terça-feira, 29 de março de 2011

Bellini e o Demônio
(Bellini e o Demônio, 2009)
Thriller/Suspense - 85 min.

Direção: Marcelo Galvão
Roteiro: Marcelo Galvão

Com: Fábio Assunção, Nill Marcondes, Mariana Clara e Rosanne Mullholland


Será difícil encontrar outro filme tão estranho quanto esse Bellini e o Demônio, pelo menos entre os lançamentos nacionais dos últimos anos. Sequência da aventura noir Bellini e a Esfinge, esse Bellini e o Demônio é elíptico, confuso e complexo.


O detetive Remo Bellini(Fábio Assunção) é um homem perturbado por alguma doença (ilustrado pela quantidade de remédios vista em sua casa) e que vive em condições precárias. Amontoado em um sofá, sujo, sem nenhuma vaidade e sem clientes. A história segue o personagem por idas e vindas no tempo - e em sua cabeça, aparentemente - enquanto ele investiga o desaparecimento de um livro ligado ao famoso ocultista Aleyster Crownley e mortes provocadas por alguém que quer encontrar o livro, ou destruí-lo.


O filme é confuso e mistura realidade com imaginação amparada por uma montagem estilosa, mas que não é ajudada pelo amadorismo com que o filme foi realizado. A impressão é de que a produção ficou a cargo de estudantes do primeiro ano de cinema de uma universidade qualquer. Erros primários de enquadramento, a câmera que insiste em se mexer quando o espectador percebe claramente que a idéia não era se mexer, direção de arte pobre - mesmo com poucos cenários utilizados - e fotografia risível.



Juro que tentei entender qual era a idéia por trás da estética do filme, mas não encontrei nenhuma justificativa. Se alguém souber, por favor, comente ai embaixo.


Mais o problema mais sério é que o filme não decide se é um delírio ou uma investigação policial soturna. Não se decide entre o "giallo" e o horror setentista. Quando opta por misturar não é bem sucedido. Os últimos minutos são uma tortura ao espectador que não consegue - literalmente - entender o que se passa. Os dois policiais aparecem e somem sem o menor sentido e nunca fica claro sua real função no filme.


Os filmes não devem entregar as soluções mastigadas aos espectadores, mas que façam o mínimo de sentido. Bellini e o Demônio não faz sentido, e apela para o final aberto para "resolver" suas situações.



Tudo é fruto de sua imaginação impressionável? Ou algo visto em tela realmente aconteceu? Se aconteceu, que trechos? E como?


Ao escolher a saída da abstração, o diretor Marcelo Galvão deixa seu público perdido mesmo auxiliado pela boa composição de Fábio Assunção transformando Bellini em um viciado perturbado por seus próprios fantasmas. Os demais coadjuvantes andam na corda bamba entre o realismo e a completa caricatura, o que enfraquece ainda mais o filme do detetive.

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