sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Professora sem Classe
(Bad Teacher, 2011)
Comédia - 92 min.

Direção: Jake Kasdan
Roteiro: Gene Stupnitsky e Lee Eisenberg

Com: Cameron Diaz, Jason Segel, Justin Timberlake, Lucy Punch

Politicamente incorreto é pouco para descrever a nova comédia estrelada por Cameron Diaz e dirigida pelo filho do lendário Lawrence Kasdan (o diretor de Corpos Ardentes e roteirista de O Império Contra-Ataca e de Caçadores da Arca Perdida), Jake Kasdan. Professora sem Classe conta a história da fútil, vazia e imoral professora Elizabeth Halsey (Diaz) que usa seu trabalho como professora, apenas como um passatempo passageiro enquanto se prepara para se casar com um milionário. Quando o meninão descobre que sua amável noiva estava preparando o golpe do baú a dispensa e a moça precisa voltar a dar aula, tendo como objetivo encontrar um marido rico que a faça parar de trabalhar e a sustente ao mesmo tempo, em que pretende realizar uma operação de aumento nos seios, para - em sua cabeça oca - ter maiores chances de encontrar o cara de sua vida.

O filme funciona porque é uma comédia besteirol que não apela para o final moralizante ou para um "crescimento emocional" dos personagens. Seu roteiro satírico (assinado por Gene Stupnitsky e Lee Eisenberg) aposta no escracho puro e agudo, sem dar espaço ou permitir qualquer tipo de alívio emocional. Elizabeth é uma megera patológica, gananciosa e arrogante sim, e daí?


Estamos então no mundo da sátira onde tudo é exagerado, e estereotipado com a função de divertir pelo absurdo ou criticar um objeto. Bad Teacher não pretende criticar ninguém (aparentemente). Pretende, divertir pela grosseria, pelo abuso e pela falta clara de moral de sua protagonista, auxiliada por uma coleção de coadjuvantes apalermados. Todos os professores são retratados como criaturas de segunda classe, meio abobalhadas, infantilizadas e muito estúpidas. Sua "amiga" na escola é a gorducha e introvertida Lynn (Phyllis Smith). Essa lista de figuras exóticas conta ainda com um diretor obcecado por golfinhos, um professor saído da era hippie e outra que parece uma dublê de caminhoneira. Além, é claro, de apresentar a antagonista do filme: a exageradamente feliz e acelerada Amy (Lucy Punch) que parece a versão humana do esquilo Hammy de Os Sem Floresta.

A história tem uma virada quando o professor Scott (Justin Timberlake) entra para o corpo docente e a personagem de Diaz passa a tentar de todo jeito conquistar o rapaz, quando descobre que ele é rico. Ao mesmo tempo o desbocado e boa-praça Russell Gettis (Jason Segel) tenta a todo jeito conquistar a mulher.


E tome um festival de piadas grosseiras e que fazem da personagem Elizabeth uma versão menina de Billy Bob Thornton em Bad Santa (lembram desse?). A diferença é que no filme de Natal, Billy Bob tinha uma espécie de redenção, ou encontrava alguém para ajudar. Aqui não existe uma redenção, mais a percepção de que o que buscava além de ser absurdo e infantil, não iria lhe trazer felicidade. Quando o filme parece que vai caminhar para o arrependimento e a lição de moral, pisa no acelerador e oferece mais gags e piadas grosseiras.

Cameron é uma atriz com talento para a comédia. O filme em pouco menos de cinco minutos já nos apresenta a personagem ao incluir uma inspirada montagem em flashback que mostra ao espectador o que esperar da nossa professora. Diaz em momento algum baixa a crista, e mesmo quando leva algumas rasteiras na história, usa de classe (ou falta de) para conseguir dar a volta por cima. Timberlake - muito parecido com o personagem Will Schuster em Glee - é a quintessência do politicamente correto e vazio. Seus diálogos são uma ode a vergonha alheia e protagoniza (ao lado de Cameron) a cena mais constrangedora do ano.


Kasdan tem timing cômico e revela a piada apenas quando ela está para acontecer. Aposta em uma montagem clássica e não tem pudor em apresentar seqüências politicamente incorretas para os padrões americanos. A seleção de canções dos anos 80 e do hard rock/heavy metal faz rir aqueles que conhecem as canções, em especial a que envolve o lava - rápido (e que copia o clipe da referida canção) e a que é protagonizada pelo companheiro de quarto de Diaz (o sempre hilário Eric Stonestreet, o Cameron de Modern Family).

Professora sem Classe não vai mudar o mundo, nem é um grande filme. Mas por ser corajoso ao entregar aquilo que se propõe, sem apelar para o bom mocismo e redenções frustradas merece o respeito desse critico. O cinema está cheio de "comédias adultas" que pregam o politicamente incorreto mas morrem na praia com medo da censura ou por terem na verdade o nariz apontado para os "valores da família". E isso, é uma tremenda chatice.



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