror tem. Scott Speedman também começa bem, mas resolve ir para o mesmo rumo de sempre. As outras atuações são todas meramente dispensáveis, afinal são 3 maníacos e o amigo de James.


Tecnicamente, o filme não faz totalmente feio. Com uma direção visivelmente iniciante, Bertino impressiona. Seu estilo "câmera na mão" dá mais realismo nas cenas, deixando ela meio tremida. Seu posicionamento de câmera também é bem interessante, explorando bastante o ambiente. A trilha sonora do grupo Tomandandy é normal demais, aderindo ao clichê que cerca a trama. Sua trilha, subindo a qualquer momento pra dar aquela impressão de susto, não impolga e só se mostra uma cópia idêntica as outras trilhas de terror. Já a fotografia de Peter Sova é ruim demais. Se em Push ele registrou Hong Kong com um olhar urbano e único, aqui ele opta por apenas pôr tudo escuro e botar pra filmar. E essa iluminação escura prejudica o filme, apesar de ocultar os maníacos bem. Com esse trabalho, ele põe sua competência em risco. A edição de Kevin Greutert é ágil, dando um ritmo mais rápido á trama arrastada. Não é um primor, mas facilita várias vias de entretenimento do filme, como o suspense.


O roteiro de Bertino é, ao mesmo tempo, um defeito e um acerto. No início, como já mencionei, a construção de personagens é notável. Mas depois o clichê, que assombra até os quesitos técnicos do filme, aparece. As pequenas situações de desespero do casal são previsíveis demais. Confesso que previ 3 ou 4 vezes o que um dos protagonistas ia tentar fazer. Sempre tem uma arma na casa, sempre tem um meio de comunicação sem ser o celular(que, obviamente, já foi devidamente inutilizado pelos maníacos) e sempre tem tramas paralelas a serem resolvidas. Em alguns momentos, fiquei revoltado com a mania de colocar objetivos a serem feitos, como os da arma e do meio de comunicação. Essa fórmula já foi muito usada no gênero terror e nunca deu certo. Se deu certo, foi na mídia dos Jogos computadorizados e em jogos de sobrevivência.
Apesar do filme colecionar mais erros que acertos, é interessante notar que Bertino tem potencial. Num drama, por exemplo, ele poderia fazer um trabalho mais bem acabado e digno de se apreciar. Até mesmo num terror ele pode fazer melhores trabalhos futuramente. Nessa trama explicitamente igual a de Violência Gratuita, Bertino poderia ter optado por mais interação de personagens e menos sustinhos previsíveis. Mas valeu pelo teste, que ele ouça a crítica e aprenda na próxima.


A única coisa que me assombra de verdade nisso é o final deste filme. Acredito que se a sequência já planejada(o filme custou 9 e arrecadou 90 milhões em solo americano) seguir os fatos do primeiro filme, ele só perderá mais pontos futuramente. E isso é bem possível, acredite. O povo americano adolescente é louco por um terror com sustos ridículos. Tá aí Jogos Mortais, em seu sexto exemplar, pra provar isso.

TRAILER:
























(Nota do Editor: Pessoal participei do podcast do Senpuu, um site/blog que é especializado em Tokusatsu, aquelas séries nipônicas estilo Jaspion e Changeman, por lá falei sobre um filme da série Kamen Rider. Quem quiser dar uma ajuda ao pessoal e ouvir o link é: http://senpuu.com.br/2009/10/senpuucast-17-kamen-rider-the-first/ )

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Medo e Delírio em Las Vegas (Fear and Loathing in Las Vegas - 1998 )
118 min. - Drama

Diretor: Terry Gilliam

Roteiro: Terry Gilliam, Tony Grisoni, Tod Davies e Alex Cox

Com: Johnny Depp , Benicio del Toro , Tobey Maguire , Michael Lee Gogin , Larry Cedar

Sinopse: Enviado para Las Vegas para cobrir o Mint 400, uma corrida de motos no deserto, o jornalista Dr. Thompson (Johnny Depp) e seu advogado (Benicio Del Toro) se encontram numa cidade onde somente drogas poderosas podem fazer com que as coisas sejam ligeiramente normais.


Conhecido mundialmente por Monty Python, Terry Gilliam não tem uma brilhante carreira como diretor, este é o ultimo bom filme sob seu comando. Um pouco diferente de Brazil o Filme e Os 12 Macacos, Medo e Delírio é um ótimo filme.


Estrelado pelo limitadíssimo Johnny Depp, que aqui mais uma vez faz um personagem problemático cheio de caras e bocas e o irreconhecível Benicio Del Toro, que está brilhante; O filme mostra, mais ou menos, os "bastidores" da imprensa marrom, sensacionalista que tinha o predomínio nos anos 60/70 devido a guerra do Vietnã. Juntamente com o "estouro" das drogas no EUA.


Sendo assim, se entupindo de drogas eles fazem a cobertura de um grande evento esportivo que acontece em Las Vegas, acontece que ao invés de mostrar totalmente a cobertura esportiva, mostra a saga que foi chegar a Las Vegas e o que acontece durante. Preocupando-se em mostrar ao telespectador os delírios de Raoul Duke (Johnny Depp), caso em que deixa o filme com um clima cansativo e repetitivo.


Têm algumas cenas engraçadas devido às situações que ocorrem durante a cobertura e estadia, mas nada que seja memorável. Um grande pesar, pois poderia ser um grande filme se melhor explorado.
Um ponto a destacar é a ponta de Cameron Diaz, que faz o seu melhor papel na carreira. Ela Aparece em 1 cena e fala meia dúzia de palavras, seria ótimo se todo filme dela fosse assim.


Medo e Delírio é um bom filme, vale a pena conferir, principalmente pela atuação de Benicio, quanto ao Johnny, vale mais pra quem é fã e queira ver os filmes que ele fez. Pesado, cansativo, com os fatos acontecendo a esmo, não é um filme que indico para ver com sono.

TRAILER:




Bruno Gonçalves
Estudante de Direito e Arauto do Caos

quarta-feira, 28 de outubro de 2009


O Exorcista (The Exorcist, 1973)

Direção: William Friedkin

Com: Ellen Burstyn, Max von Sydow, Lee J. Cobb, Linda Blair, Jason Miller

Essa semana, com todo esse clima de Halloween, festa à fantasia, dia das bruxas, noite de Walpurgis, vamos entrar no espírito também, falando de um dos maiores filmes de terror de todos os tempos. O Exorcista, de 1973.

Um verdadeiro clássico do terror mundial, o filme ficou marcado pela enorme quantidade de polêmicas e mitos sobre as gravações e suas conseqüências com atores e equipe e também por conter efeitos considerados fantásticos e até sobrenaturais para a época. Isso sem contar que foi o primeiro filme do gênero a ser indicado pelo Oscar de melhor filme.

Dirigido por William Friedkin, a história é basicamente simples. Durante uma escavação no Iraque, um demônio, no caso Pazuzu, que estava em uma estátua achado por arqueólogos, foi liberado. Enquanto isso, Regan McNeil (Linda Blair), uma garotinha de 11 anos que vivia em Washington DC, filha de uma atriz e mãe solteira, Chris McNeil (Ellen Burstyn). Regan que passava muito tempo sozinha, já que sua mãe era uma atriz e workaholic, a menina no tédio de sua grande e nova casa, achou uma Ouija Board (tabuleiro cheio de números e letras que evoca espíritos para responder perguntas feitas pelos participantes do ritual) e aparentemente acabou evocando acidentalmente o espírito de Pazuzu que acabou possuindo a garota.

Em paralelo, o filme mostra a história de um padre, Damian Karras (Jason Miller), que luta contra o sentimento de culpa de ter que internar sua mãe em um asilo e passa questionar até sua própria fé.

Enquanto isso a garota Regan apresentava algumas mudanças psicológicas. A adorável e doce menina passou a responder agressivamente para sua mãe e os empregados da casa, falar palavrões que nem a criança mais terrível do mundo teria conhecimento, além de urinar na frente dos convidados durante uma festa chocando todo mundo. Conforme o tempo vai passando, Regan vai apresentando comportamentos cada vez mais bizarros. Preocupada, a mãe da menina leva a garota para os melhores hospitais para fazer todo tipo de exames e os médicos não constatam absolutamente nada. E o estado de Regan vai ficando cada vez mais crítico.

O conteúdo do filme realmente começa a chocar o público, não só pelo teor dessa evolução psicológica, mas também pelas cenas realmente horripilantes, como a cena em que a garota se masturba com um crucifixo de forma degradante e agressiva, e é nesse momento que muitos se perguntam, “como o diretor conseguiu fazer esses efeitos?” ou “como a menina aceitou se submeter a isso?” entre outras perguntas. Quem for cristão ou de criação cristã, supostamente deve ficar ainda mais perplexo. Afinal, o filme explora muito bem e de forma bem agressiva todo esse lado religioso, e em alguns momentos de uma maneira bem subliminar, sempre com a intenção de chocar o público.

Isso tudo sem contar o clima sombrio que se cria no quarto da garota e todo o áudio perturbador que se escuta de lá. Eu assisti este filme na TV e no cinema, e posso dizer no cinema foi uma experiência única e perturbadora. Toda essa sonoridade e o visual do quarto além do lado de toda evolução da degradação psicológica da garota (e até mesmo da mãe) me impressionou muito mais do que as cenas com sangues ou dos diálogos demoníacos da pequena garota.

Enfim, voltando rapidamente à história, devido a todos esses acontecimentos Chris chega a conclusão que a garota está possuída por um demônio. Até que num golpe do destino Chris acaba conhecendo o desiludido Padre Karras em uma igreja, que aceita exorcizar a garota.

Como eu já disse, o filme ficou marcado por grandes polêmicas. Existem várias lendas sobre alguns acidentes no set de filmagens, como o um incêndio que destruiu todo o cenário da casa da família McNeil, um set light que caiu no cenário e acabou matando alguns produtores que trabalhavam pelo estúdio, acidentes na escada da mansão McNeil também eram freqüentes e o ator Jack MacGowran que interpretava um amigo de Chris McNeil morreu durante as filmagens. Algumas histórias também incluem grandes ferimentos na atriz Linda Blair durante seus ataques de possesão demoníaca, sem contar os traumas e problemas que Linda teve na sua fase adulta, incluindo problemas psicológicos, com drogas e obesidade.

No ano 2001, foi lançado (inclusive nos cinemas) a versão do Diretor, com 11 minutos extras que haviam sido limados, devido ao seu forte conteúdo. Nessa versão inclui a terrível cena onde Regan desce a escada da mansão como uma aranha de ponta cabeça vomitando sangue e com seus olhos virando sem parar. Uma cena antológica que pega você de surpresa.

Após o sucesso da versão de 1973, a história ganhou uma continuidade, porém não obteve o mesmo sucesso desse grande clássico.

Possivelmente quem é fã de filme de terror já assistiu. E quem nunca viu esse filme, mas se diz fã de filmes de terror, então posso garantir que essa pessoa ainda não é um fã de verdade!

E se você aprecia cinema em geral, assista. Se já assistiu, assista de novo, afinal você sempre acaba descobrindo coisas novas, principalmente devido ao seu impacto cultural, não só nos cinemas, mas em músicas e outras formas de entretenimento até os dias atuais. Esse filme deve estar em uma lista com os 10 melhores filmes de todos os tempos sem sombra de dúvidas.


terça-feira, 27 de outubro de 2009

Abraços Partidos(Los Abrazos Rotos, 2009)
128min. - Drama

Diretor: Pedro Almodóvar
Roteiro: Pedro Almodóvar

Com: Penélope Cruz, Lluís Homar , Blanca Portillo , José Luis Gómez , Tamar Novas


Sinopse: Há 14 anos, o cineasta Mateo Blanco (Lluís Homar) sofreu um trágico acidente de carro, no qual perdeu simultaneamente a visão e sua grande paixão, Lena (Penélope Cruz). Sofrendo aparentemente de perda de memória, abandonou sua posição de cineasta e preservou apenas seu lado de escritor, cujo pseudônimo é Harry Caine. Um dia Diego (Tamar Novas), filho de sua antiga e fiel diretora de produção, sofre um acidente, e Harry vai em seu socorro. Quando o jovem indaga Harry sobre seus dias de cineasta, o amargurado homem revela se lembrar de detalhes marcantes de sua vida e do acidente.


Estava curioso pra saber qual seria o novo dramalhão Almodóvar nos proporcionaria.


Abraços Partidos não surpreende, não inova em nada. Como sempre as principais características estão lá. É o tipo de filme que você bate o olho e sabe quem dirigiu. Com cores variadas e fortes, ambientes extremamente claros, Penélope Cruz, enfim.


A historia não é chata, entretanto não é maravilhosa. Mas prende a atenção de uma forma suave que não percebemos o tempo passar, assim às 2 horas de filmes não deixa a mente cansada.


Um romance intenso e poético, mas nada diferente do comum, e principalmente: nada diferente do que já foi feito por Almodóvar. Se trabalhasse em uma locadora e alguém me perguntasse sobre este filme responderia: “Já assistiu Volver? Então, é no mesmo estilo.”.


Quanto a Penélope Cruz, não há muito a se dizer, tem atuação mediana, não é um grande papel. Quem realmente rouba a cena é Lluís Homar, esta sim é uma grande atuação!


O filme não é de todo ruim, mas tenho certeza que será bem recebido, pois uma coisa que me irrita e muito, são pessoas que se dizem gostar de cinema e acreditam ser o dono do mundo. O deus destas pessoas é o Almodóvar, porque, para eles, Almodóvar é “cool” seus filmes “cult”. Por favor, né? Não acredito que Almodóvar seja um excelente diretor, mas um diretor que, como todos os outros, erra e acerta. Neste peca por falta de criatividade, inovação.

TRAILER:


Bruno Gonçalves
Estudante de Direito e Arauto do Caos

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

9 - A Salvação
(9 - 2009)
79 min. - Ficção Científica/Animação

Diretor: Shane Acker
Roteiro: Pamella Pettler

Com as vozes de: Christopher Plummer, Martin Landau, John C. Reilly, Crispin Glover, Jennifer Connely, Elijah Wood

Antes de começar a crítica do filme em questão, é preciso fazer uma observação: Meu objetivo inicial ao ir ao cinema não era assistir 9 - A Salvação, mas sim ao novo filme de Quentin Tarantino, Bastardos Inglórios. Pela censura 18 anos , fui barrado na entrada e entrei num filme que nem queria, mas era o único que havia. Assim, vamos a crítica de 9, deixando o filme de Tarantino pra quando der.


Sendo assim, podemos vislumbrar desde início a enrascada que 9 se meteu, competindo com estréias de peso como Distrito 9 e Bastardos Inglórios na mesma época de seu lançamento. Muita pouca gente se interessou no filme, e quem se interessou pensou em ver apenas mais uma animação fraquinha sem potêncial algum além de levar os espectadores ao sono. Isso é injusto, já que temos aqui uma animção diferenciada e corajosa. O tema e o pano de fundo já nos revelam isso: Num futuro pós apocalíptico, as máquinas ganham uma guerra contra os humanos, extintos, e a salvação do mundo fica na mão de alguns bonecos, criados por um cientista, que ganham vida.


Um desses bonecos é 9, o personagem que acompanhamos desde o início. Ao longo do filme ele encontra outros semelhantes, e juntos tramam alguns planos e investidas para ganhar das máquinas e tornar o mundo reabitável. Essa premissa é realmente um trunfo das animações. Colocar esses elementos em uma animção não é fácil, ainda mais com elementos mais assustadores (assustadores para uma animação.) e um clima mais pesado e adulto. Isso ajuda a explicar a censura que não foi livre aqui no Brasil. Mas um dos fatores que faz com que 9 não alçe voos maiores talvez seja a falta de habilidade de se trabalhar com uma trama que se tem em mãos e adicioná-la detalhes. Em alguns momentos do filme falta a calma e paciência para que as doses de drama se elevem. Do modo que foi feito, o filme ficou meio apressado demais. Me agradam cortes rápidos e sem muita enrolação, mas parece que 9 não se preocupou em criar muitos elos entre os personagens, nem os motivos desses elos ( a ajuda mútua no meio do caos)
nem ao menos se preocupou em desenvolver mais os próprios personagens( O que seria muito interessante pela revelação no final de onde eles foram originados.). Ao invés disso, aumentou cenas de aventura e ação. Mas ora, se o filme é especial pois tem seus dotes artísticos, pra que então tentar dá uma de blockbuster? Fora isso, as revelacões finais e seus resultados pra trama estão de parabéns, muito inovadores e originais.


Quanto a direção, tiro o chapéu para Shane Acker: Ele dirige ação muito bem, balançando a tela e introduzindo os espectadores de uma forma realista que nehuma outra animação nesse estilo já fez. Em cenas paradas ele utiliza closes muito bem, e não fazem seus personagens repetitivos, mesmo sendo bonecos. A única coisa que atrapalha sua direção é o seu pano de fundo. Afotografia deixa de ser noir, e passa a ser meio escura, com um tom ruim.


Num arrematado geral, 9 inova muito, tem um roteiro estrutural muito bom, mas peca aao desenvolve-lo. Não era preciso. O filme tem apenas 79 minutos. Mais calma e cabeça da próxima vez, Shane Acker!

TRAILER:





domingo, 25 de outubro de 2009

A Partida
(Okuribito, 2008)
130 min. - Drama

Diretor: Yojiro Takita
Roteiro: Kundo Koyama

Com: Masahiro Motoki, Tsutomu Yamazaki, Ryoko Hirosue, Kazuko Yoshiyuki

Sinopse: Daigo Kobayashi é um jovem casado que acabou de ser dispensado da orquestra na qual tocava violoncelo. De repente, vagando pelas ruas sem emprego ou mesmo esperanças em relação à carreira, Daigo decide voltar para sua cidade natal na companhia da esposa. Lá, o único trabalho imediato que lhe aparece é como "nokanshi", uma espécie de coveiro especial responsável pela cerimônia de lavagem e vestimenta dos mortos antes que suas almas caminhem para o outro mundo. Daigo comporta-se com seriedade, algo como um burocrata, um porteiro entre o céu e a terra. Ocorre que seu trabalho é simplesmente desprezado pela esposa de Daigo e por todos ao seu redor. Mas é através da morte que ele finalmente compreende o sentido da vida.


Cada dia que passa eu adoro mais os filmes de Drama.


Maravilhoso.


Confesso que quando comecei a assistir e os 15 primeiros minutos não me chamaram a atenção quase durmo, mas a partir daí a historia se desenvolve de forma maravilhosa. A saga de Daigo para se tornar uma pessoa melhor, um homem respeitável é simplesmente brilhante.


A luta contra o preconceito dos amigos, esposa é memorável. Ninguém o respeita simplesmente pelo fato de seu trabalho ser "inaceitável", mas acontece que um dia todo mundo precisa dele um dia, ai que as coisas mudam.


Eu fico assustado até hoje sempre que assisto alguma produção japonesa, pois, é impressionante como atores mais velhos conseguem passar sentimentos apenas com as expressões faciais, não precisa falar, apenas incorporar o sentimento que já atinge o objetivo com o público.


Descobrir na música, seu antigo trabalho, uma forma de extravasar todo o stress e a pressão emocional diária é algo que nos passa a emoção sendo esvaziada da mente. A passagem de tempo, mais ou menos da metade pro final do filme, é uma das cenas mais bem feitas que já vi.


Outro ponto alto do filme é a fotografia, belíssima, o interior do Japão contribui bastante nesse aspecto.


O filme não deixa nem um pouco a desejar, a história secundária, que segue como plano de fundo parece boba e que você ache que "matou a charada"; quando não obstante, ocorre uma reviravolta emocionante e nos deixa com os olhos vidrados na tela para saber o desfecho.


Sinceramente, as 2 horas de filmes passaram voando, quando o filme é muito bom nem percebemos quando tempo ele tem, acaba e ficamos com um gosto de quero mais.


Não tenho empecilho nenhum em dizer que é o melhor filme que vi este ano.

TRAILER:



(Nota do Editor: Apesar de sempre apresentar os trailers originais, preferi [nesse caso] opatr pelo trailer que foi exibido no mercado americano, pelo fato dele conter legendas e facilitar a compreensão das pessoas que não falam japonês)

Bruno Gonçalves
Estudante de Direito e Arauto do Caos

FARRA no Cinema !!!

Moçada , uma novidade que já no ar e que esse que vos escreve também participa, o blog/podcast Farra no Cinema (http://farranocinema.blogspot.com/)

Entrem, comentem nas postagens que já estão por lá e baixem o podcast ou escutem pelo player no final do post.



http://www.4shared.com/file/143481002/8b6fafaa/Podcast_Farra_no_cinema_-_Episdio_0_-_Media_Qualidade.html





 

quarta-feira, 14 de outubro de 2009


Nosso colaborador José Leandro veio com a idéia em seu blog e nós aqui do Fotograma apoiamos e estamos iniciando mais uma série. Nela somente clássicos consagrados serão avaliados e recontados. Sem notas, e sem temores de assumir sua paixão pel filme resenhado.


TITANIC (Titanic, 1997)

Direção: James Cameron

Com: Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Billy Zane, Kathy Bates, Gloria Swanson

Provavelmente eu vou criar alguma polêmica, começando, uma nova sessão no blog, com esse filme. Para algumas pessoas essa produção é muito mainstream, muito pop e reflete bem a cultura comercial em termos cinematográficos do fim dos anos 90.
Enfim, apesar de ser realmente um clássico pop, ganhador de muitos oscars e prêmios em geral, não há como negar que é uma grande produção, mesmo com a história sendo um pouco água com açúcar em alguns momentos.

Obviamente o filme conta (fielmente?!) a história mais que conhecida do famoso e verídico navio Titanic. Um grande navio, construído no começo do século XX, com intuito de levar a alta sociedade para grandes cruzeiros pelo mundo. Muitos diziam que ninguém derrubaria o Titanic, nem mesmo Deus. Mas, eles esqueceram de dizer que icebergs no meio do mar escuro na região dos pólos do planeta podem ser muito traiçoeiros e a tripulação, que era formada pela aristocracia da época , foi pega de surpresa com esse acidente que acabou destruindo e afundando o Titanic.
A trama começa nos tempos atuais (mais de 10 anos atrás já) com alguns pesquisadores em busca de um diamante de um dos sobreviventes do acidente, porém eles acabam achando outras coisas com um grande valor histórico.


Claro que em paralelo a toda essa trama histórica existe o óbvio romance no filme, que talvez chamou muita atenção das meninas na época. Um romance envolvendo o plebeu, Jack Dawson (Leonardo DI Caprio) que era um trabalhador pobre e sem educação que tinha o costume de beber, jogar e fazer apostas. Em uma dessas apostas acabou ganhando passagens para uma viagem ao Titanic. E lá ele conhece a riquinha Rose (Kate Winslet), que é noiva de um rico, que ela acha um chato e por isso acaba se apaixonando pelo Jack, personagem de Leonardo, porém como ela é noiva e a família dela jamais admitiria que ela ficasse com um garoto mais pobre, cria se toda essa trama onde ela começa se encontrar escondido com Jack, mas o noivo descobre e resolve tentar matar o malandro plebeu, até que o navio bate no Iceberg e o caos começa a surgir, devido a erros de segurança do navio que todos diziam que não afundaria. Pois bem, o excesso de confiança afundou o navio. Mas o importante é dizer que esse filme foi um grande clássico do cinema moderno. Os efeitos especiais do navio afundando são bem realista, a interpretação do sofrimento que as pessoas passam no meio do caos é bem real e a história como um todo é muito boa, mesmo com o romance água com açúcar que foi o que chamou a atenção de muitos adolescentes na época.


Isto é, o filme tem muitos ingredientes de um clássico do cinema, pois também tem nudez, na cena antológica que a personagem de Kate Winslet posa para ser retratada pelo plebeu, tem um pouco de sexo, cenas marcantes, como a de Jack no topo do barco com sua amante Rose abraçados enquanto ele grita que é o rei ou o dono do mundo, tem desespero humano, algum senso de humor bem de leve e um final triunfante e homérico.


Titanic foi um grande clássico, lançado em 1997, isto é, há mais de 10 anos atrás. Ainda não venceu o teste do tempo, devido seu apelo excessivamente comercial com sua trilha sonora, estrelando a Celine Dion que deixou muitas adolescentes aos prantos. Pop elevado à décima potência!!


Mas, com certeza essa produção será lembrada daqui alguns anos como um dos maiores clássicos do cinema no século XX.


Vale a pena assistir, se é que alguém ainda não assistiu...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

A Verdade Nua e Crua
(The Ugly Truth - 2009)
96 min. - Comédia/Romance

Diretor: Robert Luketic
Roteiro: Nicole Eastman, Karen McCulloch Lutz e Kirsten Smith

Com: Gerard Butler, Katherine Heigl

Gerard Butler e mais uma comédia romântica desnecessária. É incrível a insitencia dos produtores de Hollywood em criar novas comédias românticas todos os anos, mudando apenas os atores (e algumas vezes nem tendo a decência de fazer isso, como em Eu odeio o Dia dos Namorados, de 2009)e os assuntos, por que do resto, já sabemos tudo, tendo uma vidência sem precedentes com esses filmes. Resta-nos a rir de algumas piadas e ponto.A Verdade Nua e Crua, portanto, não tem os requisitos básicos para fazer nem rir, pelo menos não para alguem inteligente. Os motivos desse desagrado são muitos, a começar pela trama fraca e uma das mais previsíveis que já vi.


A bela Katherine Heigl interpreta Abby Richards, a produtora de TV bem sucedida, que tem conselhos para seus coordenados quando ficam nervosos e tem o controle de tudo sobre seu programa. Porém, quando o calhorda mulherengo Mike Chadway( Gerard Butler) é contratado por sua emissora, ela precisa lidar da melhor forma possível com esse homem que fala do que os homens gostam, e como a cabeça masculina funciona. A partir dessa premissa, podemos pensar no que o filme poderia inovar- mas não inovou.Um dos diferenciais que esperava com minha pobre ilusão era o desligamento amoroso completo dos protagonistas, apenas com as dicas de relacionamento dele, ajudando ela.


Entretanto, o filme cai nos clichês românticos, com descobertas, desencontros entre os protagonistas.Você muito provavelmente já deve ter visto isso antes, algumas...milhares de vezes. Não os culpo. Realmente, se tratando de uma comédia romântica que já nasce fraca, que visa apenas dinheiro e nem um pouco de arte, seria idiotice minha querer algo profundo de um filme desses. Mas pelo menos um diferencial, algo que fosse mais a comédia, e restringisse o romance apenas ao assunto principal não seria pedir demais.Aliás, o fator cômico dessa ''comédia'' está em baixa. Não que as piadas não sejam boas. Elas são até razoáveis, com boas tiradas, mas a falta de inteligencia dos organizadores do filmes desmoronam um possível ponto positivo. Todas as piadas e tiradas mais criativas ou menos iguais ao resto já tinham sido mostradas no trailer.


E pior: Praticamente na ordem que aparecem no filme. Ouso a dizer que o filme é o trailer , com cenas excluídas mais longas e com um desfecho. Pra resumir, o único ponto que esboçei um sorriso foi num momento de humor físico meia boca de Katherine Heigl. Ah, ri outras vezes no filme também. Mas foi por causa da falta de competencia e originalidade dos criadores dele.O diretor, por exemplo, não consegue imprimir seu ritmo é realmente imcompleto. Logo de início, na primeira cena interna do filme(no escritório da emissora), ele começa a girar a câmera em volta dos personagens, com o objetivo de dar dinâmica na cena e fazer os espectadores entrarem no ritmo filme.


Ele, no entanto,não consegue. A sensação que ele conseguiu me fazer sentir naquela sequencia foi algo semelhante a náuseas. Incompleto também, pois não consegue dirigir cenas mais agitadas, como uma mera dança. Os atores saem do enquadramneto da câmera, pela falta de habilidade do diretor em segui-los.Sinceramente, as únicas duas coisas que conseguiram algo realmente positivo no filme para mim foram: A beleza de Katherine Heigl, e os créditos finais com a música Right Round. Essa música, por assim dizer, também não é original do filme. Já foi utilizada anteriormente nos maravilhosos créditos finais de Se Beber Não case. Essa sim é uma boa comédia.

TRAILER:


Opinião: A Orfã

(Nota do Editor: Antes da postagem, algumas consideraçãos. Gostaria muito de que todos os leitores lessem esse post com especial atenção, pois além de marcar o retorno da Erika as nossas "páginas" é tremendamente verdadeiro e poderoso.)


Caro leitor,

ALERTA!!! Se você está esperando uma resenha sobre o filme A Órfã sinto que te decepcionarei. Digo isso pois após assistir o filme, fiquei com uma louca urgência de colocar certas coisas em pauta que fogem um pouco de uma resenha crítica. Posto isso às claras, vamos ao que interessa.
Acabo de assistir A Órfã do diretor Jaume Collet-Serra, um espanhol da Catalúnia, cujo début se deu em solo ianque com o dispensável Casa de Cera. Apesar das raízes hispânicas, sem mencionar a pouca idade – apenas 35 anos- e uma amizade com o produtor Joel Silver, ele conseguiu seu ticket de embarque rumo à Cidade dos Sonhos. Mas nem tudo são águas mornas.


Minha intenção ao chamar Hollywood de Cidade dos Sonhos não é mero acaso. Com seu surrealismo tortuoso, David Lynch e seu Mulholland Drive (traduzido no Brasil como Cidade dos Sonhos), trouxe à luz o que nos é ocultado através dos rostos cheios de pancake das lindíssimas estrelas de cinema e dos óculos de design dos cineastas.


Não quero justificar o trabalho de Jaume nem para o bem nem para o mal, pois isso realmente não importa posto o que vou lhes dizer. Hollywood é uma indústria e para ela funcionar e ter uma marca de qualidade e, mais importante que isso, familiaridade com seu público, ela precisa seguir algumas regras de conduta. Estas são determinadas por quem empresta seu logo ao projeto, ou seja, a produtora. É ela a detentora do como tudo vai funcionar. No caso de A Órfã, estamos falando da Dark Castle, que se consolidou com filmes de baixo orçamento como: A Casa da Colina, Os 13 Fantasmas, Navio Fantasma, Na Companhia do Medo e (surpresa!) Casa de Cera.


A Órfã vem para marcar a entrada da produtora num mundo um pouco mais maduro. O diretor, ao que me parece, ganhou a confiança dos produtores depois de uma primeira empreitada. No entanto, não acontecem milagres na terra hollywoodiana, e o filme ainda possui vícios próprios de seu berço. O diretor tenta, mas, até onde esta obra é dele, é minha dúvida. O roteiro, apesar de não desgostar - ao contrário, penso ter muito potencial - cai em armadilhas típicas do gênero: frases de impacto, pontos de virada que, aparentemente são criativos, mas no fundo são só uma saída desesperada de quem quer impressionar, mas não inovar. Ouso dizer que se este filme tivesse suas origens na terrinha hispânica do diretor, veríamos o roteiro ser usado em todo o seu potencial e poderia, de fato, ser um marco na categoria “anjo mau”, já tão batida no cinema norte-americano.


O ponto de partida do enredo do filme é a perda do filho do casal Kate e John, enquanto ele ainda estava sendo gestado na barriga de Kate. A união dessas duas pessoas, abaladas pelo desastroso destino da criança, só é mantido pelos filhos do casal: Daniel e Maxine, uma garotinha surda-muda. Resolvem então, adotar uma criança. É aí que aparece a órfã Esther. Eles ficam encantados com sua boa educação e modo peculiar de se vestir – ela parece uma daquelas antigas bonecas de porcelana. Porém, o dia-a-dia irá se encarregar de mostrar à família a verdadeira natureza por trás da aparência da menina.


O que me agrada, e por isso digo que esta é uma produtora em processo de maturação, é o fato de eles terem abandonado por completo o uso de efeitos especiais – uma espécie de muleta para esconder a falta de coesão e espírito inovador dos filmes atuais – e investido num roteiro que, apesar de não ser um sopro de ar fresco, convence.


Poderia também dizer ao leitor que o elenco é mais uma razão pela qual o filme funciona, o que não é mentira. A atriz Isabelle Fuhrman, a órfã do título, é uma revelação e sustenta desde uma delicada inocência à uma loucura digna de atores tarimbados. Aliás, tem uma cena em particular que ocorre numa cabine de banheiro em que ela lembra muito a histérica e caótica Charlotte Gainsbourg de Anticristo. Todavia, apesar do brilhantismo da menina, gostaria de partilhar minha preocupação com o leitor sobre a utilização de crianças em frente às telas. Há uma condenação por parte da maioria das pessoas sobre o uso de trabalho infantil, mas isso parece não valer quando se trata da telona (ou telinha). Ter um emprego exige maturidade para entender a pressão que com ele vem, isso em qualquer idade. No entanto, na infância, por mais incrível e madura que uma criança possa parecer, ela não está pronta para assumir tamanha responsabilidade. O pior de tudo é que não estou falando de um Harry Potter, estamos tratando de A Órfã, um trabalho pesadíssimo.
Gostaria realmente de saber qual foi o método que o diretor utilizou para fazer a menina acessar lugares tão obscuros. Como profissional da área lhes digo que é possível chegar ao nível que ela obteve de forma saudável. Para isso é preciso técnica e, com ela, uma consciência de que tudo o que você procura está dentro de você. Isso é muito difícil de se olhar, posto que temos cantos dentro de nós mesmos que são tão feios que não queremos mostrá-los à ninguém – nem à nós mesmos. Tendo isso, imaginem o caminho que essa menina tomou para entrar em contato com esse seu lado. Não só isso, o elenco inteiro de crianças, principalmente a garotinha Max, surda-muda também na vida real, testemunha os requintes de crueldade de Esther, tornando-se cúmplice de seus crimes.


No cinema temos muitas crianças que conheceram esse lado negro e nunca mais conseguiram sair dele. Tome Linda Blair, a garota de O Exorcista, como exemplo. Aliás, elas têm um perfil profissional bem parecido. Ambas começaram trabalhando em publicidades com pequenas aparições em filmes e seriados até conseguirem uma oportunidade real. O destino de Linda, como alguns de vocês sabem, foram as drogas, o álcool e (!) o anonimato. Os exemplos são tantos que eu poderia ficar citando nomes por horas, mas acho que o leitor já compreendeu o meu ponto.


Existem jeitos de se guiar a carreira de uma criança de forma saudável, se essa realmente for uma opção, como prestar atenção no tipo de trabalho que ela realizará ou até ter um acompanhamento psicológico, como é o caso da cantora Sandy. Isso porque estou partindo do princípio que todo pai e mãe zela pela trajetória de vida (artística ou não) de seu filho mas que, por falta de entendimento de como as coisas funcionam, acabam se posicionando de uma maneira que não é interessante. Isso é compreensível e humano, mas infelizmente a realidade não é sempre assim. Eu mesma já presenciei situações desagradabilíssimas. Em uma delas uma mãe espancou o filho porque ele não queria mais dizer as falas do personagem, o que implicou somente numa chamada de atenção por parte da produtora do filme; na outra, esta com várias crianças, as mães comparavam seus filhos com base em quem havia feito maior número de comerciais. A mãe cujo rebento estava ingressando na carreira artística sentiu-se mal por seu filho estar tão atrasado em relação aos outros.


Crescer não é fácil. Em frente às câmeras ou atrás delas. Tanto para adultos como para crianças, a exigência é sempre aumentar em estatura, em grandeza. O tempo urge. E, numa gana de fazer o máximo, acabamos passando por cima de premissas básicas. A frase que vende o filme A Órfã está corretíssima em sua colocação: “Há algo de errado com Esther”. Assim como há algo de errado com esses valores injetados pelo capitalismo. Porém o que se diz é que é assim que as coisas funcionam, e se você não se adaptar está fora do jogo. Não necessariamente. Acredito haver muito comodismo e todos temos nossa parcela de culpa, pois sair da área de conforto é sempre mais trabalhoso. Então abrimos excessões e excessões e excessões. E quando menos percebemos um vazio toma conta da boca do estômago. Nos sentimos órfãos. De cuidados, de respeito, de moral. Órfãos do bom senso.


Erika Zanão
Atriz e Roteirista
Pollock
(Pollock, 2000)
117 min. - Drama
Direção: Ed Harris


Com: Ed Harris, Marcia Gay Harden, Amy Madigan, Jennifer Connelly
Sinopse: Em agosto de 1949, a revista Life publicou em sua capa uma manchete dizendo: "Jackson Pollock: Será ele o maior artista vivo dos Estados Unidos?". Já conhecido no mundo da arte de Nova York, Pollock agora passava a ser conhecido nacionalmente como a primeira celebridade americana no mundo das artes plásticas e seu estilo corajoso e radical de pintura ditava os rumos da arte moderna. Mas os tormentos que atingiam Pollock em toda sua vida e que o ajudaram no início de carreira a criar sua arte original começaram a afligí-lo cada vez mais. Lutando contra si mesmo, Pollock entrou então numa espiral decadente que fez com que destruísse seu casamento, sua promissora carreira e sua própria vida.


Comovente, catatônico, triste e maravilhoso.


Baseado na história do pintor americano Jackson Pollock, nos trás os bastidores da fama. Todo mundo tem problemas, Jackson Pollock não é diferente. Alcoólatra, sofre com este grave problema principalmente ao contraponto que ele aparece. Beber pra comemorar a fama e dinheiro ou beber pra esquecer pouca fama e os problemas pessoais.


Assim vemos Ed Harris com esta maravilhosa atuação nos comovendo, nos levando do céu ao inferno, ao fundo do poço. Junto com o merecido Oscar da Márcia Gay Harden que está excepcional.


Neste drama além de acompanharmos triste história sobre o alcoolismo, também acompanhamos o lado da família que sofre junto, luta junto, passa por cima de tudo e de todos em função da pessoa que ama, mesmo a pessoa não estando nem ai.


Ed Harris está simplesmente brilhante, chegando a tal ponto de interpretação que não se consegue distinguir quando Pollock está sóbrio ou ébrio, enquanto sua esposa (Márcia Gay Harden) em 9 anos parece envelhecer 20, tamanho desgaste da convivência.


O único ponto baixo do filme são os 20 minutos finais, onde tudo acontece muito rápido, simplesmente sendo jogado os fatos na cara do telespectador, sem explicar motivos, como e quando. Poderia ter um final muito triste, de levar as lágrimas, mas esse excesso de informação e acontecimentos repentinos quebra o clima final.


É um filme que vale pena conferir.


TRAILER:






Bruno Gonçalves
Estudante de Direito e Arauto do Caos