Fúria de Titãs (Clash of Titans, 1981)
Direção: Desmond Davis
Com: Laurence Olivier, Claire Bloom, Maggie Smith, Ursula Andress, Harry Hamlin, Judi Bowker, Burgess Meredith
Em dias que James Cameron e seu épico CG Avatar é exaltado como a última bolacha do pacote é ótimo rever uma aventura old-school como Fúria de Titãs, com seus efeitos especiais sob a batuta do maior gênio dessa arte, Ray Harryhausen.
Fúria é aquele filme que você pode ver inúmeras vezes e que ainda te causará a mesmíssima sensação de encantamento causada na primeira vez.
O filme fala de Perseu, o filho mortal de Zeus, que após ser protegido por seu pai de uma morte certa ainda criança, cresce e se transforma em um homem forte e cheio de valores.
O problema é que esse “nepotismo celestial” incomoda a deusa Thetis, após o mesmo Zeus castigar com a deformidade seu único filho, Cálico.
Ela jura se vingar do rapaz e o envia sozinho para uma cidade/estado distante da sua casa, onde encontra Ammon, que viria a ser seu mentor e amigo. Enfurecido com o fato, o "Poderoso Chefão" do Olimpo envia a seu filhinho querido três artefatos de poder mítico: uma espada que corta mármore sem deixar um arranhão na lamina, um elmo que o deixa invisível e um escudo que segundo Zeus “um dia lhe salvaria a vida”.
Ao testar seu elmo e sair explorando a cidade próxima, descobre que Cálico (o filho de Tétis amaldiçoado) enfeitiçara a sua prometida , que ao vislumbrar sua feiúra o rejeitara. Essa prometida é a princesa Andromeda que é obrigada a testar os possíveis novos pretendentes com charadas complexas e que caso não sejam respondidas são punidas com a morte.
Esse é o plot básico do filme, que desenvolve-se brilhantemente apoiadas por interpretações seguras (Lawrence Olivier é Zeus, Maggie Smith é Thetis, Burgess Meredith é Ammon) e a genialidade criativa e visual de Harryhausen.
Ray cria talvez seus melhores “brinquedos” como a inesquecível Medusa, os Escorpiões gigantes, a versão de Cálico deformado, Pégasus e a cômica coruja de ouro.
A sequência clássica de Perseu dentro da toca da Medusa é um aula de como criar tensão com “um trocado”. Isso sem contar o confronto estrondoso com o monstro Kraken que merece ser estudado por todos os amantes de Michael Bay e afins. Simples, objetivo, com espaço para o espectador conseguir enxergar a ação, com muita criatividade e muito coração.
Estão lá também, todos os predicados para uma boa aventura típica de uma matinê, ou no caso de nós brasileiros do Cinema em Casa do SBT. Esse é um dos filmes que mais vi na vida, e apesar de ter visto tantas vezes ainda revejo com o mesmo carinho e reverencia (e claro com mais conhecimento crítico sobre seus defeitos).
É claro que a questão mitológica não foi respeitada, é claro que existem excessos nesse aspecto aos montes, mas não foi a idéia de Desmond Davis ser “fiel”, mas sim de brincar com esses personagens, de criar arte com os mitos.
Genial do primeiro ao último minuto, com ação na medida, boas interpretações, efeitos criativos e um ritmo de aventura que hoje se perdeu em meio a cortes videoclipticos, muito CG, protagonistas excessivamente “machos” e desrespeito a inteligência do espectador.
Espero que Leterrier e equipe, ao concluirem o remake tenham isso em mente, e não a de “criar” mais um espetáculo de imagem sem alma ou coração.
Genial é pouco. Sou fã da maioria dos filmes do Harryhausen (Jasão e os Argonautas e Sinbad e o Olho do Tigre entre os três melhores, completado com este ). Vocês se adiantaram: vou mesmo postar uma crítica deste aqui às vésperas da refilmagem.
ResponderExcluirNostalgia pura dos tempos de sessão da tarde.
Cara, esse filme é sensacional por duzentos motivos, e Harryhausen é gênio. Ele conseguia criar a sensação de aventura que quase ninguém conseguiu imitar.
ResponderExcluirBuena... daria para fazer um TOP das criaturas inesquecíveis que o cara fez... só lembrando dos outros, o Gigante de Bronze de Jasão ( e Poseidon segurando os rochedos enquanto o barco passa ) além do Cíclope e o Tigre Dentres de Sabre de Sinbad. O cara é foda...
ResponderExcluirrsrsrs Tai uma idéia muito boa pra uma publicação. O que mais me impressiona, e eu revi o Fúria pra poder escrever e não ficar falando só de "cabeça", é como que ele consegue ter fluidez no stop-motion. Tem uma sequencia com o Cerbero que ele corta a cabeça do cachorro que é brilhante. A ação, a luta e quando ela termina, até o sangue em stop sai direitinho, e como eu disse na resenha com o dinheiro do "trocado".
ResponderExcluirCara, ano passado tinha ouvido falar sobre o remake, mas depois esqueci o assunto. Sabe, eu vi Fúria de Titãs no Supercine e depois, inúmeras vezes na Sessão da Tarde. É mesmo um filmaço! E como você falou: Harryhausen é um gênio! Pena que a TV não exiba mais esse tipo de filme - graças a Deus, tenho TV a cabo e, vira e mexe, o TCM reprisa Jasão E Os Argonautas.
ResponderExcluirAbração!
Marcelo
www.umoscarpormes.blogspot.com