Guerra é Guerra!
(This Means War, 2012)
Ação/Comédia - 97 min.
Direção: McG
Roteiro: Timothy Dowling e Simon Kinberg
Com: Reese Whiterspoon, Tom Hardy e Chris Pine
Vez por outra o cinema apresenta filmes simplesmente ruins. Aventuras que não divertem, filmes policiais em que não existe tensão, filmes de terror em que não se assusta e comédias em que não se ri. Porém, não existe gênero mais maltratado pelo cinema do que a tal comédia romântica. Guerra é Guerra, embora travestida de "comédia de ação", no fundo é o mesmo mingau viscoso e insosso que povoa 9 entre 10 produções desse gênero.
A começar do plot monstruosamente inverossímil, que conta a história de dois agentes da CIA, que pretensamente são ótimos em que fazem, mas que na verdade não passam de dois sujeitos exagerados que na primeira missão que o filme mostra, surgem como uma dupla de paspalhos, acabando com uma operação secreta. Como punição, são obrigados a ficar atrás de uma mesa e fazer trabalho burocrático.
É então que um deles Tuck (Tom Hardy) revela estar se sentindo sozinho e precisando de uma namorada. Incentivado por seu amigo FDR (Chris Pine) se inscreve em um site de namoros virtuais. Ao mesmo tempo, a workaholic Lauren (Reese Whiterspoon) também solteira, é inscrita no mesmo site por sua amiga desbocada e levemente idiota.
Obviamente os dois acabam se conhecendo e se gostando. Na saída do encontro, Lauren acaba se encontrando com FDR, e - sem motivo algum, já que acabara de sair de um encontro - acaba flertando com o rapaz, que a persegue em seu trabalho e acaba a convencendo de sair também.
Como um filme que prega a "liberdade da mulher", ela começa a sair com os dois, até que obviamente os dois descobrem que estão vendo a mesma mulher e, sendo agentes da CIA profundamente profissionais e que se diziam amigos, não perdem tempo em selar um acordo de cavalheiros e usar os recursos da agência para investigar a mulher.
Com um plot fraco como esse e a direção paupérrima de um sujeito como McG, o que esperar além de uma espiral sem fim de tiros mal filmados, perseguições de carro, falta de timing para as praticamente inexistentes piadas e a ausência de química entre os três personagens principais.
Ninguém está bem no filme. Tom Hardy - um ator com uma carreira aparentemente promissora - é um desperdício. Mostrando-se como um homem chegando aos trinta e que percebe que continuará sua vida solitária se não encontrar ninguém, Hardy é pai, separado e busca um recomeço. Claro que em uma produção calamitosa como Guerra é Guerra, onde todos os clichês envolvendo essa situação serão utilizados, você adivinha o "vencedor" da contenda entre os amigos com quinze minutos de filme.
Chris Pine, que é um ator que vem surpreendentemente melhorando a cada dia, aqui comete um pecado quase injustificado. Além de vazio e invejoso, seu FDR é a personificação do sujeito arrogante e que não convence em momento algum que realmente está apaixonado por Lauren.
Whiterspoon é outra que não precisava se sujeitar a um papel tão ruim. Basicamente uma mulher que não consegue decidir absolutamente nada em sua vida (curiosamente ela trabalha analisando e decidindo quais são os melhores produtos domésticos para o lar estadunidense), vive recebendo conselhos de uma amiga que é daquelas que vive pela cartilha do: "faça o que digo, mas não faça o que faço". Já que vive incentivando a amiga a curtir a vida, ficar com os dois sujeitos e tudo mais, enquanto é casada e tem filhos. Dá a impressão que ela é completamente infeliz com essa relação, embora no decorrer da trama a impressão de que a personagem só existe para "ser engraçada" é percebida. Seus discursos tornam-se mais amenos, e ela é capaz de pérolas do "autoajudismo" como: "procure alguém que lhe faça uma pessoa melhor", enquanto revela que ama seu marido, mesmo ele sendo cheio dos defeitos que ela aponta. Basicamente, a personagem diz - em outras palavras - melhor um passarinho na mão do que dois voando.
McG é um dos piores diretores do cinema americano. Incapaz de filmar com competência uma simples sequencia de perseguição sem apostar na câmera tremida, cheia de zoom e que "sangra" nos atores até o ponto em que não conseguimos compreender nada do que o filme quer mostrar. Mas afinal, quem corre atrás de quem? Tá, ele pegou o sujeito, mas como, que eu não vi? O espectador mais atento vai se solidarizar comigo, caso assista ao filme.
E nem citei que além de toda essa bobagem dos agentes atrás da garota (e que ninguém na CIA, percebe que estes sujeitos estão usando recursos da organização para espionar uma pessoa, pelo simples prazer de espionar) existe ainda um "vilão", um dos mais fajutos do cinema recente. Capaz de planejar um plano de vingança que envolve um sequestro onde não coloca a sequestrada dentro de seu carro em fuga, mas escolta o carro dirigido pela mesma.
Cheio de rombos de roteiro, piadas fajutas, interpretações dignas de peças de maternal e uma direção concebida e realizada por um cone de trânsito, Guerra é Guerra é um dos piores filmes que chegaram aos cinemas brasileiros nos anos de 2011 e 2012. Uma verdadeira tragédia.
Confesso que eu não espero que esse filme seja mesmo bom, mas eu quero muito vê-lo. Algo nele me diz que eu vou, pelo menos, dar uma risadinha, senão vou pelo menos simpatizar com Witherspoon, como sempre.
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