quinta-feira, 29 de julho de 2010

Hot Tub Time Machine
(Hot Tub Time Machine, 2010)
Comédia - 99 min.

Direção: Steve Pink
Roteiro: Josh Heald, Sean Anders e John Morris

Com: John Cusack, Clark Duke, Craig Robinson, Rob Corddry, Chevy Chase e Crispin Glover.

O filme do diretor Steve Pink mistura duas coisas que quase sempre funcionam e dão resultados divertidos na tela: viagem no tempo e cultura pop. Hot Tub Time Machine (traduzido aqui como A Ressaca - péssimo título) conta a história de três amigos de infância e o sobrinho de um deles que acabam voltando no tempo graças a uma engenhosa e bizarra jacuzzi.


Nick (Craig Robinson da série The Office) é um ex-cantor que, casado, vive uma vida medíocre trabalhando num pet shop. Lou (Rob Corddry que entre milhões de papéis de coadjuvante, fez a seqüência do "hemp-movie" Harold & Kumar) é uma versão do personagem Stifler, da série American Pie, com menos cabelo e menos noção. Adam (John Cusack, de Alta Fidelidade, 2012 entre outros), é o vendedor de seguros que é largado pela namorada. E Jacob (Clark Duke de Kick Ass) é o sobrinho de Adam, o nerd bobo que não sai de casa e vive uma vida via wi-fi.
Quando acidentalmente Lou quase se mata (numa seqüência nostálgica que me fez lembrar o quão velho estou ficando), os dois amigos decidem levá-lo ao mítico Kodiak Valley, um lugar nas montanhas, onde entre esquis, drogas, sexo e bebedeiras o trio passou momentos importantes de suas vidas. O filme segue até o momento bizarro da volta no tempo numa jacuzzi, trazendo o quarteto de volta ao - hoje - longínquo ano de 1986.

A partir dai a comédia - que não faz gargalhar - leva o quarteto e o público a um tour pelo melhor e o pior dessa fabulosa década: os anos oitenta. Pink foi brilhante ao trazer ao elenco dois atores símbolo desse período; Crispin Glover (da fabulosa série De Volta para o Futuro) é Phil, o carregador de um braço só do hotel onde se passa boa parte do filme. Já Chevy Chase (de zilhões de comédias seminais dos anos 80, incluindo Férias Frustradas, Fletch, Clube dos Pilantras entre muitos outros) é uma espécie de guardião da jacuzzi do tempo, funcionando como o personagem de Christophen Walken em Click - com muito mais graça, que se diga.


Não é um filme que vai fazer o espectador rir até cair da cadeira, mas para os quase trintões e trintões funciona como um catalisador de muitas memórias; é um feel good movie de primeira. Para os mais novos, existem algumas referências - em especial quando um dos personagens decide tirar vantagem do fato de saber o futuro - e piadas que satirizam aquele momento histórico.

Porém, a narrativa prega o básico em filmes de volta no tempo: não mexa em nada, pois qualquer mínima mudança pode arruinar seu futuro. Ai cabe o registro da homenagem a série De Volta para o Futuro, com o personagem Jacob - que tem pouco mais de vinte anos - sendo "apagado" tal qual a foto da família McFly na série de Zemeckis.

Os problemas do filme, e que fazem ele não deslanchar de vez, é que o excesso de cultura pop e referências atrapalham depois de um tempo a boa idéia do roteiro inicial. Em vez de tirar sarro da situação, Pink e o trio de roteiristas Josh Heald, Sean Anders e John Morris, misturaram a incrível série de referências com a óbvia questão do "e se...". O que faríamos se tivéssemos uma segunda chance, para voltarmos ao passado e mudarmos nossa vida. Faríamos?


John Cusack, que deveria ser o protagonista teórico, abre espaço para o engraçadíssimo Rob Corddry, dono das melhores piadas, cenas e momentos do filme. A cena dos créditos finais mistura em iguais proporções comédia, vergonha alheia em níveis altíssimos e nostalgia absoluta, e é um grande momento do ator. Cusack é o elo "real" do espectador com o filme, e que aborda melhor aquela questão rala do "e se...", já Robinson tem duas memoráveis seqüências envolvendo sua mulher, uma banheira e um telefonema. Enquanto Clark Duke compõe o estereótipo do nerd bobalhão, o que não acrescenta nada, nem mesmo no epílogo.

Hilárias sim, são todas as participações de Crispin Glover no passado, na tentativa desesperada de vermos seu braço ser decepado. Como os personagens sabem que o braço do cara foi cortado exatamente naquele dia em que voltam ao passado é um mistério e um dos vários furos do roteiro, que verdadeiramente - e com razão - não se importa com isso.


Hot Tub não quer ser uma comédia nos moldes de Se Beber Não Case (a verdadeira "Ressaca" que o título nacional destruiu) e apela para o sentimentalismo das comédias americanas, que apostam num happy end no final de uma hora e meia de diversão leve e descompromissada. Funciona para os nostálgicos.

(Obs: listei aqui alguns dos elementos oitentistas e de cultura pop que o filme apresenta - Family Guy, Iluminado, Poison - esse é quase homenageado -, I Wanna My MTV, Miami Vice - a série -, Celulares Gigantes, muita roupa colorida, ALF, Super Mario, Walkman, a cor de Michael Jackson, Hunter Thompson, Stargate, Exterminador do Futuro, Timecop, Efeito Borboleta, Amanhecer Violento, Miley Cirus, Twitter, Viagra - e sua combinação o Twittagra - , Zac Efron, Shia Lebouf, Enrique Iglesias, Motley Crue e Google).

Nenhum comentário:

Postar um comentário