domingo, 21 de fevereiro de 2010

O Mensageiro
(The Messenger, 2009)
Drama - 112 min.

Direção: Oren Moverman
Roteiro: Alessandro Camon e Oren Moverman

Com: Ben Foster, Woody Harrelson, Jane Malone, Samantha Morton, Steve Buscemi

O Mensageiro é mais um dos filmes “de guerra” da temporada. Esse ano além do incensado Guerra ao Terror, Entre Irmãos e Homens que Encaravam Cabras de um jeito ou de outro versam sobre a guerra.
Antes de qualquer é preciso dizer que: Woody Harrelson não é o protagonista do filme. Não sei porque (na verdade até dá pra saber, mas não compreender) a academia, globo de ouro e afins, podem ter levado a sério a indicação de Harrelson nessa categoria. É quase um atestado de “não vimos o filme”.


Falando da historia, Mensageiro é sobre como o Sargento Will Montgomery (Ben Foster) passa a integrar a equipe responsável por dar as notícias ruins as famílias dos soldados mortos no Iraque, Afeganistão , ou qualquer que seja o lugar onde o governo americano se enfia.

Montgomery acabará de voltar da guerra, e após sofrer um acidente no olho, vai cumprir os últimos meses de alistamento nessa equipe.

Lá ele conhece o Capitão Tony Stone (Woody Harrelson), um veterano da unidade. A partir desse encontro, indesejado por parte de Montgomery, ele passa a compreender os desafios quase doentios dessa “profissão”. Stone é duro, regido por um código de conduta que beira a desumanidade. Não se toca, não expressa-se sentimentos, não se envolve. Apenas comunica-se a morte de um ente querido a alguém que certamente se desesperará e segue-se para a próxima “entrega”.


O filme então passa a acompanhar essa rotina. Os soldados são recebidos com negações, xingamentos, cusparadas, com surpreendente educação, impedem uma briga séria de pai e filha, quase causam a morte de outro, e durante esse percurso Montgomery se apega a uma das “vítimas” indiretas da guerra. 

Montgomery é um homem que deixou sua humanidade em algum lugar. Não voltou com ele da guerra. Sofre pelo amor de sua namoradinha de colégio (Kelly, vivida por Jane Malone), que após sua ida se envolveu com outro, e no início do filme vai casar com o “substituto”. Ao se envolver com uma dessas vítimas, o personagem de Foster tem seu recomeço. É tudo bem mostrado, sem excessos, sem cair na pieguice ou no melodrama.

Redescobrir sua humanidade e no caminho ainda tentar arrastar para fora do limbo seu parceiro. É essa a missão de Montgomery.

Dois homens perdidos diante da vida. Dois homens a procura de alguma corda que os puxe de volta.

O trabalho de Foster, no papel de Montgomery é bom. Bom, mas nada de especial. Ele continua com as mesmas caretas de outros filmes. Parece o personagem de 30 Dias de Noite sem o sangue. Harrelson por sua vez consegue algo melhor, mas não tão bom quanto as pessoas vem dizendo. É incomum vermos Harrelson num papel mais sério, e mesmo nesses, ele de um jeito ou de outro acaba caindo pro lado do palhaço, do cômico acidental. Em Mensageiro ele até se esforça, e por quase 90% do filme ele realmente é um sujeito sério, quieto, cheio de complexos. Nos outros 10% Harrelson, liga seu piloto automático e atua como lhe é peculiar. Recheado de caretas, olhares “ferozes” e aquela cara de “sou louco não mexe comigo”.


O mais interessante do filme, e o que realmente faz ele se destacar, são as situações que esses soldados vivenciam e os coadjuvantes de luxo que estão em cena, resultado de um roteiro muito inspirado. Melhor do que dirigir Overman escreve muito bem (créditos ao co-roteirista Alessandro Camon) , e isso fica claro nessas cenas.

Ali vemos o dia a dia brutal dessa função. Vemos os dois soldados passando por situações complexas e de difícil compreensão. Ao mesmo tempo que nos sensibilizamos com os “absurdos” que os soldados ouvem, ficamos pensando nos motivos daquela dureza toda, daquela falta de humanidade para a condução de tal situação tão difícil.
Steve Buscemi fazendo um pai desesperado, Samantha Morton como uma mulher que aprende a amar o marido depois que ele morre, são alguns dos bons coadjuvantes.


O trabalho técnico do filme não compromete. Apesar de não ter nada demais, a direção de Oren Moverman estreante na função é competente. Como em todo filme mais intimista que se preze os atores conduzem o ritmo do filme. Os únicos momentos em que nota-se um trabalho mais elaborado (e não é grande coisa) é nas visitas as famílias. Ali é câmera na mão para simular uma pretensa realidade.

Em sua meia hora final, Mensageiro parece dizer: para seguirmos em frente e nos redescobrirmos é preciso de fato, enfrentar os fantasmas e superá-los. Parece livro de auto-ajuda ? Sim, parece. Mas feito com extrema competência, atuações seguras (mas não brilhantes) e um texto simples, que apesar da estrutura formal, esconde algumas nuances interessantes.

Obs: Acho que Harrelson ganhou sua indicação pela conversa que tem com Foster, tomando uma e sabendo os motivos do acidente do Sargento. A cena é muito boa, Foster e Harrelson tem seus melhores momentos no filme.

TRAILER:
 

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