domingo, 27 de março de 2011

Catfish
(Catfish, 2010)
Documentário - 87 min.

Direção: Henry Joost e Ariel Schulman


Muita gente vai dizer que Catfish não pode ser real. Que em algum momento da trajetória do filme, alguma coisa foi armada para funcionar cinematograficamente bem. Que é impossível que todos os detalhes e situações terem acontecido tão perfeitamente.


Honestamente, não importa.


Mesmo que tudo em Catfish for uma mentira, não deixa de ser um dos grandes thrillers de 2010. Diferente de grande parte dos filmes de ficção que se vendem como tal, Catfish realmente consegue deixar o espectador tenso e ansioso por descobrir respostas.

Catfish parte do fotografo Yaniv Schulman que ao receber uma pintura baseada em uma de suas fotografias, fica impressionado e começa a se corresponder com a artista. No caso, uma garotinha de oito anos chamada Abby. Logo, Yaniv começa a conversar com sua família - sua mãe, seus irmãos e uma meia irmã chamada Megan, uma linda loira e com diversos dotes artísticos.



Logo, uma "paixão platônica" surge entre os dois e Yaniv parte em busca de conhecê-la.


Só vou dizer isso sobre a história do filme, mas que fique claro ao espectador que Catfish é um dos maiores suspenses/thrillers do século vinte um e tem um dos finais mais arrebatadores que já vi. Como li comparações por aí, é o filme hitchcockiano que o gordinho careca não fez e o mais importante filme já realizado sobre a nossa relação com a realidade virtual e as mídias sociais.


Como o leitor perspicaz deve ter percebido, não existe um - digamos - final feliz, mas uma constatação cruel e muito real sobre nossa vida real e virtual.



A direção é compartilhada entre Henry Joost e o irmão de Yaniv, Ariel. A montagem é brilhante e se aproveita dos elementos das redes sociais como elementos de cena. Quando Yaniv parte em sua busca por Megan, vemos o trajeto sendo mostrado no Google View, o mesmo quando ele quer descobrir como é a casa de sua futura pretendente. Cada vez que quer ver Megan, o filme mostra sua página no facebook, ou vídeos no Youtube.


Tudo é perfeitamente sincronizado com o tema do filme e nunca soa gratuito.


O mais incrível é que um filme que começa absolutamente banal e até bobo - quem tem interesse em acompanhar um homem babão correndo atrás de uma garota "virtual" - transforma-se num brilhante estudo sobre a condição humana frente à frustração e tecnologia.



É complicado escrever sobre Catfish sem "estragar" a grande graça da história que é essa descoberta de cada passo dos documentaristas. Toda a narrativa baseia-se nessas situações e é delicioso acompanhá-las. E tudo isso via documentário, com gente real passando por situações reais.


Nessa era onde TUDO vira viral, ou vídeo no Youtube, Catfish é importantíssimo, pois cria a partir do egocentrismo de sua origem (acompanhar a correspondência entre o fotografo e a garota pintora) uma história poderosa e perturbadora.


Catfish é daqueles filmes que devem ser assistidos em completa atenção, como todo grande suspense, e após as revelações surgirem na tela, revisto para apreciarmos novamente os detalhes das relações entre aquela gente.


Um verdadeiro triunfo e dos mais importantes relatos documentais no novo século. Moderno, e importante.

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