quinta-feira, 7 de abril de 2011

As Viagens de Gulliver
(Gulliver's Travels, 2010)
Comédia - 85 min.

Direção: Rob Letterman
Roteiro: Joe Stillman e Nicholas Stoller

Com: Jack Black, Emily Blunt, Jason Segel e Amanda Peet



Jack Black é um fenômeno inexplicável. Como é possível que um cara que se copia a cada filme, interpretando sempre o cara folgado que só tem vontade de tocar guitarra e se divertir, consiga ter espaço no competitivo e cada vez mais atolado mercado americano?


Como é que alguém pode imaginar que Jack Black pode convencer alguém de que é um ator? Como se dá crédito ainda para uma persona que se copia a cada novo filme, imitando tudo o que já fez e que tem como grandes qualidades a... pois é, não encontro.


Black não é ator. É um sujeito engraçado, é verdade, mas não sabe interpretar. Até mesmo quando precisa fazer um tipo de época (como em King Kong) ele continua fazendo a mesma coisa de sempre. Seu grande sucesso - Escola de Rock - funcionou exatamente por Black estar ali vivendo uma versão mais extremada de sua própria realidade.



Em Viagens de Gulliver, ele "interpreta" Gulliver, o responsável pelo setor do correio de uma empresa sem nenhuma aspiração na vida, que vive de um subemprego e parece satisfeito em sua mediocridade. Um dia inspirado por um novo contratado de seu setor que rapidamente acende socialmente, Gulliver resolver tentar se declarar a sua amada Darcy Silverman (Amanda Peet) editora de uma revista de turismo na mesma empresa que Gulliver trabalha.


Gulliver não consegue, e no lugar de se declarar diz que quer escrever para a revista. Darcy manda Gulliver para o misterioso triângulo da Bermudas e o resto é óbvio. Ele some no mar e aporta no mundo de Lilliput onde todos são minúsculos.


Até esse trecho, o filme não era tão ruim. Mas quando o roteiro apela para "cultura pop" para criar empatia no público é sinal de que: o filme menospreza as inúmeras possibilidades que a situação "gigante entre nós" poderia causar (utilizando apenas o básico e apelando para a escatologia) e encara seu público como crianças abobalhadas que precisam ser lembradas que aquele mundo está inserido na realidade do filme, além de - o pior deles - constatar que não consegue criar uma boa história sem precisar apelar para outros modelos já consagrados. Juro que toda vez que uma "paródia" dessas aparece, penso nos ZAZ e fico imaginando se eles se arrependem de Apertem os Cintos.



A cena do teatro da vida de Gulliver já é desde já uma das piadas mais sem graças do ano - talvez da década - e o "vilão" é tão estúpido que nem conseguimos achá-lo engraçado. Emily Blunt - que vive uma princesa - é a única que parece se divertir interpretando uma caricata e exageradamente inglesa princesa.


O que resta de Viagens de Gulliver é uma sucessão de piadas - tentativas na verdade - emolduradas por uma estética capenga, mas que convence na relação do tamanho de Black e dos pequenos e na técnica empregada na construção dos prédios e até um robô. Se tudo acompanhasse o apuro técnico teríamos um filme divertidíssimo. Mas para isso precisaríamos expulsar da tela Jack Black e suas caretas insuportáveis.

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