segunda-feira, 25 de abril de 2011

A Morte e Vida de Charlie
(Charlie St. Cloud, 2010)
Drama/Romance - 99 min.

Direção: Burr Steers
Roteiro: Craig Pearce e Lewis Collick

Com: Zac Efron, Charlie Tahan, Amanda Crew, Donald Logue, Kim Basinger e Ray Liotta



Pois é, não é que Zack Efron, o ídolo teen e cantor de High School Music é talentoso? Se o padrão de julgamento for esse A Morte e Vida de Charlie (título infeliz) dirigido pelo sobrinho de Gore Vidal, Burr Sterrs (o mesmo de 17 de Novo, com o mesmo Efron e do Cult, A Estranha Família de Igby), o rapaz parece ter um futuro interessante se souber escolher melhor seus papéis.


Não que esse drama semi-espírita seja um colosso, mas pelo menos não faz o rapaz e o restante da equipe passar vergonha. Se não é um primor é aceitável e funciona em alguns momentos.


Charlie St. Cloud (Efron) é uma jovem promessa do iatismo que após a morte do irmão menor em um acidente de carro , onde o mesmo dirigia, tira férias permanentes da própria vida. De menino prodígio se torna o estranho zelador/faz tudo do cemitério local.



O que ninguém sabe é que Charlie passou por uma experiência de quase morte e por isso adquiriu um estranho poder de se comunicar com os mortos, que para Charlie - e com ele - agem como seres vivos. Com esse dom, Charlie manteve o ritual de jogar bola com seu irmão morto todos os dias, pois tomado pela culpa, não consegue (parodiando Lost) "deixá-lo ir".


Efron apresenta um trabalho consistente como um jovem rapaz abandonado pela sorte e infeliz de ainda estar vivo. Talentoso, mas extremamente amargurado sobrevive a cada dia apenas como uma ante-sala para sua eventual morte.


Os problemas do filme são percebidos a partir do momento em que surge o óbvio interesse romântico de St. Cloud. Apesar do pudor (excessivo) na forma em que a relação dos dois é mostrada, o casal não convence junto. Efron parece estar atuando em um grau diferente de sua parceira de cena Amanda Crew.



Outro problema é a altíssima dose de sacarose que o filme apresenta. Basicamente, Sterrs quer fazer cada um de seus espectadores derramarem lágrimas pelos seus personagens, o que é difícil já que a rocambolesca história não consegue envolver o espectador, já que tenta sobreviver como romance (injustificado e inverossímil) esquecendo de resolver de verdade a relação de Charlie e de seu irmão morto (Sam), um garoto mimado e que contamos os minutos para que ele suma da vida de seu irmão.


Sterrs errou a mão ainda ao inserir uma forçada relação entre Efron e o personagem de Liotta (pagando as contas) e ao esquecer subitamente a mãe dos dois garotos (Kim Basinger, sumida e em ponta de luxo). Não parece real acreditar que a mãe dos garotos simplesmente "largaria" seu único filho e seguiria em frente, ainda mais quando notamos o desleixo com que Charlie vive sua vida.


Mesmo sabendo das suas óbvias intenções e limitações narrativas, era de se esperar algo menos óbvio do que "resgate heróico" para encerrar a produção. Numa era de Chico Xavier, Nosso Lar, As Mães de Chico Xavier e Além da Vida, Charlie St. Cloud é a versão light e menos "engajada" dessas histórias espirituais.



Tem um bom protagonista que se entrega em cada cena, mas tem coadjuvantes que não se acertam e uma narrativa frágil e com diversos furos (a descoberta da pista para o impulso do resgate heróico é de doer) o que compromete o resultado final da primeira incursão do astro teen no cinema adulto - ou quase.

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